#VESTÍGIOS VERTENTES DAS PAIXÕES QUIMÉRICAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ###
Post-Scriptum:
Considerados o cerne, as bordas e arestas de sua intenção, amada Esposa e Companheira das Artes Graça Fontis, de "sondagem" da congeminação Poesia/Filosofia, no Poema SONDANDO O PROFUNDO MÁGICO E MÍSTICO, a contemplação do entendimento e compreensão de como isto é delineado na obra, as estratégias de comunhão, e o desvelamento profundo da obra, artificiei resposta diferenciada a esta sondagem, noutro poema revelar as dimensões da congeminação.
De excelência a sondagem. Beijos no coração, Amor querido de minha vida!
Manoel Ferreira Neto
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O itinerário propício
para encontrar a alma é afastá-la
mais possível de mim,
desolá-la às cavalitas do incognoscível,
abandoná-la às sagas do inolvidável,
sinas do inevitável,
deixá-la dispersa,
não deixando a razão interferir,
NÃO CONSENTINDO OS DESVARIOS, INSENSATEZ EFETIVOS EXERCEREM INFLUÊNCIAS, inda que ínfimas,
e a trajetória irrepreensível
para enfastiar, pela mesmidade,
oh, inspiração do inédito,
onde estás, em que gruta
tu te escondes?
é abrir a cortina da janela
decifrando, recitando versos
na contramão dos fastios...
em que caverna vós vos exilais,
oh, intuição?
não me dizeis que
decidistes
a caverna da mímesis?
Imitatio à lá mesmidade?
Senda ríspida esta,
algo de interessante pode
deste mato.
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Embora orgulho do reconhecimento da linguagem e estilo originários, individuais, originais, isso por amigos haverem dito, convencido, persuadido não estou, consideradas as arestas, antes a busca era apenas de perder-me em quem sou, kambaio percorrer as dimensões do tal-agora-aqui, descobrindo-me outro, o utensílio que posso usar é somente o hoje, o que em mim dentro percalça as intempéries, pensar na continuidade dos ideais da linguagem e isto é mister, antes que as vaidades corroam-lhe o cerne.
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Há tantos “eus” a imaginação de uma parca luz noturna não poderá avaliar, tantos. Aí, inicia a busca eterna do "eu-poético, sendo que ainda não serei eu, representações únicas de vadiagem pelas alamedas das circunstâncias. Ainda bem seja assim: o que faria com as palavras roçagando as moléstias todas sem quaisquer res-postas plausíveis de esquecimento, rindo de mim nas curvas de meu sapato, o calcanhar rosa e puro?
Nada.
Inúteis seriam.
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Qual a razão do desejo de me extasiar com nós de nada?
nós não desatáveis com simples labutas,
nós não desmancháveis com perspicácias,
engenhosidades,
mas prováveis de serem des-enlaçados,
com as inépcias das vanglórias,
inércias das bem-aventuranças;
Por que tanta volúpia
em estesiar o fogo que
me toma?,
descubro inúmeros detritos no coração, a infância: inicia o empreendimento de a dissolver, não é o suficiente, contudo: já não posso esconder de mim próprio que invento a cada instante sentimentos e emoções que me podem aproximar da sensibilidade tão desejada do vazio, às vezes se me anunciando ser ela o sublime que me aproxime da expressão do belo, este sim é o que me excita, faz-me sentir extasiado, o conselho de psicanalistas convida-me para repouso antes do impacto das decepções, decadénces, temos muito in common a inventariar dos comportamentos e sentimentos, emoções, idéias e ideais. Prometo-lhes, cochichando-lhes nos ouvidos, cogitarei sobre o convite de num conselho descobrirmos o que envela as moléstias que me habitam. Cuidem de esperar!
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Hoje,
após longos anos,
longos anos de troteares,
sentir o gosto de apanhar
um caju viçoso de orvalho matutino,
chupar-lhe, o gosto da infância.
Escondi-me da estrada
que devia seguir, realizar,
o sabor de cuja fruta armazenei na memória,
quem sabe um dia,
volte a sentir-lhe!
De volta {à} natureza...
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Estaria interessado em responder a questão apresentada desde o intróito ou procuro outra vez mergulhar em mim à fora desejando seja capaz de ser verdadeiro e real, isso é o que irrita: impressas as palavras outros sentidos são encontrados, ad-versos e sob prismas inúmeros, avessos e à luz do multíplice panorama que alegra por contribuir com a busca que fulgura nalgum recanto escondido, mas a partir do instante em que sou criado e recriado, invento-me, entristece-me sobremodo por assim conhecer apenas a imaginação fértil, criação, através de estilo e linguagem.
