#AFORISMO 543/EXÓRDIO DO ALÉM-MUNDO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Dedicatória:
Com
muito carinho, amor, agradecimento, de coração à minha eterna Companheira das
Artes, Graça Fontis, dedico este Aforismo, agradecendo-lhe de coração por tudo
nos instantes da criação legou-me com todo o seu amor e entregas a um ideal, a
um projeto. E também à esposa, perfeita para mim, aquele beijo no coração.
Epígrafe:
"Serei
um pouco do nada in-visível, delicioso, saboreado com a liberdade de
re-fazê-lo, ad-versa, in-versas, re-versas, às re-vezes das sombras serem luzes
da existência" (Manoel Ferreira Neto)
Tudo
é triste sob o céu flamante - o pecado cristão, ora jungido ao mistério pagão,
mais o alanceia. Declinamos os olhos ao desígnio da natureza, dúbia e
reticente: ela tece, dobrando-lhe o langor e amargor, outra forma de amar o
verbo do sonho, de con-templar os sons da alma, compor-lhe a lírica rítmica.
O
mundo é quiçá: e é só.
O mundo é silêncio
Que faz eco e que volta
A
ser silêncio no universo
Noctívago
circundante.
O mundo não vale a pena,
Mas não há pena.
O homem é uma síntese
De
infinito e de finito,
De
temporal e de eterno,
De
liberdade e de necessidade,
é,
em suma, uma síntese.
O
homem é a síntese:
Indivíduo
e humanidade.
Eis
a erudição tão ambicionada declamada nos verbos da esperança de versos líricos,
de líricas versais do mito, das idéias, dos ideais, sonhos, esperança, a morte
é inevitável, construo o eterno, disposto a morrer por eles, declamada nos
poemas relativos a ocasos olvidados de quimeras harmoniosas, de sorrelfas
angustiantes; sagrada, de estâncias, criação de ambições dos deveres morais,
responsabilidades éticas, mas ensaio o "ser-com" da sapiência da vida
na vertente do conhecimento-da-existência, com que perecemos os indivíduos desprendidos
e concretizados, e com ela concebemos, arquitetamos, tornamos a in-ovar,
re-novar, re-nascer a re-presentação do bem-querer amadurecido nas achanas
pranchas do transitório, da insignificância-a-ser, ser-para-o-não-ser,
para-o-patavina-ser com a "erudição da existência", apetite,
devaneio, apetecer, expectativa, ficção, até então que com todas as lógicas do
ser-existência à luminosidade da lógica quantificadora existencial, a
re-presentação do perpétuo ser da realidade encaixilhada no período de completos
os aconteceres.
Em
realidade, em realidade, não deposito crédito em perecermos o indivíduo, sem
nentes percebermos da existência, sem nentes sabermos de sua exatidão, de sua
ciência, sem nentes conhecermos de seu espírito. Sucederemos pranchas achanas
das condicionalidades sentidas, ensaios, existências assoalham-nos as óticas de
quem somos à cata da orientação, inter-pretação da existência do ente, ser da
palavra da existência, ex-tase da poesia do ser-estar.
Para
re-nascer, bem o sei, numa tarde ensimesmada de inverno, trazendo nas sombras a
aderência das resinas fúnebres com quem me ungiram, e nas vestes a poeira do
carro fúnebre, tarde nublada de início de julho, em que desapareci, e quando
aflorei ao mundo era manhã de julho, o sol estava nascendo, ainda que ameno. Quê
eternidade não tenha passado até re-nascer, re-nascer das cinzas! Dissera-me con-templando as nuvens azuis:
"Serei um pouco do nada in-visível, delicioso, saboreado com a liberdade
de re-fazê-lo, ad-versa, in-versas, re-versas, às re-vezes das sombras serem
luzes da existência" (Manoel Ferreira Neto)
Eterno
é tudo aqui que vive um átimo de segundo, mas com tamanha pujança que se
petrifica e nada o resgata. Não desejava ser senão eterno. Os séculos
apodrecessem e não restasse mais do que uma essência ou nada disso.
Consideramos
os sofrimentos, penares das perplexidades, dubiedades, ambiguidades, não
refutações dos dilemas, lesões, discórdias do mais longe do eternal,
im-perecível do mais longe, o que é a realidade, o que é o bem-querer, o que é
o absurdo, o que é a facticidade. Mas, nas indagações, expectativas, quimeras,
percebemos da existência dos lugares a existência do supremo, com elas
produzimos elocuções de céu-aberto, saberes de júbilo... Isto é - erudição da
existência, carpo da independência, e emancipação existindo dom do apetite do
indivíduo.
Esperanças.
Sonhos. Fé. Utopias...
A
leveza do ser é a única que o vento não consegue levar.
A
humanidade do ser é a única que o tempo não deixa de regenciar.
Em
realidade, em realidade, admito perecermos os indivíduos sem "erudição da
existência", isto é, mergulharmos profundo na essência do verbo-espírito
do ente, metamorfosear o devaneio do rendez-vous com a realidade, exatidão
existindo o sendo-forma nominal e invariável dos verbos do vir-a-ser, o
distinto distinto do distinto, exórdio do além-mundo. Convoco as lembranças do
passado, suspiro pelo que ontem fui buscar, anteontem desejei realizar, outrora
sonhei construir, chorando o tempo já desperdiçado. Viver é arriscar-se a
morrer... Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção. Tentar é arriscar-se a
falhar. Mas... é preciso correr riscos. Paulicéias desvairadas, Mineirices do
lerdo e do devagar carioca.
Eterno,
mas até quando? é esse marulho em nós de um mar abissalmente profundo.
Desapareci, mas ficou esse chão varrido em cujas pedras passou uma sombra. Na
cruz dos quatro caminhos, o poeta elevou o diapasão para celebrar a vida que
aflorou ao mundo, e os apanhadores repousaram degustando graviola.
Os
indivíduos somos literalmente, sem tirar nem pôr, tal e qual perenes, a
percepção da eloquência-existência e expiramos com a existência da palavra a
personificar o hino do irreprovável ser da Existência.
(**RIO
DE JANEIRO**, 19 DE JANEIRO DE 2018)
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