#AFORISMO 556/FOLHAGENS MIRRAS QUE BAILAM AO AMBIENTE E À ARAGEM# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Epígrafes:
"E nesta vereda, nonada, às avessas, re-versas e in-versas,
travessia, ser-tao de poeiras, estradas, cravo o encalço da minha biografia,
cravo a continuidade da existência, até o inevitável da morte. " (Manoel
Ferreira Neto)
"Solidão é o modo que o destino encontra para levar o homem a si
mesmo." (Herman Hesse)
"Ninguém pode ver nem compreender nos outros o que ele próprio não
tiver vivido." (Herman Hesse)
Iras de deleite resvalam tênues nos esconsos de minh’alma, nos
interstícios da inconsciência. Iras de querença límpida atravessa-me o âmago;
fincado ao peitoril da ventã, olho o longínquo horizonte, perscruto-lhe, até
parece que ouço "SMOKE ON THE WATER", do Deep Purple; amando o amor,
sigo a jornada, jornada de encontros, des-encontros, jornada de vaidades e
buscas, jornada de in-compreensões, "And fire into the sky". Às
in-compreensões responde-se-lhes com o eu na ponta da língua, assim seiva-as
inda mais com a saliva de in-diferença até explodirem-se de impossibilidade de
superá-las por não serem dotados de auto-superarem-se a si mesmas. Iras de
poemas de minha lira, "adrejos do não-ser", vagueiam soltas, escoltam
o silvático da arboriza. Iras de pasmos do bem-querer experienciado na alma,
entressonho as soalhas, fantasio os agras, sonho os planaltos, entressono as
planícies e abismos, cavernas e grutas, abanco-me no rebo "âmago do
espectro", "re-condito do espelho às reversas da imagem", às
re-vezes da razão e intelecto, profiro vocábulos à ventosidade, recito palavras
à revelia dos desejos e querências, treinando a felícia do bem-querer, do
afeto, da meiguice, dedicada entrega, ser este verbo-de amor, "isto é o
todo amor que tenho para oferecer, à re-versa de mim sou eu inteiro, à in-versa
de estrelas, somos nós, a verdade custando o que custar..."
Se hoje vislumbro as nuvens brancas, sentindo os gerúndios de pretéritos
que foram luzes a incidirem nos horizontes das esperanças do belo e eterno, do
absoluto, amanhã, recostado na amurada da ponte de um córrego, olho as águas
turvas passando, pensando no particípio infinitivo de desejos do perene, da
perpetuidade o in-finito gerúndio e genitivo sentindo, não me esquecendo das
declinações da existência, e no íntimo perpassa-me leve e suave o vento de
genesis de todas as esperanças e sonhos ou, então, sentado no degrau da escada,
olho os miquinhos saudando a manhã nos fios de alta tensão, correndo de atrás
de algumas árvores até as visíveis, pulando e correndo, até o interior de
algumas galhas de árvores em margens opostas se sintetizarem, somem no invisivel
de meus olhares, cogitando no presente que indica há homens que nascem
in-compreendidos, sentindo forte e presente as in-compreensões não dizem
qualquer respeito, faço do mundo o que melhor me aprouver. A sabedoria é ter
sonhos bastante grandes para não se perderem de vista enquanto estivermos ao
seu encalço.
Se ontem a vida pôs-me em mãos a auto-hipocrisia para não sucumbir
frente às intempéries, para sobreviver, ocasionando-me dores insofismáveis,
sofrimentos incólumes, lembranças e recordações indeléveis, contrariava os
princípios em que acreditei, hoje as verdades subiram degraus inestimáveis,
cuspo-as, borrifo-as, vomito-as livres e potentes.
Iras de ruídos surdinando os apetites e animas, os sabores e animus,
terçando, vociferando à existência as propensões do sublime, da pulcritude.
Iras de sonâncias "apiedadas" da melodia da extensão e dos ênfases
das quimeras, ritmo de distância e dos ex-tases do sonho, cadenciando de
perturbações e sensibilidades as veredas do sucederem ondas, sombras, breus,
abismos, vazios, náuseas, número indeterminado da luzência alumiando o
intelecto de conceitos, imaginários, o devaneio idealiza o lunático nos sopores
de tempos a surgirem nas ansas de diferentes expectativas da realidade. Iras de
pazes a adejarem acima das serranias de cerrações, ciciando sátiras de
distantes consoladoras, sibilando aforismos de longinquos confortadores,
surdinando palratórios de extensos trilhos, comunhões da realidade e do
bem-querer. Iras de momentâneas eventualidades do nentes, do oco a cruzarem
pela extensão extranatural, sentido ao infindo.