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Quanto menos memória tinha a humanidade,
tanto mais de espantar:
era o aspecto de seus costumes,
o rigor das leis penais
permite apreciar especialmente
as dificuldades que ela experimentou
antes de si - fazer-se senhora
do esquecimento
e para manter presentes na memória
dos escravos das paixões e dos desejos
algumas exigências primitivas da vida social.
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Não estou preocupado em descobrir o modo como superar estes problemas irresolvíveis, desculpa de "peidorreiro" é barriga inchada, não preocupar-me é já preocupar-me, creio que por falta de explicação, difícil viver sem eles, não aprofundaram neles, não lhes sentiram os odores. Nem responder a questão com categoria e sabedoria estou, apenas não há o que fazer senão registrar palavras no papel,
aleatória e displicentemente, que serão lidas por alguns, aí começando as polêmicas, os entendimentos e compreensões que são difíceis de estabelecer, induções e deduções ruças de se visualizar, adultérios de compreensão cometidos sem piedade. Se desejar desaparecer como uma águia, faço-o num piscar de olho. Ouço músicas, enquanto escrevo, sendo agora onze e cinquenta e oito da noite, faz-me enlouquecer, mas quando retorno ao que está-ai, lembra-me a luz da lua, incidindo na lagoa de bosque, faz saber o que é amar, e na continuidade dos saberes desta arte a sabedoria de ser a sublimidade do espírito.
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O peso das velhas misérias, as enfermidades; não podendo ser tudo, sou quem hoje se lança numa orgulhosa busca, para fazer ver a todos que recebo as minhas determinações de dentro e, consentindo que coisas bem íntimas sejam reveladas, não há o que temer, sou o único responsável por elas, a mim devo explicações, sou quem se afasta das “badalações” – confesso não haver encontrado outro termo adequado para mostrar as relações, as conversas fiadas, os disses-que-me-disse, as fofoquinhas, alcovitices, as considerações muito sérias e responsáveis, os compromissos imprescindíveis, os salmos insofismáveis, afazeres que garantem o pão e o leite no café da manhã da família – ou, pelo menos, ausento-me de estar no meio das pessoas, participando de todos os momentos, deixando aos hábitos e costumes que os outros me fizeram adquirir o cuidado de assegurar a posição vertical, as funções naturais e sociais do meu corpo.
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Sentando-me à mesa de bares, restaurantes, botequins, lugares mais agradáveis que existem desconheço a quaisquer preâmbulos de visão, não dou atenção para ninguém, as conversas, ouço músicas, leio ou garatujo palavras no guardanapo, sarrabisco nas páginas de agendas, nas orelhas dos livros. Isso durante o dia muitíssimo inspirado, sentindo-me nas incongruências das controvérsias e verdades do pensamento que pensa o Sou quem, com toda a liberdade, decide, como São João da Cruz, mas sem misticismo, nunca fazer nada para “nada ser em nada”, livremente.
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Procuro, por vezes, no passado, uma série de re-cordações, a fim de, com elas, criar-me, estabelecer uma história, mas encontro-me de olhar penetrante, talvez reconheça hoje no homem
vestígios de ferozes alegrias.e longínqua a minha existência insufla-se de memórias. Uma das mais presentes e fortes sendo a que o céu esfumado como pano de fundo onde caminho e transcendentralizo a própria imagem, a imaginação com a mesma força calculada perdida quando o vazio desceu e a memória pulverizou a minha e do mundo, toda dor.
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Acabo de isso compreender numa conversa com você, a companheira na caminhada nos caminhos-de-roça da serra, dizendo-lhe as palavras existem para que brinquemos com elas, tiremos sarros de suas regras e exceções, citando ela uma passagem de Sabedoria, da Bíblia, que ora não me lembra, mas encaixa como luvas nos dedos das perquirições da estética da existência, apercebo-me de que o desejo mais íntimo saí do coração pelas mãos e que estou já empenhado num empreendimento, as palavras de ontem, hoje, mês passado, se reúnam, organizem-se, para me refletirem o novo rosto, rosto inteirado de si, rosto em átimo de instante sempre inusitado, inédito às cenas cinematográficas que estou a desfazer pela palavra para poder um dia fazer por atos, esta destruição me cria, sou quem o determina irreversivelmente, que me transformo pouco a pouco nesse ser incomparável e qualquer um de nós é para nós mesmos durante o sono dos nossos Fantasmas Silêncios do intimo; finalmente “mergulhei”, condenei-me, faça o que fizer, a não ter mais trampolim algum a não ser eu próprio, gancho a re-colher des-conhecidas dimensões a não ser as que reúnam as ad-versidades de nuances do quotidiano de contradicções e contra-sensos dos valores aos índices omniscientes sob formas de diminuir o medo do antepassado e de seu poder, a consciência da dívida para com ele aumenta o mais respeitado e mais temido. E não o inverso.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE NOVEMBRO DE 2020, 09:12 a.m.#
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