ANA JÚLIA MACHADO CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA E POETISA ENSAIA FENOMENOLOGICAMENTE O AFORISMO 546 /**PELOS CAMPOS SEM ALHURES#
No grande escrito e aforismo de Manoel Ferreira Neto, acerca de #PELOS CAMPOS
SEM ALHURES”…o mesmo patenteia desespero e a profanação da comiseração e as
arteirices…
Aos meus olhos, neste texto analiso o delírio do entendimento da
realidade. Enxergo que a luminosidade do resplendor sensivelmente ofusca os
olhos, se o vendaval possuir muitos paladares desiguais, quando seu calcante
sempre pelejar com o campo e porfiar em lhe causar padecer os joelhos, quando o
ardor for muito superior do que pela compreensão dos vulgares, quando o gélido
lhe causar gemer os dentes, quando o chiar de colheradas no insensível lhe
fomentar mal estar, quando o mesmo gemer não parir mais concisas danificações
sensitivas do que naquela tentativa, quando tudo isso que todos experimentam,
nos causar pensar e meditar, a intelecção pelo pretenso imódico, pelo
desinteressante, por prodígios que estão em outra extensão observável, tal como
carreira hindu de formigas, residiremos em harmonia com o todo que nos incumbe,
compreenderá ao Criador Imperceptível e seremos mais doutos, mesmo que por
medíocres instantes…
A existência se desenvolve desigual aos olhos de todos, mas é parco
provocador aos olhos dos doidos.
Se mutismo e a agitação amputam a cútis em um amanhecer de paraíso
envergonhado e sombras intumescidas, a calcorreada pelo panorama campesino enroupa
o universo de gládios e acúleos que nos espera.
Em instantes de conciso desalento, a luminosidade débil da confiança
resplendece mais enérgica.
Nas aventuras do intelecto criativo, não existe do que se expõe
translúcido e diretamente de vestígios, somente um asterismo de gatafunhos
crestados pelos mesmos calcantes que hoje pouco tinham transitado ali.
Existe caos da disposição, o pretérito é tão autêntico quão a
actualidade. O porvir é o mais real de todos eles.
Para aqueles que habitam do pretérito, a pulcritude de instantes que já
alcançaram serem vivenciados amplia, a hediondez é extinta ou alcança um clima
de tirocínio.
Para aqueles que habitam no pretérito, a atualidade é um porvir
interminável e impertinente.
Para aqueles que habitam pelo pretérito, a originalidade é uma enorme
intimação.
Rir o dispêndio é dispendioso para aqueles que habitam a existência.
A ufania do escalador de serranias de realidades, é agredido por calhaus
daqueles que blasfemam jamais considerar os seus análogos. É por isso que o
agridem. Porque o arrojado não é afim à gentalha.
A escória se amontoa em massas e bisam sílaba ou frase divina à qual se
confere um domínio místico em unânime.
Certas realidades são tão visíveis que somente a leviandade é idónea de
aclarar.
O pior de todas as sensações é a compaixão. É a excelência
irresponsável.
Audácia de verbalizar o elementar e aludir para o evidente, não é
audácia, é desapontamento.
E termino com o final do texto do escritor… O saracoteado é grotesco;
achincalha-se, gargalha-se, bisbilhota-se, máscaras são famílias vegetais
enérgicas, os olhos desfaleçam as figurações que se anunciam enegrecidas de
incógnitas do inconcebível, inexplicável, inenarrável, inaudível, e me
desamparo executando o plano de execução de ridículas aos olhos da presença
alheada do desinteresse da ocorrência…aqui está o modo como se entende a
realidade ou alucinamos….
Ana Júlia Machado
#AFORISMO 546/PELOS CAMPOS SEM ALHURES...#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
EPÍGRAFE:
"Lágrimas que tão-só tecem e destilam desejo e ânsia e volúpia de
que alvorecerá."
Como um demente recito Ovídio ao in-verso de declamar poesia que verseja
a inerência dos padecimentos, conteúdos de perdão, de carícia, jorrando sob o
tapete, concebendo a poeira de leve a cobri-lo, adiposo, qual mito desmontado,
versifica a irreverência da comiseração, falácias de compreensão, entendimento,
seduzindo as verborréias do tempo e do vento.
