NADA-NINGUÉM GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@
São dois... São cem...
É o mundo e ninguém chegando
Ninguém por chegar.
Os mortos não voltam
Para dizerem da redenção, da ressurreição,
Se houve o Juízo Final,
Ou se a morte ela mesma leva o morto ao seu destino;
Se o paraíso e o inferno existem,
Se ambas tem a mesma característica em comum:
O mesmo por toda a eternidade,
O tédio são a dor e o sofrimento de todos.
No paraíso os espíritos gozam os prazeres
Por retribuição divina as condutas, posturas
Haverem seguido os mandamentos e princípios,
No inferno as almas penam nas chamas
Pelas atitudes e ações viperinas.
Para os russos, o inferno é gelado.
Se o Oráculo Virgem tem o dom de ver o futuro,
Acamas é filho de Teseu...
Oh, Oráculo Virgem,
Que dom é esse que sabe o futuro
E não muda o mundo?
@@@
O mundo e ninguém... Todos nós... Ninguém.
Se o Ninguém não existisse,
Seria necessário inventar,
Legando-lhe todas as características
Do que não existiu, não teve o prazer de estar no mundo.
O interessante a apreciar
É que o Ninguém corre do nada
Como a cruz de Mefistófeles.
Diga com quem anda e direi quem é.
É Nada-Ninguém.
Se Ninguém,
No regaço da alma, habitam as hipocrisias,
Falsidades de todos os naipes,
A farsa fez o obséquio de marcar as cartas.
Imagino as mesmas no Nada-Ninguém,
Divinas e perpétuas,
Antes Ninguém do que Nada
Pode-se-lhe dar sobrenome,
Ninguém da Silva.
Antes Ninguém do que Nada-Ninguém
Seria despautério dar-lhe um sobrenome,
Nada-Ninguém de Oliveira,
A oliveira não é sua origem, dela não nasceu,
Não foi concebido por ela.
Apesar de o Nada trazer no bojo
Tristeza irreversível:
Ninguém é a sua essência.
RIO DE JANEIRO(RJ), 07 DE MARÇO DE 2021, 09:53 a.m.
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