PECADOS CONTRA A LÍNGUA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@
Deus perdoe os pecados contra a língua!
Estrofes do que há-de sonhar eterno
Acordei-me de uma quimera profunda:
Profundo é o mundo
Mais profundo do que pensa a terra
Profunda é a agonia
Mais profunda que a dor
Estesias além das cercas da contingência
A agonia anseia por todas as coisas eternas
Quer profunda, profunda eternidade,
Refinada concepção,
Essência-conhecimento-sabedoria
Na busca indomável da verdade perpétua
No aprofundamento, aprimoramento do saber
Sedução do gozo.
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Deus perdoe os pecados contra a língua!
Aqui estou,
Contemplando a palmeira:
Encurva-se, torce-se, balança os quadrris.
A história no ser, nuanças de nãos e sins
Imprime a caligrafia, pigmento do pensar.
Se perdi a mão que toca
Com gestos de silêncio e solidão
Mistérios, segredos, sigilos
De existir,
É um profundo murmúrio
E a voz de nova fonte
De epigrafar fragmentos do sentir,
Registrar no cofre da memória,
Sarrabiscar na galeria da mente
Idéias frescas e viçosas do tal-aqui-agora,
No sopro gratuito das lembranças
A gênese do desejo.
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Ah, rugir mais uma vez
Para sentir de outro modo
O que anuncia solene
Os complementos que faltam
Para o prazer
De entrelaçar num sussurro
A volúpia e a palavra,
Todo o sentimento da vida
Caber na pequenez de corações,
No porta-jóias intocável do sentir
O bramido da virtude
Ante os sábios peregrinos do deserto,
O bramido da virtude é fogo que arde,
Sentença ungida,
Solene exortação.
Raios de sol
Refletem ao longe a bela sinfonia universal
Sendas campesinas
No instante breve de infinito,
Buscando o atalho mais curto
Para chegar ao agradável ventre-oásis
No aconchego de re-fazendas
Das querenças do ser,
Na moldura da alma suspensa no vazio
Do tempo, que se deita na profundeza,
Breve o espírito respirará afoiteza.
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Deus perdoe os pecados contra a língua!
Zinas da natureza de eloqüências,
Erudições – vias do expressionismo
A inspiração do ente, sangue do alento
Ondulosas veredas
Serpenteando independências,
Recapitulando numa gabolice-ária
Roteiros de luminosidades
No labirinto de dilemas e sofrimentos,
Coragem humana com asas de águia,
Prudência de serpente,
O pecado original, a virtude original
A alma compassa de apetites
Motejos supremos
Edificando a anais nos intervalos
De exasperações e carência de crença
Fadário de hipótese – amanhar o físico no berro.
Silvos do ente,
Crepúsculos e auroras por virem
Deem-me, a mim, friezas do coração,
Que o gelo, o setúplice gelo
Ensine-me suspirar antárticas quimeras.
Divina mesa é a terra
E trepida de novas palavras criadoras
Língua volante
Que em sinuosos caminhos
A mão aprende a astuciar,
Comover escárnios,
Fascinar ódios,
Encantar sarcasmos e cinismos.
RIO DE JANEIRO(RJ), 17 DE MARÇO DE 2021, 08:12 a.m.
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