Imensidão de
quimeras...
Imensidão de aspirações
Imensidão
de divagações
Imensidão de
eloquências da realidade...
Imensidão de infindos apetites...
Imensidão de sentimentos das verdades
Imensidão
de perscrutações do "eu"
Imensidão de olhares em todas
as dimensões, O que melhor me aprouver, Imagens,
sentimentos e verdades, sempre em questão
O
amor, a verdade... O
silêncio, o som, a solidão, a imagem,
Dobrar a manga da camisa, mãos à obra!...
Assim dizem os mineiros, as mineirices, as mineiralidades, "Dobrar
a manga da camisa, mãos à obra!..." Resoluto e decidido. No que a mim
tange-me, cotangencia, sena, co-sena, tangenciam à estrada e às poeiras o desejo,
a vontade, a esperança, o sonho, a utopia do "fazer o próprio
destino"...
Nesta gleba estéril, íngreme, vale mirrado, vias sinuosas, folhagens
mirras que bailam ao ambiente e à aragem. Mastros fenecidos, marcho viandante,
vagabundo, peregrino, andarilho, trilho sendeiro, ainda que equivocado, ainda
sou guerreiro, ainda estou em questão, as palavras são a luta, labuta mais vãs.
Afoito de arrebatamento, convicção, quimera, expectativa, querença, engenho,
conquista. E nesta vereda, nonada, travessia, ser-tao de poeiras, estradas,
cravo o encalço da minha biografia, cravo a continuidade da existência, até o
inevitável da morte. Alfim, quiçá a resposta teria de proferir às re-versas,
in-versas, re-vezes, o inteiro é a síntese de todas as dimensões, não apenas
pedaços em nível daquele sentimento de auto-compaixão aceites e con-sentidos do
id e ego.
O HOMEM POR INTEIRO AOS SEUS PRÓPRIOS OLHOS, AOS LINCES DO TEMPO E DAS
DIALÉCTICAS, OS EQUÍVOCOS...
Se hoje proseio livre causos folclóricos, re-velando com simplicidade o
hilário da sociedade, dos indivíduos, dos homens arrebanhados, mostrando as
hipocrisias, amanhã emudeço a prosa, declino a poesia, tiro-lhes qualquer
inspiração do "si-mesmas", recosto-me no parapeito do portão no
alvorecer, deixando os olhos distantes, no íntimo sentimentos de ilusões do
eterno, tudo é passageiro, e com que arrepio na medula, estremeço-me, temor e
tremor, sinto isto forte e presente, outras perquirições, questionamentos, a
imagem da natureza, o infinito resplandecendo. O amor {re}-ser-va-me haver
testemunha da veracidade das palavras, das divagações, dos devaneios...
Um uni-verso, um horizonte, culturas, idéias, pensamentos, utopias
ad-versos na querência do Verso-Uno, a síntese de dimensões inda que
contrárias, sincrônicas, sintônicas, harmônicas, em uníssono, em silêncio
compondo a música do espírito, espirito de comunhão de todas as esperanças,
sonhos da Arte e da Vida... Se eu tivesse de escolher entre a dor e o nada,
escolheria o nada. E se tivesse de escolher entre a Arte e a Vida, escolheria o
espírito de ambas.
Na tranquilidade e no isolamento, no aconchego da
"casa-do-ser" e no "seio-do-íntimo-do-ser-nós", nas
estradas de poeiras e nas sendas, no re-colhimento e na exposição todas as
prósperas sensibilidades surgem à superfície, refazem sentimentos, sonhos,
utopias, tecem esperanças e fé com a linha de crochet dos mistérios e
contingências dos sentimentos da vida. E as cogitações encaminham até ao amor,
verbo do espírito, a fonte plena do sentido dos versos e prosas da felicidade,
fonte que flora à orla da imensidão das águas, caminho para tecer a própria
imagem, luzes, contraluzes, ângulos, perspectivas, aos olhos dos homens e da
humanidade, os caminhos, sendas, veredas percursamos o nós de nós, o encontro
eterno com as águas cristalinas do verbo de EXISTIR, às luzes do sentimento o
que isto ser e estar-no-mundo...
(**RIO DE JANEIRO**, 26 DE JANEIRO DE 2018)
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