Amanhã recomeço.
Sentidos... Toadas de primevos tempos, tempos sui generis de esperanças
outras do ser e do verbo, tempos recentes de verdades milenares en-veladas nas
contingências compassam abalos, temores, reminiscências, o ânimo vagabundeia
pelas tortuosas voltas da existência, per-vagando de devaneios quereres,
querências, desejâncias, centelhas de sol, chamas de lareiras, recaindo nas
águas, a resvalarem vagarosas no rio sem ribas, pelos campos sem ALHURES...,
per-correndo veredas, perpassando horizontes de simulacros, a-nunciações na
fenda da alma, blandícia de amor ampla de aspirações, eloquências de
derretimento contaminadas de arrebatamentos, concupiscência de deleites e
pancadas de deleitação, re-festelamento, fulgurando bem-estar à luminosidade de
ápices a aprumarem nuances de transitórios delírios a favor de quimeras jovens,
fantasias juvenis, concepções às cavalitas de esvaziados inomináveis, de
nadificados inconcebíveis.
É preciso mesmo tempo, vontade e certa conexão com a teia da aranha,
confeccionada para apreender os insectos, para poder apreciar a beleza singular
das circunstâncias e situações que povoam as sombras do pretérito,
con-templadas nas letras.
Sem rota ou pensamento, numa incerta hora gélida, presumo estar livre de
tudo, de atingir qualquer porto propício em acordar memórias, lembranças... e
as folhas da palmeira crescem, coqueiro-de-espinho desolado se alteia, cactus
do deserto à luz do sol incandescente produz a água que saciará um pouco a sede
dos peregrinos. Razão sem razão de me agoniar sobre restos de restos, o resto é
devaneio,desvairar é resto de devaneios, inclinar aflito sobre vestígios de
vestígios, de onde nenhuma sublimação, nenhum alento vem refrescar as chamas
voluptuosas do repensamento. Quando só há lembranças, recordações, ainda menos,
menos ainda, tiquinho, nada, nada de nada em tudo, não vale a pena acordar quem
acaso se refestela na colina sem árvores, no pico sem castanheiras, nas serras
sem orquídeas. Se acaso é res-ponder a enigmas inauditos, somar-lhes um enigma
inaudito mais alto, a mistérios interditos, comungar-lhes algumas lendas e
causos, tomar um copo dos grandes de suco de graviola numa tarde de temperatura
a quarenta e cinco graus, quê inferno. Putz.
Nem a hora que passou logra tornar atrás.
nem a onda que passou voltará de novo a ser chamada,
Com passo rápido se escapa a idade, e não é tão boa a que vem depois,
quão boa foi a que veio antes.
Com um olhar introspectivo, circunspecto, havendo num dos olhos um pequeno
desvio, só mesmo visto com atenção, se observar bem, a todas as coisas,
objetos, e com certa reticência o homem, acrescentar-llhe um inaudito e
interdito em uníssono em alguns mentiras e lorotas, saltita, sapateia, dança a
dança do nonsense e do orgulho congênito. Imagino que luz ele trará à solidão
do quarto na madrugada secreta de sentimentos acumulados, pensa logo que
des-cobriu enxada para plantar os grãos de pimenta que arderá por toda a
eternidade.
De facto, disponho penas em filas, [começando pelas mais curtas, a curta
seguindo a longa], a ponto de se julgar crescerem num declive: assim cresce
gradualmente a flauta campestre com as suas canas desiguais. Não peso nas
penas, e, demasiado alto, não as queimo o fogo. Voo entre as penas e o fogo.
Contemplar cintilante, indagando as sortes remotas por cujas
cintilâncias a vida posterga poemas de eloquências do ânimo necessitado,
transcorrendo a lua de valdevinos fulgores, em cuja matriz da criação da arte o
conhecimento do estético se delineia; sou a avidez de lágrimas
lúdicas-diáfanas, cujas gotas pequenas, uma a uma, são exteriorizações de
distintas avidezes, de diferentes anseios da faculdade do âmago – adorar,
natura – outorgar-me, espírito-vida-distinto-do-distinto. cujos corpúsculos,
espagíria a espagíria, são horizontes de primitivos delírios à luminosidade de
trans-actos.
