*A REFLEXÃO E A POESIA** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ***
Tenho sentado em bancos de piers
Olhando a poesia destilando linguagem, estilo,
Delineando sentimentos, intuições, sob o fluxo das águas,
Ideias e inspirações, em uníssono, aderidas
Traçando ideais, signos de perquirição, reflexão,
A estética do ser e estar-no-mundo,
Símbolo dos sonhos, esperanças,
Katársis das contingências,
Sublimação das conjunturas,
Deita-se nas ondas, pós este trabalho, deixando-se
Ser trazida à orla marítima, espraiando-se,
Ressona e sente-se desolada, solitária,
Quem irá servir-se de seu trabalho,
Registrar o que verbalizara?
Tempos de decadência, as dimensões sensíveis
Estão sendo perdidas,
Espraia-se na orla, umedecendo a areia,
Não tocara os pés de ninguém, ninguém passeando.
Quiça tocando-lhes não despertasse para a inspiração
De registrar nas páginas quiméricas o que delineara,
Despertando na alma outras estéticas da criação,
Outros destinos empreendidos, a humanidade do ser.
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Tenho ouvido no alto da colina,
Em dias de chuvinha fina,
A poesia, sentada de por baixo de oliveira frondosa,
Clamando às nuvens cinzentas
A beleza de versos compostos
Com a sensibilidade da alma,
Intuição da esperança,
Percepção dos sonhos,
Inspiração do divino,
Versos compostos com a estesia da Vida.
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Tenho presenciado nos terrenos baldios
Em noites de temperatura quente,
Por onde ando solitário, circunspecto,
A poesia, contemplando a lua e as estrelas,
Rogando ao espaço, uni-verso, horizonte,
As metáforas sensíveis e abissais,
Eivadas de promessas do pleno, sublime,
Que glorifiquem, jubilem desejos, vontades,
Volos, desejâncias, querências,
Do alvorecer plen-ificado de brilhos
De tempos futurais, de tempos além, de tempos alhures.
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Tenho estado nos becos sem saída
Ao lado da poesia, ombro a ombro,
A ouvir-lhe dedilhar no violino a música
Declamando a sua carência, solidão,
Pedindo à eternidade
Sons, ritmos, melodias, acordes
De estrofes que templem o tempo de ideais, utopias
Da verdade,
Que revelem o ser do in-audito com o espírito
Dos inter-ditos da felicidade e da alegria.
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Tenho estado nos botequins,
Plausíveis e copos sujos,
Criaturas de bons e maus princípios,
Proeminente escusos,
Con-templando a poesia sentada no meio fio
Perscrutando os transeuntes, os carros passando,
Reclamando dos homens, dos poetas,
O coração pulsando de idílios, devaneios,
Fantasias, quimeras, sorrelfas,
Deixando lágrimas escorrerem livres
Na sua tecitura, tessitura,
Na sua estrutura, na sua forma,
No seu espaço de magias, nos seus bosques de intuições,
De tristeza, desconsolo, abandono,
Levantando-se,
Seguindo o seu caminho de frontispício baixo,
Nalgum banco de pracinha pública
Estirará o seu corpo, dormirá o seu sono,
Sonhando o amanhecer
Quando será a Poesia da Vida...
#RIO DE JANEIRO(RJ), 13 DE NOVEMBRO DE 2020, 06:05 a.m.#
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