INVERSO VERSÁTIL DAS PALAVRAS-VERBIS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA $$$$
O canto da coruja,
Alhures à eternidade,
Algures ao fugaz de inverdades,
Sob a exímia perspectiva dos cataventos
De carências e esperanças,
Ressoa livre nos recônditos dos ideais,
Reesona cheia de fome do divino.
Boêmios descansam as nostalgias
Das quimeras e ilusões,
O violão esquecido no armário, desafinado,
Sono perdido de vãos amores,
Efêmeras paixões,
O amor configurando o espírito da alma
Sedenta de verbos ad-jacentes
Ao jamais de conquistas,
Carentes de metáforas e metafísicas
Que enobrecem a liberdade do Ser,
À soleira das sensações,
Carinho, ternura,
Na cáritas do peito a presença da entrega,
Felicidade comungada
Aos subjuntivos límpidos,
Transparentes, nítidos,
Obnubilados de ideais, utopias.
Presente apresentando, presentificando
Noite noturna de nós velados,
Sombras na calçada,
Serpente enrolada na galha da árvore,
Calmaria na rua desolada,
Leveza de ar na pracinha pública solitária.
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O poeta sozinho na mesa de bar,
A cinza do cigarro acumulada na brasa,
A fumaça esvaecendo-se no ar,
Cotovelo sobre o braço da cadeira,
Mão esquerda amparando o queixo,
Pena sobre a página em que manuscrevia
O reverso poético das letras ipsis,
O inverso versátil das palavras verbis,
Olha distante a noite que passa,
Nada de horas, nada de tempo,
Nadica de átimos de segundo,
Solto, livre, largado no vazio do momento,
Ontens se foram nas asas leves do condor,
Outroras se escafederam nas pernas longas do cisne.
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As carências solicitam sonhos perdidos
No limiar da lua,
Que incide brilhos nos solstícios da noite,
Presentificada de idílios compondo nonadas,
Apresentando os traços de
Andar antes de entes.
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O canto da coruja, alhures à eternidade,
Tine no ouvido a roda viva do Ser e Não-Ser.
O poeta cofia o bigode,
Olha as coisas, objetos,
Sozinho na mesa de bar,
Tece versos sem estrofes,
As estrelas prefiguram
De emoções a inconsciência do eterno,
Desfigurado de páginas vazias de lírica,
Letras apagadas, ciência ocultas,
Fonemas desligados, religiões obnubiladas,
Escritos na agenda de sarrabiscos
O litteris de imagens eivadas de toques,
O absoluto do amor, intimidade do corpo
Seduzem de luz o clímax da criação,
Prazer, êtase,
Os instantes da noite sem segundos
De sentimentos, a fumaça do cigarro esvoaça.
Os olhos piscam, respiração contida,
Pensamentos longínquos tecem
O tempo ido de alegrias,
Felicidades, risos soltos,
Língua de sonhos além ausências
Fala os sons do perene...
[...]
[...]
[...]
A arte é um meio de devorar
O conteúdo trágico da vida.
RIO DE JANEIRO(RJ), 05 DE MARÇO DE 2021, 15:08 p.m.
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