#HOMEM PROFANO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: TEXTO
O profano
confunde erudição com cultura, estilo com id-ent-idade, instrução com educação,
aprendizagem com ensinamento, técnica com sapiência, fama com grandeza, prazer
com felicidade. Nada de erudição, nada de cultura, nada de estilo, nada de
id-ent-idade. Nada de instrução, nada de educação, nada de aprendizagem, nada
de ensinamento. Nada de técnica, nada de sapiência, nada de fama, nada de
grandeza. Nada de prazer, nada de felicidade. Nada de profano, nada de
profan-ismo, nada de profan-idade, nada de profan-itude.
O homem
profano é um robô da civilização, que julga ser um gênio de sabedoria, sábio da
genialidade. Nada de civilização, nada de marginalização. Nada de gênio de
sabedoria, nada de sabedoria de gênio. O homem profano é uma esplendorosa, deslumbrante,
maravilhosa, mágica vacuidade, uma egrégia futilidade, uma colcha de retalhos
manufacturada à força de publicidade, propagandismo heterogêneos. Nada de
futilidade, superficialismo, vaziismo, idiotia, imbecilidade. Nada de plena
vacuidade, nada de vácuo pleno.
O homem
profano não é alguém, mas apenas algo, não é ninguém, mas simplesmente nada; é
um homem coisificado de muitas circunstâncias, sem nenhuma substância, é um
homem nadificiado de muitas con-tingências, sem quaisquer ipseidades. Nada de
ser algo, nada de ser ninguém, nada de ser nada.
O homem
profano confunde ilusões perdidas com vidas secas, lê nas entre-linhas das
ilusões perdidas a promessa da esperança suprema, lê nas entre-linhas das vidas
secas a fonte límpida das águas sagradas.
E, por não
ter unidade interna e homogeneidade própria, o homem profano sente-se sempre
nada, infeliz, frustrado, fracassado, vítima do destino inglório, injusto,
ingrato. E o destino é o homem que faz, re-faz na sua jornada. O homem profano
é vítima de si mesmo, de seu próprio destino.
Quem age em
nome do seu ego humano é pequeno. Quem é agido pelo Eu-Nada, esse é grande, ao
longo do tempo vai criando, re-criando, in-ventando, re-inventando a si mesmo.
O grande homem-nada assume atitude de um eterno aprendiz e jamais se considera
mestre de ninguém, o estar-sendo é o seu supremo mestre.
#RIODEJANEIRO#,
30 DE DEZEMBRO DE 2018#
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