ANA JÚLIA MACHADO CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA POETISA ANALISA E INTERPRETA O AFORISMO 529 /**OH, SE TU, FILOSOFIA, FOSSES VÃ!#
No texto do escritor, Manoel Ferreira Neto “#AFORISMO 529/OH, SE TU,
FILOSOFIA, FOSSES VÃ!#...mais uma vez nada fácil de interpretação, tentei
analisar do modo que aprouvera-me…
A filosofia pode ser fútil ou não. Para uns é erudição, e não é por
acaso que aos filosóficos, usualmente quem não crê nela chama-os de louco…pois
são…possuem muito conhecimento e sofrem muitas angústias e deceções…quem não
crê, em que ela é vã está tudo bem para essas criaturas…vivem na agnosia…
O que concebemos ou cedemos de conceber, nosso procedimento diante das
conjunturas, é a manifestação de nossa filosofia de vida. Nossa filosofia é
nossa erudição: é nosso saber empilhado, uma vez muito pelo caminho da razão, e
muito parco pelo do instinto mais: nossa filosofia é a sinopse de nossa
prática, ou história particular; mais ainda: é a experiência de nossas
significações ou hipóteses sobre o autêntico e o equivocado.
Nossa rotina diária é a rotina de nossa filosofia. Se nossa filosofia é
benéfica, nossa prática transporta-nos à dita e à sanidade; se nossa filosofia
é nefasta, nossa rotina é assinalada pela mágoa, pela constrição, pela agonia,
pelo temor, pela desalenta e pela prostração. O conhecimento da particularidade
da árvore por seus pomos: se a árvore é benéfica, seus efeitos serão
favoráveis; quando não vale, costuma-se decepá-la e arremessá-la à chama.
Mas o que é, finalmente, o real e o falhado? De onde aflui nossas
interpretações de felicidade e de infortúnio? Sabemos que aquilo que é real
para nós, pode não o ser para os outros. O que admitimos ser o benefício e a realidade,
para os outros pode designar rigorosamente o inverso: a contestação de tudo
isso, ou sua síncrise. Nossa razão equivoca-se com antagónicos tal-qualmente
convenientes, encastelando-se em convicções perentórias, caturrice e
superstições. O interesse que adotamos passa a ser nossa crença, ou o conceito
que arquitetamos sobre o tema - e é ao contorno dele que alteamos nossas
muralhas. E da mesma forma como nós o fazemos, assim o fazem os outros.
O tocante é que todos persistem em conservar-se dentro de seus inerentes
poderes, mesmo sabendo que fora deles - fora de todos os poderes - a vida
persista a brotar, em sua irrepreensível espontaneidade e impulsividade. Nossos
esforços de harmonização, quase sempre, não passam de desempenhos de oratória
ou maledicência supérflua: a questão não é verbalizar que cada um possui um
bocadinho da justeza, mas que cada um, é um naco dessa realidade. Espertar
mentalmente é afastar o centro de nossa ponderação, daquilo que cogitamos ser,
para aquilo que de deveras somos: unos, em alma.
Para conviver com a multiplicidade que concebemos - e que não passa de
um bate-boca oco sobre o “sexo dos anjos” -, ou para que alcancemos nos tolerar
uns aos outros, concebemos o que é apelidado de prudência comum. Conhece-se que
o senso comum invulgarmente resume o conceito da pluralidade. Concebemos
sistemas, denominamos, ou seja, o conceito de família ao longo da história e a
obrigação alimentar.
Ana Júlia Machado
#AFORISMO 529/OH, SE TU, FILOSOFIA, FOSSES VÃ!#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Meu coração sonha, sonha o indizível, sonha os mistérios, sonha o
in-audito, sonha o sonho. Turvo clarão de raciocínios tristes por entre sombras
me conduz, e a mente, rastejando a verdade, a des-encanta; nem doloroso
espírito se ilude, se o que, dormindo, creu, crê, despertando. Até no
afortunado a vida é sonho (sonho, que lá no fim se verifica em versos imortais,
como o princípio Etéreo, criador, de que emanaram; sinônimos parecem corno e
verso, quando em linhas venais esparsas congruências rimam ipseidades).
Minh´alma vive esperanças, sente o amor que era longínquo, que era genesis, que
era princípio. Invisível ao lince dos olhos, pulsando no mais profundo de mim o
imperfeito plen-ificando todas as vacuidades.
