GERAÇÃO DE GÊNIOS DO CAOS GRAÇA FONTIS; PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@
Inestimáveis companheiros, caríssimos camaradas
Do que há-de vir, há-de ser
De tempos futuros longínquos,
Onde brilharão outras visões,
Revolvendo as mediocridades de agora,
Perscrutando estes tempos indecorosos,
Quiçá perguntareis por mim.
Os homens de ciência crítica
Darão início ao afogamento
De quês e porquês de poesia tão eloqüente
Numa era de trevas,
Num banho de sabença tamanha,
Saber supremo, sapiência divina,
Combatendo com fervor o equívoco das contingências,
Que jamais serão esquecidos nos papiros dos milênios.
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A mim cabe dizer
Da visão de minha língua neste tal-aqui-agora,
Falar de mim nesta era.
A revolução me convoca com impiedade,
Alisto-me com carinho e ternura,
Disponível ao que der e vier,
Quem há de entender
A poesia que ajardina orquídeas viçosas
Em solo íngreme?
Escutai, ouvi, auscultai,
Companheiros futuros,
Meus versos com esmero
Rompem o caos-lírico insuportável
À luz das estrelas desmioladas,
Nas terras do bem-virá
Não semeiam fantasias do divino,
A terra é para criação de ovelhas,
São ósseos versos só possíveis de ver
Como destroços, ruínas,
Até à última letra.
A cavalaria do sarcasmo sempre alerta
Para defender as mesquinharias de meus sonhos,
Os despautérios de meu pensamento.
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Dialética não aprendi com Hegel
Invadiu-me os versos
À luz dos desequilíbrios psíquicos,
À mercê dos jogos da mente,
Aquando, sob o meu projétil,
Debandavam os senhores da verdade,
Os reis do mundo.
Morreram-me a poesia e os versos
Como um militante anônimo
Na revolução do eterno espírito do verbo.
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Por vós, geração de gênios do caos,
Um poeta com a língua muda,
Apresento às conjunturas atuais,
Os deuses endossem as palavras,
Em lugar do registro idôneo e probo,
Todo o vulgar, todas as verborréias
De meus versos peregrinos.
RIO DE JANEIRO(RJ), 03 DE FEVEREIRO DE 2021, 10:0l a.m.
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