Sou esta conjuntura de nume, através de cujos simulacros, ópticas e
perspectivas, aprecio, abrilhanto, entrevejo, ilumino e irradio o amor –
resplendor - de – habitar a perfeição, arrefecida de míngua a experimentar as
achas do susceptível a escaldarem-se na lapeira da genuína casualidade...
O sublime, a eternidade, o amor caem, são plumas. Nenhum fragor denuncia
o momento entre o eterno e o efêmero, entre o fugaz e a eternidade, entre tudo
e nada. Mistérios à feição de flores abertos no vácuo. Volto aos mitos
pretéritos, quando só há inspirações, vale a pena re-colher as etéreas imagens,
vale a pena re-sentir o re-sentido que re-sente, vale a pena re-fazer de
perspectivas e luzes - onde a pena?, pena não há! Se de tudo fica um vestígio,
por que não ficaria um vestígio do sensível? no silêncio de entre a intenção e
a realização.
O olhar ora em rebeldia, ora dormitando... livre, foge rumo ao Nada,
indomável ou carente à cata do possível ou impossível, dominável dentro da
própria fértil imaginação, rompendo seu imensurável domínio, circulando
labirinticamente, vagueia.
Limite do sentimento da terra. Nos intervalos secretos da alma
conjunturas, instantes, vocábulos não fluem expressões, desapoquentação,
carmes, estâncias não asseveram o carme construtivo, incomunicação, renques,
alamedas, terreiros, locais interiores, veredas ermais, veredas de remotos
apetites, no corpóreo a comparência da brasa, sem desígnio, sem orientação, sem
desconsolo, sem moléstia, sem constrição, sem taciturnidade. Nentes. Incomunicação.
Ermal. Molham-me de lágrimas as envelhecidas faces, tremem-me as mãos.
Quietude.
Expectação do congraçamento.
Anelo do bem-querer integral.
Ser da época, época do ser.
vis-à-vis,
Tecem e destilam desejo e ânsia
E volúpia de que alvorecerá.
Ser da geração,
Toda geração tem
Futuro de não-ser, completo de hostis reflexos, memórias, anamneses, de
em alguma parte apetites do verso-dom do zunido de ímpetos trespassando o ser
do período, sibilo de ex-tases perpassando períodos do ser, de em outros
lugares expectativas da vers-ificação-sentimento belo, observar o igual flúmen
de lágrimas puras, vítreas sete vezes. A festividade é funesta; forma-se,
baila-se, a fisionomia me liquefaz as idéias que amputam com instrumento de
folha metálica amolado meu ido e vindoiro e me solto cingido, emaranhado no
lince de meiguices, des-memoriado no distanciamento que me inibe,
introspectiva-me, circunspectiva-me, e sou intros-pectivado, circunspectivado,
minh´alma é frouxa, tranquila, lenda alguma des-vela-rá, re-vela-rá limpida e
trans-parente, e se afaz a todos os trejeitos do físico.
A festividade é funesta. E mais que funesto divulga-se o tempo. Mundo
desabitado, repleto de gradações do imperecível, luxúrias, arrebatamentos. Não
constituo poemas que cadenciam expectativas e eventualidades dos sofrimentos da
alma lobrigando mais longe das serranias os transitórios do desvelo, a
transitoriedade dos devaneios que procedem a escuridão sustada no patamar dos
evos, o esvaecimento das quimeras que antecedem o nascer do sol nalgum limite
da madrugada. O bailado é anedótico; escarnece-se, cascalha-se, coscuvilha-se,
as antefaces são Poáceas vivazes, os olhos desmaiem as representações que se
declaram escurecidas de xises do inacreditável, inconcebível, indescrítivel, inaudível,
e me largo desempenhando o plano de ação de risíveis aos olhos da assistência
alienada de meias-tintas da circunstância.
(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE NOVEMBRO DE 2018)
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