A voz do silêncio a-nuncia-me palavras dos sentimentos, semânticas de
querências, linguísticas de in-fin-itivos verbos do sublime, metáforas
evangelizadas da genesis do infinito; re-vela-me versos do amor, carinho,
ternura, trans-cendendo as meras pers-pectivas do cotidiano, sin-estesiando os
volos do ser. A voz da esperança ouço-a nos interstícios do silêncio, nos
re-cônditos da solidão de con-templar os horizontes longínquos, dizendo-me
verbalizar os desejos, vontades. É compor de atitudes e ações presentes o som
musical do verbo-[de]-amar, o ritmo poético da sin-estesia-do-divino, a melodia
literária do ex-tase das plenítudes. Que versos hão-de ser, ou versos foram,
quando o que a Musa quer é só que o sejam do silêncio a filosofia da
voz, da voz a filosofia do silêncio, da filosofia o silêncio da voz.
As dores da distância, as janelas abertas, horizontes à frente
a-nunciando outras realidades, vivências, experiências - re-fazenda,
re-novação, in-ovação, re-nascimento, re-começo, o amor vivido nos interstícios
da alma, sentimentos, emoções, sensações, a-núncio de verdade espiritual,
realidade vivencial, vivenciária. Quem pelo seu saber tudo trans-cende, os céus
criando, guias elegeu-lhes; e toda parte a toda parte esplende, pela luz que
igualmente concedeu-lhes. Assim fez aos mundanos esplendores, geral ministra e
diretora deu-lhes, que em tempo os bens mudassem enganadores de raça a raça
contra esforços de humanos sabedores. Enquanto o sábio arreiga o pensamento nos
fenômenos da natureza, ou solta árduo problema, ou sobre a mesa volve o subtil
geométrico instrumento, galgo as intempéries de estar no mundo.
Signo de nada/metáfora de tudo. Da aurora ao crepúsculo a continuidade
do dia, as lutas pela vida, pela sobrevivência, pelas conquistas e realizações
de verbos tricotômicos, de versos, de alegrias e fantasias do pleno e absoluto.
Dos idílios e sorrelfas às ilusões efêmeras e vulgares, perpetua-se nos raios
de sol
a busca de verdades, a querência do sublime, do silêncio. Ah! cego eu
cria, ah! mísero eu sonhava em mim quase imortal a essência humana! Assim
passo, assim vivo, assim meus fados, assim minhas polkas, me desarreigam d'alma
a paz e o riso, sendo só meu sustento os meus cuidados.
Imagens se a-nunciam, ainda que mister seja senti-las bem íntimo para
que desenhadas em letras e sentidos, verbos e versos, o que perpassa a alma
seja revelado com acuidade e perfeição.
O uni-verso na verticalidade do verbo em sua utopia estética e ética da
consciência se me apresenta in-completo, tenho-lhe de encontrar nas rimas
sensíveis, nas entre-linhas do sentido, a metáfora que suprassuma a razão, o
símbolo que eleve a intuição, imaginação, a sensibilidade.
Vívida linear-idade geo-metriza a noite, cristal-iza a passagem de seu
tempo que germina, diamantiza a travessia do serrado ao deserto, gera outras
perspectivas da aurora, da continuidade do dia, diante das situações e
circunstâncias de todas as contingências, árduas labutas, cansaços e problemas,
medos e misérias, ao crepúsculo, grávidas de sorrelfas e in-verdades, de
idílios e fantasias, de quimeras, sonhos do verbo “PERPETUAR”, utopias de
realizações e prazeres, desejos do pleno e sublime, da Verdade e da Vida,
concebe outras imagens, por vezes nítidas do in-finito das querências nas
ad-jacências dos limites e trans-cendências dos con-tingentes liames entre o
lícito e o ilícito, a verdade e suas in-verdades de percepção e análise, das
utopias que habitam o espírito, por vezes en-veladas do uni-verso de equívocos,
clar-itude de silêncios, nas linhas ilimitadas de alhures, na vers-ificação
espontânea e livre de outros amanhãs, de outras veredas.
Ouço a voz da esperança, esperança antes abstrata, metafísica, liberdade
à luz do que há-de vir, uni-verso aberto à luz do porvir de felicidade,
alegria, prazer, contentamento, genética da alma, encontro, espiritualidade aos
raios numinosos do amor.
Antes de estar ouvindo a voz da esperança, sentia e pensava que era
destino perder os entes queridos para a vida, para as idéias e pensamentos,
"con-templei a filosofia", o coração sonha o resgate do ser, a alma
deseja o in-ventário do não-ser, o espírito alça voo ao in-finito longínquo.
(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE JANEIRO DE 2018)
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