#DE ESGUELHA NO LINCE DO SOSTALIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Nadas... nonadas ensimesmadas de surpresas e
tristezas por não haverem saídas, aquando de ausência de inspiração, a
superficialidade se pres-ent-ificando, as tolices se apresentando pomposas e
luxuosas...
----
Homens, admitimos qualquer coisa menos a morte...
Letras preferem os fundilhos do abismo,
Os furingos da caverna de Platão,
Se nada expressam ou dizem,
Se sensibilizam apenas os atoleimados.
----
Ainda pela madrugada, acordei-me com um vozerio
alto sem limites e precedentes - havia sonhado estar numa catedral, padre
estava encostado ao confessionário; aproximei-me, dizendo-lhe não iria
confessar e comungar, respondendo que estava eu livre de qualquer coisa da
igreja, da religião -, pensando até que isto de ouvir vozes no interior de mim
transcendeu a tudo neste mundo, ouço-as a todas as vozes, pensando comigo
próprio que estou sendo neste instante uma prévia do alvorecer, um indício da
primeva luz do dia, e ouço-as para previar no sonho que vir-a-ser as
sombras-luzes que se pres-ent-ificarão ao longo das circunstâncias e situações.
----
Amor, carinho, afeição, afetividade
- quê abraço forte e apertado!
Sorriso dobrado!
Olhar iluminado!
"Eis-nos de volta.
Vamos bailar nos desejos e vontades do
eterno."
----
Semânticas, linguísticas, sentidos, significados
rindo de orelhas a orelhas, quê delícia as palavras voltaram! - não dissemos
adeus um ao outro, despedida nossa, tempinho apenas. Que sabor desejá-las
novamente, querê-las, tenham entrada no conselho de paladar e o saciar os
desejos da sede! As metáforas se olham de esguelha no lince do
"sostalio" - tornaram-se as palavras mais experientes com o exílio de
um dia, conscientizaram-se inda mais de que são necessários ensaios,
"Vão nos fazer rebolar,
dançando na chapa quente
das dialéticas do efêmero e eterno."
Contudo, as núpcias da alegria e felicidade.
Seres que se inter-agem
Deixam de ser unicamente objetos,
Fazem-se sujeitos,
Relacionados e inter-conectados,
Artificiando complexo sistema
De inter-retrorelações
O universo: conjunto das relações dos sujeitos.
----
Então... De início, fonemas de olhos voltados para
o infinito do uni-verso à cata do primeiro registro, enfim o namoro com a lua,
estrelas no silêncio da noite esvaziaram-lhes das a-nunciações do inaudito,
esqueceram-lhes os verbos, érisis e iríadas do ser.
----
Tinham o ser na própria con-templação de si mesmas.
Nada lhes faltava, não eram carentes. Perfeitas e completas. Podia ter
registrado a plen-itude do momento de namoro nalgum verso e estrofe, num
soneto, nalguma prosa, testemunho de que são divinas. Nada de registro. Nada de
romantismo de primeira fase, não são elas açúcar ou mel. Poetas por vezes
pensam e sentem que palavras são mel ou açúcar, devem adocicá-las com a
inspiração e subjetividade, e de imediato beberem o néctar do Ser. Quê tragédia
das tragédias!, não o são.
----
O que viveram, vivenciaram só elas sabem e
conhecem, a sabedoria outra que atingiram só elas sentem no mais recôndito das
forclusions do nada e ser. Direito delas o silêncio. Direito delas as
circunspecções, introspecções. Dever nosso respeitar-lhes.
#riodejaneiro#, 17 de setembro de 2019#
Comentários
Postar um comentário