#AFORISMO 529/OH, SE TU, FILOSOFIA, FOSSES VÃ!# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Meu
coração sonha, sonha o indizível, sonha os mistérios, sonha o in-audito, sonha
o sonho. Turvo clarão de raciocínios tristes por entre sombras me conduz, e a
mente, rastejando a verdade, a des-encanta; nem doloroso espírito se ilude, se
o que, dormindo, creu, crê, despertando. Até no afortunado a vida é sonho
(sonho, que lá no fim se verifica em versos imortais, como o princípio Etéreo,
criador, de que emanaram; sinônimos parecem corno e verso, quando em linhas
venais esparsas congruências rimam ipseidades). Minh´alma vive esperanças,
sente o amor que era longínquo, que era genesis, que era princípio. Invisível
ao lince dos olhos, pulsando no mais profundo de mim o imperfeito plen-ificando
todas as vacuidades.
A
voz do silêncio a-nuncia-me palavras dos sentimentos, semânticas de querências,
linguísticas de in-fin-itivos verbos do sublime, metáforas evangelizadas da
genesis do infinito; re-vela-me versos do amor, carinho, ternura,
trans-cendendo as meras pers-pectivas do cotidiano, sin-estesiando os volos do
ser. A voz da esperança ouço-a nos interstícios do silêncio, nos re-cônditos da
solidão de con-templar os horizontes longínquos, dizendo-me verbalizar os
desejos, vontades. É compor de atitudes e ações presentes o som musical do
verbo-[de]-amar, o ritmo poético da sin-estesia-do-divino, a melodia literária
do ex-tase das plenítudes. Que versos
hão-de ser, ou versos foram, quando o que a Musa quer é só que o sejam do
silêncio a filosofia da voz, da voz a filosofia do silêncio, da filosofia o
silêncio da voz.
As
dores da distância, as janelas abertas, horizontes à frente a-nunciando outras
realidades, vivências, experiências - re-fazenda, re-novação, in-ovação,
re-nascimento, re-começo, o amor vivido nos interstícios da alma, sentimentos,
emoções, sensações, a-núncio de verdade espiritual, realidade vivencial,
vivenciária. Quem pelo seu saber tudo trans-cende, os céus criando, guias
elegeu-lhes; e toda parte a toda parte esplende, pela luz que igualmente
concedeu-lhes. Assim fez aos mundanos esplendores, geral ministra e diretora
deu-lhes, que em tempo os bens mudassem enganadores de raça a raça contra
esforços de humanos sabedores. Enquanto o sábio arreiga o pensamento nos
fenômenos da natureza, ou solta árduo problema, ou sobre a mesa volve o subtil
geométrico instrumento, galgo as intempéries de estar no mundo.
Signo
de nada/metáfora de tudo. Da aurora ao crepúsculo a continuidade do dia, as
lutas pela vida, pela sobrevivência, pelas conquistas e realizações de verbos
tricotômicos, de versos, de alegrias e fantasias do pleno e absoluto. Dos
idílios e sorrelfas às ilusões efêmeras e vulgares, perpetua-se nos raios de
sol a busca de verdades, a querência do sublime, do silêncio. Ah! cego eu cria,
ah! mísero eu sonhava em mim quase
imortal a essência humana! Assim passo, assim vivo, assim meus fados, assim
minhas polkas, me desarreigam d'alma a paz e o riso, sendo só meu sustento os
meus cuidados.
Imagens
se a-nunciam, ainda que mister seja senti-las bem íntimo para que desenhadas em
letras e sentidos, verbos e versos, o que perpassa a alma seja revelado com
acuidade e perfeição.
O
uni-verso na verticalidade do verbo em sua utopia estética e ética da
consciência se me apresenta in-completo, tenho-lhe de encontrar nas rimas
sensíveis, nas entre-linhas do sentido, a metáfora que suprassuma a razão, o
símbolo que eleve a intuição, imaginação, a sensibilidade.
Vívida
linear-idade geo-metriza a noite, cristal-iza a passagem de seu tempo
que
germina, diamantiza a travessia do serrado ao deserto, gera outras perspectivas
da aurora, da continuidade do dia, diante das situações e circunstâncias de
todas as contingências, árduas labutas, cansaços e problemas, medos e misérias,
ao crepúsculo, grávidas de sorrelfas e in-verdades, de idílios e fantasias, de
quimeras, sonhos do verbo “PERPETUAR”, utopias de realizações e prazeres,
desejos do pleno e sublime, da Verdade e da Vida, concebe outras imagens, por
vezes nítidas do in-finito das querências nas ad-jacências dos limites e
trans-cendências dos con-tingentes liames entre o lícito e o ilícito, a verdade
e suas in-verdades de percepção e análise, das utopias que habitam o espírito,
por vezes en-veladas do uni-verso de equívocos, clar-itude de silêncios, nas
linhas ilimitadas de alhures, na vers-ificação espontânea e livre de outros
amanhãs, de outras veredas.
Ouço
a voz da esperança, esperança antes abstrata, metafísica, liberdade à luz do
que há-de vir, uni-verso aberto à luz do porvir de felicidade, alegria, prazer,
contentamento, genética da alma, encontro, espiritualidade aos raios numinosos
do amor.
Antes
de estar ouvindo a voz da esperança, sentia e pensava que era destino perder os
entes queridos para a vida, para as idéias e pensamentos, "con-templei a
filosofia", o coração sonha o resgate do ser, a alma deseja o in-ventário
do não-ser, o espírito alça voo ao in-finito longínquo.
(**RIO
DE JANEIRO**, 10 DE JANEIRO DE 2018)
Comentários
Postar um comentário