PENAS DE ASAS BRANCAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@
Se pareço noturno e imperfeito
- as horas da noite passaram lentas
na ampulheta dos sentimentos controversos,
investigando as imperfeições que em mim residem –
Olho-me de novo
Com menos altivez
Mais atento
@@@
Tinha eu asas brancas
Que, cansando-me da terra,
Voava aos céus,
Por lá vaguejando livre e solto.
Vieram a inveja, o despeito,
Vieram para mas ceifar,
Davam-me poder e glória,
Prazer e alegria sentiria
Ao saborear-lhes,
Por nenhum preço as quis dar,
Porque as minhas asas brancas,
Sentindo-me exausto da terra,
Batia-as, voava aos céus.
@@@
Numa noite sem lua,
Contemplando as estrelas,
Já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
Sentia o prazer de voar entre elas,
Deixei descaírem os olhos
Do alto céu e das estrelas,
O que vislumbrei a causar-me
Tanta admiração?
Minhas asas brancas pesaram,
Já não se erguiam aos céus.
Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus raios
As trevas de onde vinha,
Pena a pena me caíram
Nunca mais voei aos céus.
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Quem sou eu?
Seguidamente me dizem
Que do modo como me refiro
À história de minhas asas brancas,
Pós provar as trevas de onde advinha a luz,
Caíram pena a pena,
Revela insatisfação,
Os céus já não amenizavam
O cansaço da terra.
QUEM MUITO QUER, TUDO PERDE!
Suporto os dias de infortúnio impassível
Sem poder voar aos céus?
@@@
Venço
Com as penas que fui recolhendo
Ao caírem,
Faço delas outros modos de voar,
Voo sedento de palavras boas,
De proximidade humana,
Voo para pensar, vôo para produzir,
Voo para o prazer do silêncio, da solidão.
@@@
Quem quer que
Sempre eu seja,
Sou as penas brancas
Que voam asas ao infinito do SER!
RIO DE JANEIRO(RJ), 05 DE FEVEREIRO DE 2021, 10:08 a.m.
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