SÓ A MIM MESMO POSSO GERAR# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA DA AUTOCRÍTICA
Não sou as coisas. Habitam em mim palavras
desejando sentidos, significados, semânticas, linguísticas, desejando a fala, a
voz é de taquara rachada, então, havendo qualquer intenção de enfatizar as
verborréias e falácias será o ridículo elevado à potência xy - fora referir-me
a isto nas terras desvairadas da paulicéia, gargalharam à vontade, afinal o que
é isto de voz de taquara rachada, respondi-lhe que ouvisse a minha além de
quinze minutos, com esta voz não há quem possa ouvir além daqueles quinze minutos
de diplomacia, mas é evidente no que diz, irritada, impaciente, irreverente,
implicável, de rouca torna-se finérrima no frigir dos ovos, mas foram
comprimidas há alguns anos, perderam-se, querem ruminar, seja-lhes permitido ao
menos isto.
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À guisa de tapinhas no rosto, atitude de
inestimável amizade, a zombaria que vivem estes doutos em restaurantes,
bistrôs, que visam estes homens, são a estupidez e imbeciloidia que projectam
ao além, ajoelham-se diante da Bandeira Nacional, diante da Cruz do Redentor,
ruminam a todos os hemisférios os caminhos para a realização dos desejos,
vontades, etiquetas de "salauds", procuram tudo entender à luz do
nonsense, despautério, a pretexto de mangofarem a erudição, o fanatismo, a
irrepreensibilidade, a pernosticidade, consagram todas as forças para os
nonsenses, "lassez-faire", abalam, dissolvem tudo o que poderia ser
pedra angular, o cajado do peregrino de uma existência à busca da consciência.
Descascam os "pepinos" da erudição sem terem qualquer noção, os
famosos "sem noção", tão negligenciados nas terras de cá, não as de
bem-virá, sem saberem o sentido nela, a mensagem atrás do atrás dos pensamentos
e idéias, sobre ela perquirições e indagações, semente de que sonho e verbo.
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Disse-o à guisa de tapinhas no rosto, mas e se a
perspectiva de olhar, observar, contemplar noutra dimensão fosse a antítese da
inestimável amizade, e fosse uma dose de ácido crítico a ser degustado de
orelhas em pé, amando de paixão tanto os floreios, ornamentações, arrebiques,
no terraço do Rei Leproso, nos templos de Java, com suas grandes escadarias
quebradas, refletem-se um instante em meus olhos, caio-me na gargalhada, sem
sequer ter noção do motivo, quiçá com estes símbolos afastasse a
condescendência, à sirga das ironias e sarcasmos, às mangofas os ácidos
críticos irrepreensíveis, e com isto esclarecer que o verbo da
consciência-estética se conjuga com os projectos realizados, o verbo dos sonhos
e utopias se conjuga com as ideias e ideais em sincronia, sintonia, harmonia
com as atitudes, Palavra e Atitude. As nuanças de brilhos e cintilâncias do
há-de verbar mazelas e pitis nas bordas dos tapetes, cujos símbolos e signos
são o entre-laçamento de outros fios de subjuntiv-itudes do eterno que riscam o
étereo do espelho com o diamante ilustrativo das brumas que habitam as
prefundas dos mistérios e enigmas, são eles o húmus da pétala seca da rosa
negra, que exala o perfume das eter-itudes.
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Senão neste estilo e moldura, o que confere ênfase
de valor inestimável para a de-monstração do engenho e arte contemporâneos, a
boca mordendo, os voluptuosos lábios apenas entreabertos, a língua matracando,
muvuca de palavras e tropeções, não existem mais letras repetidas nalgumas
palavras, a servir de exemplo, "accepção", escreve-se "acepção",
não há quaisquer razões viáveis para repetir as coisas, nas primeiras não foram
dados os floreios, nas segundas engenham-se todos, e quando a repetição tem por
objetivo a mudança de paradigma, antigamente não existia metralhadora hoje
existe, antes significava uma coisa, agora significa outra, assim podendo
reparar a trajetória, itinerário do nonsense, nonsense admirare, causando-lhes
exultação com o espetáculo de vazios, aquela questão primorosa: "Devagar é
que se chega lá", por conseguinte, para que a repetição para engenhar e
engendrar, tudo falou da primeira dita, deixara o que não pensar, o que não dar
crédito, o que menosprezar e negligenciar, a libertinagem em movimento, para
que se apressar para chegar ao nonsense admirare, devagar lega o prazer do sabor,
cumpre curtir com todas as dimensões, volúpia, êxtase, exultação, saber-lhes o
gosto, uma cena de dementes.
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O homem que surge é o in-verso do que a zombaria,
se se quiser, mangofa ou escárnio, o re-vela, não é um homem destroçado,
vagabundeando na praia, na serrania mineira, o antigo marca seus traços
funerários; ouvindo o trinar de um pássaro que me inspira a solicitar do que
trans-cende o além o forclusivo ritmo da etern-itude e no de-curso e per-curso
do dia alumbro os nadas e vazios à luz interstícia e inter-dita do sublime,
passando nas vias do bosque de carro, observando o que os olhos são capazes de
fazê-lo, crio e re-crio imagens e faces do vir-a-ser, só a mim mesmo posso
gerar, enxergando através da escuridão, conseguindo ver, observar, con-templar
o que os outros não o fazem. Mistério. Inteligência. Sabedoria.
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Quiçá, ao que se diz respeito à repetição,
floreando ainda mais para a de-monstração irrepreensível da autovaloração,
aquela estorieta de monsenhores e o burgo, as melancias no pescoço, "só eu
posso", tornando uma breve leitura da "cena de dementes" que o
mundo, desde as eternidades, é demente, é preciso engenho para conjugar os
verbos, só a mim mesmo posso gerar(este deve ser um verbo defectivo, pois se
conjugado na primeira pessoa, soa muito mal nos ouvidos: "eu gero",
venhamos e convenhamos ao ouvir "eu me gero", que belíssimo cacófato,
"me gero", não lembra megero, kkkkkk, e assim não se pode estabelecer
a alteridade da autocrítica, re-crio-a, re-invento-a.
#riodejaneiro#, 26 de setembro de 2019#
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