?QUIÇA TRAVESSIA DOS VERBOS AO IN-FINITIVO.# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Baús atulhados,
Pectivas prós de verdades,
In-verdades,
Pectivas retros de mentiras,
Fugas,
Pectivas pers de desejos,
Sonhos, esperanças...
?Quiçá travessia dos verbos ao in-fin-itivo.
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Nonadas voluptuosas à luz de candelabro e/ou
lampião, luminando a sala-de-estar, a energia eléctrica está faltando, previsão
de retorno, após as três da manhã, pervagando na chamas das velas, na luz vista
através do vidro do lampião, quiçá a mim fosse legada a dádiva de dizer
sentimentos e emoções se mostram, posso sentir-lhes com transparências, nonadas
de imagens, perspectivas, luz e contra-luz, nonadas de intuições, percepções,
inspirações, nonadas de utopias, levando-me a sussurrar com palavras claras e
escorreitas: "A dádiva é sentir este instante, verbalizá-lo", isto é
o importante. O que possam significar, são símbolos, signos de quê, são
metáforas, linguísticas, semânticas de quê?, sentir-lhes apenas, deixá-las
perpassarem o íntimo, as dimensões contingentes e transcendentes da alma,
re-velar-se-ão no seu instante devido.
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Noite. Lua. Lampião e candelabro. Solidão.
Silêncio. Prospectiva do futuro mais a retrospectiva do passado, a consciência
temporal se transforma numa equação cujo equilíbrio é a somatória da
intuição(presente), mais a memória (passado) e a expectação (futuro."
Apoio o cotovelo na mesa, amparo o queixo sobre as mãos unidas, contemplo a
chama da vela no candelabro, a luz do lampião vista atrás do vidro de forma
oval, transportados utopias e sonhos ao Bosque Profundo, segundos, minutos
afora, sensações indescritíveis, ininteligíveis, sob as ondas ritmadas do
ventinho, sons ínfimos da neve caindo sobre as folhas das plantas, das árvores,
da grama viçosa... Antes e depois deste instante, uma contínua vida
irrefreável, onde não pausas, síncopes, sonos, tão singela na noite sem luz
eléctrica, lâmina de vento no pescoço, a janela está aberta, o tempo fluindo.
Tão frágil me sinto agora.
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Nonadas de pectivas prós de a-nunciações, os olhos
con-templam, pupilas e retinas vivas, lâminas de imagens se a-presentam,
esvaecem-se. Noite de sono espesso e sem ondas do mar na praia, noite no vento,
noite nas águas, noite nas pedras e cascalhos. É noite na minha companheira, é
noite no barco à margem do rio, é noite nas choupanas e cabanas, na roça
grande, é noite nua, descalça, pervagando nela a escuridão, sons, latidos de
cães, perpassando-lhe o orvalho. Aqui entregue a este instante, verso-uno medo
e cor-agem, nem me re-corda a previsão de retorno é após as três da manhã, e
mesmo que retorne, o alvorecer se pres-ent-ificará. Coisas vem à superfície,
coisas das memórias, dos baús atulhados, nonadas. Nonadas de pectivas prós de
verdades, in-verdades, retros-pectivas de mentiras, fugas, pectivas pers de
desejos, vontades, sonhos, esperanças, quiçá travessia dos verbos ao
in-fin-itivo!
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O eco já não res-ponde ao apelo, o silêncio já não
res-ponde aos sons.
#riodejaneiro#, 25 de setembro de 2019#
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