CAMINHOS DA SENSIBILIDADE INOCENTE GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@
Cesár Martins,
Desde tenra infância,
Fora como um cheio do
Perfeito Conhecimento de Deus;
Sua mãe alimentava este conhecimento,
Lendo a Bíblia antes de ele dormir,
Próximo ao sono, rezava junto com ele
A Ave Maria e o Pai Nosso.
Mesmo quando, sendo apenas um garoto,
Muitos dos santos,
Assim como muitas mulheres sagradas,
Habitantes da cidade livre de seu nascimento,
Ficaram deveres de queixos caídos
Pela solene sabedoria,
Profuso saber de suas respostas.
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Os pais,
Senhora Marina, senhor Sérgio,
Deram-lhe de presente de aniversário,
O manto e o anel de virilidade.
César Matias os beijou com terno, carinhoso amor,
Deixando-lhes, saindo pelo mundo a fora,
Para falar sobre o que aprendera de Deus
Nas leituras noctívagas da senhora Marina
Naqueles tempos longínquos
Da metade do século passado,
Que ou não conheciam Deus,
Ou possuíam ínfimo conhecimento d´Ele,
Ou adoravam os falsos deuses
Que habitavam os bosques,
As profundezas do mar,
E não se importavam com os seus admiradores.
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César Martins pôs sua cara ao sol,
Não havia naquele tempo o Aquecimento Global,
Mas o calor era intenso,
E viajou, andando sem sandálias,
Como ele havia sabido os santos andavam,
Carregando em seu cinto carteira de couro,
Garrafa de barro queimado com água.
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Ao andar na margem da rodovia
Que levava os viajantes a São Paulo,
Trazia do Rio de Janeiro,
Estava cheio da alegria, contentamento,
Felicidade que vem do
Perfeito Conhecimento de Deus,
Cantando louvores sem dar
Trégua por um átimo de momento;
Após algum tempo de andança na rodovia,
César Matias alcançou uma estranha
Terra que tinha muitas cidades
Próximas umas das outras.
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Passou por mais ou menos uma dúzia delas,
Algumas ficavam à beira-mar,
Outras em regiões de lagos,
Em cada cidade que passava
Encontrava um discípulo
Que o amava e o seguia,
Grande multidão de pessoas
Seguia-o de cada cidade,
O conhecimento de Deus
Sarapalhou-se por todo o terreno,
Governantes foram convertidos,
Pastores evangélicos dos templos
Nos quais havia ídolos
Perceberam que metade do ganho
Havia sumido sem explicações,
Ao soarem os sinos
Ao meio-dia em ponto,
Ninguém, ou bem poucos,
Veio com porquinhos abatidos
Ou oferendas de carne de ovelhas
Como havia sido de costume
Do lugar antes do aparecimento de César Matias.
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Mais as pessoas seguiam César Matias
Maior era sua dor, dor que latejava e queimava por dentro.
Não sabia a razão da dor tão alucinante,
Falava apenas sobre Deus.
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Numa noite,
Ele saiu da décima primeira cidade,
São Pedro da Aldeia,
Sentou-se num banco de píer
Frente ao mar,
Curvou sua cabeça sobre as mãos,
Vertendo lágrimas ardentes,
Dizendo à sua alma:
“Por que estou cheio de pesar e medo,
Cada um de meus discípulos
É como um inimigo?”
A sua alma respondeu:
“Aquele que divide Sabedoria
Rouba de si mesmo
Como quem dá seu tesouro a um ladrão.”
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Levantou-se do banco. Seguiu a rodovia.
Dizem que ele voltou para casa,
Dedicando-se ao comércio de roupas prontas.
A razão social da loja:
“Loja Havana”.
RIO DE JANEIRO(RJ), 01 DE FEVEREIRO DE 2021, 10:03 a.m.
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