DIVISO DA IMAGEM VERA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@
Desfazendo-se numa sombra maior,
Alongando-se com o sol a pino,
A sombra da árvore parada um momento,
O vento balançando as folhas.
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Idealista – a idéia faltava, o pensamento falhava,
As utopias quaisquer sentidos revelavam;
Poeta – apesar do verso diverso e adverso, desfazendo
O espírito e a alma das versáteis ilusões do belo.
O que fiz de mim, o “eu-poético” rechaçou,
Só ímpetos,
Tudo em vão;
Rima rica – sem muita arte,
Só o necessário para não estar à margem das fantasias;
Artista sem arte – ao inverso da subjetividade,
Reverso à sensibilidade,
Como havia estado, retornava,
Perdido em todo lugar, canto ou recanto.
Sem quimera de alcançar o que projectava;
Filósofo – do que é diverso às razões práticas e puras.
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Crânio sem miolos,
Louco demais para ser atoleimado,
Céptico do posto e seu oposto, do revelado e sua contradicção,
O homem da arte diz: “Já chega. Está perfeito.”
Se contra o ridículo zurra, abana a cauda, dá coices,
Na face, em jogo de palavras, injuria;
Palavras esvoaçam sem que possa abocanhar,
O silêncio é de ouro e riso.
Subo no Vesúvio,
O Vesúvio se rebaixa,
A minha ardência é mais que seu eflúvio.
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Vós que ledes neste poema disperso
A minha canção de ausência de dons, talentos
Onde nutro o meu ardor
No primo desvairar do crepúsculo,
As horas galopam rápidas, o último suspiro não está distante,
Mister ao menos quimeriar os desvarios,
Arrancar-lhes valores, embora só plausíveis,
Devaneios fui por tempo,
Imaginando pensar o inexprimível,
Do meu vaguejar ridículo é o fruto,
Conheço que o que apraz
É breve sonho no campo mais deserto,
No chapadão mais inóspito,
No bugre mais indecente, imoral.
No gesto de prazer apagado
A alma ardente lê
O passo tardo e lento,
Verto lágrimas só por mim
Que permaneço nessas trevas e martírios
Indeléveis a afligir,
Minh´alma é nada
Meu ser é vazio,
Vazio de nada sonhei versos e ideais.
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Vinde ouvir meu poema,
A dolente minha palavra extrema,
O rosto e as letras me levam,
Tão diviso da imagem vera
Saio do bosque e vou ao sumo sol.
RIO DE JANEIRO(RJ), 04 DE FEVEREIRO DE 2021, 10:55 a.m.
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