#ESTAÇÃO DOS SONHOS SON-ENCIANDO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
A primavera sensibiliza os recônditos do íntimo,
nascendo sentimentos de busca, desejo, vontade, sonho; inspira os terrenos
baldios da alma sedenta
de outros uni-versos, de outros panoramas do vale,
paisagens do bosque, visões da ilha, do mar, orla marítima,
re-nascendo emoções re-versas de ex-tases e
volúpias, sensações in-versas de estesias da beleza,
de extasias da espiritualidade do perene,
concebendo utopias do in-finito poematizado
de paisagens à luz e contra-luz
do além que in-fin-itiva
a neblina caindo suave na terra dos sonhos,
re-novando as intenções ad-versas
da verdade e do vir-a-ser
que eivam a sensibilidade
de poesias e poiésis,
de prosas e litteras,
de sin-estesias e poiéticas,
in-ovando versos e estrofes que
son-etizam os traços da imagem,
sonem-atizam as perspectivas da luz e contra-luz,
son-artificiam o silêncio do som,
a solidão dos cânticos.
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A primavera espiritualiza os interstícios do verbo
abissal do tempo, os âmagos das iríasis da verdade tocando o horizonte poético.
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Chove
O tempo é de frio suave.
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Posso sentir as pétalas da rosa branca abrirem-se,
o beija-flor sobrevoando-lhe, bebendo-lhe o néctar, posso olhar a dama da noite
na grade da janela.
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Posso visualizar o in-fin-itivo do verbo,
posso verbalizar as esperanças outras
do sonho de compl-etude,
da utopia da eternidade,
da fantasia das absolut-itudes,
fantasia de cores cintilantes,
da quimera da verdade,
visualizo um pintassilgo na gaiola
de cabecinha baixa,
está ressonando.
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Posso cogitar as a-nunciações do sublime, posso
pensar as dialéticas da iluminação, do vento e do ser, posso elucubrar as
contradições do bem e do mal, do in-audito e efêmero, posso questionar os
nonsenses do eterno, os con-sensos da con-tingência de dúvidas e incertezas.
Re-flito a travessia do não-ser ao ser. Medito a passagem do sublime ao divino.
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A primavera son-encia o silvo do vento no florar que
flora a floração, ritmo e melodia do re-novar, acorde do in-ovar. Sil-êncio de
sons e notas a comporem outros, a música, o embalo, pétalas de rosas
des-abrochando, o pé de limão está carregado, há outro mamão já no ponto de ser
apanhado, deliciosa costelinha de porco com mamão...
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Posso cantar o som do silêncio em sin-cronia com a
melodia, ritmo da solidão, em sin-tonia com o acorde das carências, em harmonia
com a música do uni-verso atrás das constelações do in-finito. Sinto o tempo
perpassar-me o íntimo. Sinto o vento sibilar na sua trajetória.
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Posso saber e conhecer o contra-dictório que
represento, a grosseria, falta de compaixão, solidariedade, de educação,
máscara que uso para satisfazer e saltitar o prazer de chamar a atenção, e este
contra-dictório é utensílio para a consciência, ninguém acredita, daí revelando
a sensibilidade, a consciência de mim tenho e a artificio nas situações e
circunstâncias, se não penso em mudança, deixo o tempo modelar isto, nada de
ansiedade, dispêndio de energia à toa, a continuidade, o tempo mostra o que
fora re-colhido e a-colhido e o que é para ser dito, o vazio que preenche o
tudo.
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Estar em busca do conhecimento para mim próprio, em
recanto obscuro, preciso de almas humanas que se liguem ao futuro. Percebo com
olhar de desconfiado, trigueiro e cheio de suspeita que a arte também corre
perigo, "por amor do amor" não de letras ou de notas, fugitivo que
tenta preservar não a si próprio, mas a um segredo. Vida cheia de tormentos e
opróbrios, a de andar errante e inquieto em um mundo com o qual é preciso
dialogar, ao qual é preciso colocar a força do caráter e personalidade,
prescindir daquilo que desprezo
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Posso refestelar-me na rede, dormir o sono do Verbo
Ser. Deixo-me livre e solto. Deixo-me sereno e leve, ouvindo uma canção
romântica cuja lírica a-nuncia a poesia do amor puro.
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Posso voar, viajar, espairecer no tempo, son-ificar
o Verbo do
Sono, sonar as con-jugações da memória e do tempo
inter-dito nas curvas pretéritas da vivência e con-vivência, labutar o presente
por míriades futuras de con-verbalizar o Ser da Esperança e a Liberdade posta
em questão.
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As acácias balançando amarelas no jardim, comecei
tão recente a jornada, começo-a com uma primeva inspiração, no oceano perdido
vão os passos de vida, desvarios sufocam-me, sou antes, sou quase, sou nunca.
#riodejaneiro#, 21 de setembro de 2019#
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