#CASOS AO ACASO CONTADOS** GRAÇA FONTIS: PINTURA/TÍTULO Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ***
Dia-lécticas
Que iluminam o ocaso de crepúsculo
Vejo-lhe surgindo devagar, vento baloiçando os lírios,
Armou chuva, trovões esparsos,
A cadela medrosa correu para debaixo da cama,
Nada acontecera, o clima amenizou,
Até o sítio da minha confusão.
Traz semblante sereno
Que à imaginação me parece transparência de saber precede O anoitecer tranquilo, anoitecer de inquirições sensíveis.
E quando chega ao pé de mim tem fisionomia fria,
Branca, assexuada. Olhos de minério azul claro.
Do pampa onde ovelhas de velos acinzentados
Pastam livres e soltas
Enquanto o pastor toca a sua gaita,
Deixando-a sonar à revelia de suas notas,
Cajado na grama viçosa e verdejante,
Sentado à beira da lagoa
Perscrutando o horizonte além da montanha,
No peito,
Re-cordações, memórias, lembranças,
Sentimentos, emoções, sensações,
Sublime o panorama
Eternas as esperanças, efêmeros os êxtases.
***
Que fim levaram todas as incólumes certezas?
Ou seria que nuncamente houvessem existido,
Houvessem sido unicamente ilusão de ótica?
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Dia-lécticas
Que inspiram as utopias do belo,
Da proscrição que concebe dogmas e preceitos,
Mentiras e pecadilhos,
Da verdade a perpassar o tempo,
Da heresia que antagoniza dúvidas e in-verdades
Que criam as estesias da alegria
Ocasionada pelo cântico de louvor ao In-finito
Povoado de paisagens impressionistas e futuristas,
Do profano que protagoniza as quimeras e equívocos
Inda que distantes de visão,
Presentes nos vestígios do agora,
Esplêndida a fonte de onde jorram águas
Que percorrerão as sinuosidades da terra
Calientes as chamas da lareira
Concebidas pelas achas da oliveira
Que sombreava a soleira da choupana,
Que sei eu de seus sentidos e verdades,
Eu que nada sei da passagem do crepúsculo ao anoitecer,
Nada sei das dádivas desta travessia da noite ao amanhecer.
***
Que fim levaram todas as criatividades, intuições?
Ou seria que houvessem sido fantasias do dom e talento,
Houvessem sido o nada da sensibilidade?
***
Dia-lécticas
Que per-fazem o uni-verso
Habitado de estrelas a cintilarem o brilho
Que clareia as veredas e sendas da floresta,
Que alumiam os terrenos baldios das ruas,
Lotes vagos,
Becos de lixo,
Que são notas musicais na viola do boêmio
Sentado no banco de mármore cinza
Da praça pública Brás Cubas
Busto de mármore merecedor por seus ideais
Póstumos, os sonhos que abraçam o silêncio,
Onde todos os transeuntes ou ajoelham aos pés,
Pedem proteção e segurança,
Ou ficam olhando circunspectos, dispersos,
Que memórias póstumas terão de si mesmos?
Etéreas as #fantasias-da-solidão#
Que inscrevem no tempo os versos poéticos das travessias.
***
Que fim levaram todos os sorrisos incolores,
Flores astrais,
Quiçá não tenham saciado a sede do futuro?
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Dia-lécticas
Que acalentam os devaneios do perpétuo,
Que afagam os idílios do pleno,
Que acariciam os desvarios do finito
Na madrugada silenciosa
Sob as gotículas de orvalho que caem solenes
Regando os brotos de flores que desabrocharão
No limiar do alvorecer,
Exalando perfume suave,
Eu sou... eu sou... eu havia sido sentindo
O que os olhos viram, visualizaram,
O beija-flor bebendo-lhes o néctar
Vazio que re-colhe e a-colhe o múltiplo
Nada que alimenta a liberdade de criar o In-fin-itivo
De que não estou falando diretamente,
Apenas fingindo... apenas fingindo... fingir é o destino.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 16 DE NOVEMBRO DE 2020, 12:56 a.m.#
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