#REBANHO DE FERAS MÍSTICAS E MÍTICAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO $$$
No alvorecer,
após noct-{ívago} estado de circunspecção,
sensações dispersas,
delírios e divagações, delíquios e perquirições melancólicas,
rebanho de feras místicas e míticas, jubas,
dentes e línguas a-nunciam folk-lores e lendas e causos
para inquirição no seio de sentimentos e desejos das "sapiências da vida", "sabenças do eterno, efêmero",
a vida tem um estilo oculto, por vezes oblíquo de arestas,
por vezes obtuso de símbolos e intenções,
sábios mandamentos de homens da antiguidade
- Palavras de pensadores conhecidos -
erguem-se dedicados no santuário pítio mais sagrado,
idolatrado, salve, salve,
madrugada de lenhas na lareira,
gotículas de orvalho nublando a vidraça,
procissão de matracas debulham adágios,
ditos populares das contingências e das hipocrisias,
o veneno supimpa, como diz a "Paulicéia Desvairada",
a estricnina socrática da imbecilidade,
visão límpida e clara do mar,
entregue,
infra-silêncio:
margens sem pressa...
Silentium est Dei receptionem locus.
***
Se se indagar para quem os sinos da hipocrisia tocam, há-de se concluir com distinção que tocam para os imbecis, cretinos, sem estes como seriam possíveis a hipocrisia, cretinice?
***
Por entre as montanhas, por inter-médio dos caminhos da roça, passam rebanhos de feras místicas e míticas, passam esfinges, passam unicórnios... passam serpentes falácias de deuses, ninfas e sereias, ventos e tempos esplendem-se aos silvos do ser e não-ser, a boiada nos currais gastam o resto da tarde curtindo os bens da vida em-si mesmada, outros ruminam sob árvores frondosas, e o silêncio silva sons, ritmos, melodias, acordes, musicalidade dos verbos que regenciam o estar-no-mundo, que gerenciam utopias e ideais comungados às decisões, os astros são criados de única e mesma substância celeste do fogo sutil.
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Sentidos explícitos.
Mensagens trans-parentes.
Cócitos rios de águas cristalinas
perpassando sítios místicos e míticos,
movendo-se no tempo de espaços conquistados,
há de vir de memórias que se trans-literalizam,
instantes-limites,
em princípios considerados e sentidos perpétuos,
no curso das travessias,
flashes de gnoses que re-velam recônditos in-conscientes
do nada se amadurecendo
para as percucientes sabedorias do in-dizível,
manifestam o âmago e destino do incognoscível
reverso às possibilidades, inverso às probabilidades
do saber
as nonadas às sara-palhas se encanecem para as inspirações dos solstícios de inverno,
intuições do etéreo entardecer,
percepções do éter que o nocturnus pres-ent-ifica,
A fortuna é como o vidro: — tanto brilha, como quebra, —Fortuna vitrea est: tum cum splendet, frangitur.
***
Alhures de além que não são,
se mostrados no lampião de luz
que ilumina a noctívaga madrugada
que se passa entupigaitada de cactus do imaginário perscrutando os lírios da inspiração,
querência, desejância do simples sentir,
emocionar, sensibilizar com as yalas de ritmos,
melodias, acordes,
pers-crevendo,
ins-crevendo,
epigrafando nas páginas
oníricas do espírito lívido e trans-parente do inaudito,
harpas do genesis, cítaras do além, violino do nada,
guitarra do efêmero,
densa selva de palavras, sons ininteligíveis
que envolve espessamente o que me perpassa,
o que sinto, penso, vivo e transformo tudo o que sou
em alguma coisa minha
que no entanto fica fora de mim,
instrumentos, quiçá utensílios do In-finito
som almático e con-tingente,
onde o pasmo, perdição, afogamento e depois ressarcir,
onde a minha essência é inconsciente de si,
por isto que cegamente me obedeço, consinto-me,
onde o fogo é o antagonista perpétuo da gravidade,
ao invés de ser-lhe submisso, capacho, "lambe botas",
tudo está em perpétua oscilações de dilatação,
contração pela ação do fogo,
pelo peso e coesão de suas partes...
***
Maresias pelo bosque, estradas de poeira, buracos,
quase crateras, ruas cobertas de areia fina,
o dia alvorecendo,
ecos já não "cor"-respondendo aos apelos,
a des-necessidade de gestos impossíveis,
do canto, da música,
a limpeza das cores no papel,
sin-tonia de traços e perspectivas,
harmonia de imagens e contra-luzes,
alfim a tela, a peça,
nem braço a mover-se para apanhar
alguma coisa no criado mudo,
nem unha crescendo,
já sem arrebique ou comentário melódico,
o mar transborda de peixes,
há pessoas que deslizam de prancha nas ondas
como se patinassem na neve,
uma torneira pinga, o chuveiro chuvilha,
a chama azul do gás silva no banho...
#RIO DE JANEIRO(RJ), 15 DE NOVEMBRO DE 2020, 03:11 a.m.#
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