#COISAS ALINHAVADAS DE PERQUIRIÇÕES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Se amanhã houvesse de..
Se amanhã houvesse de...
Se amanhã houvesse de...
Se amanhã houvesse de ser o verbo da carne...
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Eis o "sou de mim". Eis o "tecedor
de palavras" em nome da busca da expressão do Espírito do Verbo, em
comunhão com as con-tingências da alma.
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Se amanhã houvesse de sonegar - sonegação explícita
e eivada de insolências, cláusulas e emendas justificam as razões e trambiques
intelectuais - as etiquetas do ácido crítico às trafulhas inconscientes do nada
e vazio no pôquer das solidões e silêncios, para, neste estilo e linguagem, sem
quaisquer privilégios extra ordinários, haver de fingir comedimento e afetação
no modo de expressão, deveriam compensar pela ausência de sabedoria e de
maturidade intelectual, riria a todos os ventos, riria como um copo entornado,
desvairado só por sentir, roto por me roçagar contra as coisas alinhavadas de
perquirições cujas faiscas de sinistros mistérios libertam intempéries e
desesperos, indecisões acumuladas que revertem as perspectivas de vestígios e
lapsos da razão;
talvez se pedisse encarecidamente à natureza
a continuidade do saber,
parasse de morrer,
pudesse violentar a morte,
abrindo-lhe frincha para a vida.
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Se amanhã houvesse de numinar o ipsis das metáforas
da plen-itude que re-versa o além das contingências com os confins do abismo,
quando a re-novação das esperanças se faz no entre-laçamento nupcial dos volos
de verbos cujas gerências
são lumes da dialética do nada e ser,
monoléctica do som e vazios de sibilos,
na koinonia simbólica dos latinos
lácios do infinitivo
circunvagado de versos e estrofes
do perpétuo nada,
poiésis e poiética da linguística pura
e prática do vazio,
poemática do contínuo.
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Alvorecer de hoje visto sob os linces de amanhã,
visão do imperfeito subjetivo das quimeras e fantasias, perfeição do indicativo
que verbaliza os particípios do tempo idealizando as peren-itudes de arribas em
pleno baile de balalaikas e fados de nostagias e melancolias, saudades
circunspectas, faltas introspectivas.
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Se amanhã houvesse de omnipresentar a luz
cristalina que incide no riacho de águas noctívagas, os raios numinosos do sol
que incidem nos campos de flores silvestres, e a sombra na calçada da tabacaria
resplendendo de serenidades de a imanência das glórias, e à soleira das grutas
de estalactites o canto da coruja saudando o silêncio milenar do genesis,
solidão secular do cântico dos cânticos sob a cintilância da lua nova que
perfect-erseja o sublime de miríades do verbo do infinitivo,
hoje simplesmente estivera eu
sentado na rampa de meu casebre,
a-nunciando o alvorecer,
ouvindo o trinar de um pássaro
que me inspira a solicitar do que
trans-cende o além o forclusivo ritmo
da etern-itude e no de-curso e per-curso
do dia alumbro os nadas e vazios
à luz interstícia e inter-dita do sublime,
creio, e re-crio imagens e faces do vir-a-ser.
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Se amanhã houvesse de memorizar as pers de pectivas
do instante vivido e vivenciado de sentimentos e emoções, as pers da cuciência
per do logus e gnoses da liberdade e consciência, quando os uni-versos e
horizontes do há-de ser abrem suas venezianas para os solstícios do
trans-cendente, quando a neblina nívea perpassa as brumas do nada, feliz e
saltitante por vislumbrarem a travessia do vazio em direção às forclusiv-itudes
da esperança perfeita,
dina da ribalta do silêncio,
picadeiro da solidão,
onde não vez por todas
mas todas as vezes digo a mim
nalguns momentos como este,
sentado no centro do picadeiro,
em posição de re-flexão,
meditação, um palhaço que conquistou
diferentemente com as letras que sou,
sou as letras que buscam a expressão
do Verbo do Espírito,
em comunhão com as contingências da alma,
hoje tão unicamente estivera eu,
houvera a mim estado, e pensando,
quiçá elucubrando,
as nuvens brancas no espaço celeste,
perfilando o ossuário do uni-verso,
con-templando a montanha coberta de neblina,
o tempo nublado, chovera na madrugada,
chuva que só estiou às cinco e meia da manhã,
estivera cachimbando,
sentado na cadeira de balanço,
olhando de viés as coisas e objetos,
fortuitas as idéias que bailavam na mente,
eram três e ensimesmadas.
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Se amanhã houvesse de elencar os momentos de
felicidade vivenciados, sorriso de orelha a orelha, o peito arfando, dizendo-me
a mim em palavra a vida me fora solidária e compassiva, legou-me inúmeras
conquistas, só prazeres e alegrias, hoje estaria escondendo a cabeça debaixo da
coberta de tanta vergonha da crassa e ruça mentira de a vida haver sido plena
de felicidade e alegrias, coisas do amanhã, prefiro a realidade pujante de
hoje, se o amanhã houver, quiça elenque os pensamentos forclusivos da
eternidade, quando no mundo só as cinzas de mim misturadas na terra.
Aeternitas. Libertas.
#riodejaneiro#, 27 de setembro de 2019#
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