SINOS DE PRATA DE LÚCIFER GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@
Anjos do Senhor, ouvi:
“O outro é um Ser!”
Perguntais-me vós:
“E o ser-outro?”
Digo-vos:
“O fogo interior da liberdade do espírito”
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A escuridão de um universo
Em plena desova das trevas
De princípios morais escusos,
Serviçais insofismáveis de ideais poéticos imorais
No breu das ausências de sensibilidade, subjetividade,
Sem quaisquer quês e porquês,
Perdido nas recíprocas falácias disfônicas:
A comunicação com as coisas,
O que era atitude louvável e digna,
Descobria-se-lhes os signos, símbolos,
Cai no abismático do nunca-jamais,
A comunicação dos indivíduos,
As formas, inexpressíveis descrições
De fragmentos íntimos,
Feitos mosaicos do espírito,
Pés a esmo dos passos ao longo de inverdades,
Deixam de des-velar, revelar
O que há quanto às adversidades e desafios
Que já não englobam a porta de entrada contemporânea,
Com suas vivências e descobertas,
Já não há o que revelar.
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Quem abre os olhos ao sol?
Quem testa as asas abertas?
Quem arrisca o rumo às alturas?
O saber tem sabor quando resulta
Da entrega às contingências de sofrimento e dor.
Nesse desmembramento de esquivas e estranhas
Espécies vividas em estardalhaços a caírem
Na latente obscuridade do atavismo já preterizado,
Advires criterizados, cristalizados e lavrados
Pelos baldios das cenas olvidadas
No tempo de verborréias, escarcéu de versos sem alma,
Algazarra de poemas sem o bem-virá das carências,
A clamarem redenção no pântano memorial
De toda profanação, heresias,
A desvelarem o peregrinar além de quaisquer aquéns
Em que na realidade não há
Execuções verdadeiras e fatais
A outras germinações.
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O não ao despertar da identidade
Presente na semântica do verbo hodierno,
O não ao sentir a importância
Da irrupção do sol, experiência do numinoso,
Presente na língua do absurdo versátil,
O a-poético segue bailando ao som
Das intenções profundas do caos,
O não ao fogo interior da identidade
Habitando o peito do poeta,
Segue dançando o ritmo
Do repicar dos Signos de Prata de Lúcifer.
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Anjos do Senhor, ouvi:
“O outro é um Ser!”
Perguntais-me vós:
“E o ser-outro?”
Digo-vos:
“O fogo interior da liberdade do espírito”
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O outro perdido que não tem barreiras,
Que, sem sofismas e/ou paradoxos,
E, ao mesmo tempo, para esse homem
O ponto de comunicabilidade maior,
Dormir é abstrair-se,
Espraiar-se no nada,
Dormitar é refestelar-se,
Espreguiçar-se na rede do tempo sem contratempo,
E, acima da liberdade,
Acima de certo vazio,
Cria ondas musicais calmíssimas,
Leveza aérea de melodias, acordes, ritmos,
Depois da liberdade do estado de graça, encanto,
Acontece a liberdade da imaginação,
É um som como o agudo não estridente,
Doce de uma flauta,
Som elevadíssimo e sem friso.
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Quiça vento louco
Alude grito de inteira alegria,
A conteúdos puros e espirituais,
Aquando houver a voz interior criando espaço,
Quimeras, fantasias do poema de alma
Símbolo dos albores do espírito,
Na imensidão das grandes expectativas,
Visões que multiplicam as compreensões distantes
De olhares propagados no tempo,
Numa óptica perfeita,
No fim das interpretações, análises saboreando
O saber as tragédias da sabedoria
No idolatrar os signos secretos
A serem des-nudos nas névoas turvas
Do inconsciente e circunvoluções
Diretas, mas informais na zona dos imprevistos.
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Rezem a sabedoria, saber
A evidência da fraqueza,
O oscilar o pêndulo
Predestinado do viajante a esmo,
Sacolejando no ego as ermas vaidades,
Bem-aventurados orgulhos,
Do vagabundo no ermo das ausências de instintos,
Tremelicando, no “eu” desconexado do real e fictício,
A alienação e a cegueira dos olhos.
E longe, no longe de todos os longínquos,
Deverá chegar no silêncio e na mudez,
Aportar na ausência e na falta
De ideais, utopias do ser-fogo interior
Da alma dos vivos,
Circundando por mares desventuras,
Onde não há respostas
Ao entregar-se ao pensar.
Ao doar-se ao sentir,
Ao dar-se ao pensar-sentir
A antecipação das horas
A meio querer das verdades
E renúncias no íngreme mundo
Fincando raízes na terra do bem-virá...
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Anjos do Senhor, ouvi:
“O outro é um Ser!”
É aberto porque se dimensiona para fora,
Emerge o que é por dentro
Nas decisões reais do poema do Sonho
Descobrindo o florescimento do Ser...
Aquando?
Aquando o poeta souber despontar a Sabedoria da Vida
No buscar caminhos de Libertação.
Digo-vos, oh Anjos do Senhor:
“Importa usar a sabedoria, o saber
Para poemar com lucidez,
Para decidir com inteireza,
A criação de um centro fecundo
Que febunde a abertura infinita ao Ser!”
RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE FEVEREIRO DE 2021, 13:04 a.m.
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