#DO SILÊNCIO PURO ÀS CONTINGÊNCIAS DA ALGAZARRA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
EPÍGRAFE:
"É
nesta distorção a desembocarem caricaturadas de sombras e ilusões no plano
realístico tantas emoções diferidas na captação pelos sentidos, ditos
inteligíveis pela supra sensibilidade neste campo inconsciente, largo e
irregular, mais específico ao acesso às grandes investigações e conceituação
das andanças e danças que a existência nos propõe."(Graça Fontis)
Ás vezes,
penso que o desejo do SILÊNCIO só vive de doações ao mundo íntimo das palavras
e das expressões,
suas
metalinguísticas e metafísicas, com saudades, inaudíveis sons das realidades e
das fugas, das imaginações férteis e forclusions, são estas o rosto da
eternidade refletido no rio do tempo, com ternura, e sou eu quem desperto o
infinito e o profundo, desejando a Vida.
Águas
re-fletindo imagens,
Sob raios
numinosos do sol,
Lírios
brancos à mercê de vento suave,
Orquídeas
lilases a indicarem as serras
Montanhas a
serem atravessadas,
Belga
pousado no arame farpado
Da cerca,
trinando seu canto,
Forasteiro
cortando pedaço de cáctus
Com o canivete
afiado,
Caipira
mineiro, sertão, sentado no toco de árvore
À soleira do
casebre,
A contar
causos com a companheira ao lado,
Crepúsculo
de verão, janeiro de calor incandescente,
Jovem
escritor e poeta, recostado ao parapeito
Da janela,
ouvindo o barulho do trem passar
Próximo,
muito próximo, uma grade os separa,
Urubuservando
lugarejo à distância,
Onde
descansará as labutas da travessia
Do deserto,
Chupar-lhe o
néctar do saciar a sede,
Nuvens
brancas deslizando no azul celeste
Pétala
perdida de rosa vermelha sendo
Levada a
esmo pelo rio sem pressa de sua jornada.
Por vezes,
nestes lapsos do tempo e ausências do ser, perscruto as atitudes e ações de
minha companheira, seus gestos e toques de idéias, pensamentos, ideais, sonhos,
esperanças, utopias da Imagem e do Ser, é-me ela a luz e a música de minha
existência, e sinto estar ela sempre indagando a nossa Entrega, em nível de seu
espírito e coração, sou-lhe a mão que segura a sua e seguem passos e traços,
dizendo-lhe sempre comungados, sintetizados, conciliados, o nosso destino
construído com as artes de nossas mãos e sentimentos, Humanidade do Ser.
Ternamente e eternamente juntos.
Travessia do
dia e noite, o sono que me vem revelar o desejo de sonhos que se manifestam em
imagens, que me vem despertar os linces do olhar as coisas, captando-as,
re-colhendo-as, a-colhendo-as com perspicácia e habilidade, deixando-as livres
de se a-nunciarem, sem razões, intelectos, interesses, unicamente o projeto da
sensibilidade nas palavras, mesmo que a intelecção delas seja abismática,
abissal, quiçá mister outro vê-la e des-vendá-la, des-nudá-la...
As janelas
de guilhotina, de todas as casas, mesmo aquelas em que ninguém mais habita,
estão fechadas, e aquelas que, desabitadas, pela ação do tempo, estão caindo,
restam apenas escombros, por dentro conduzem inerente à vontade à Cruz do
Cruzeiro, Cristo Redentor, que mostram às cidades a redenção e ressurreição, o
perdão, e isto é alcançado com o retorno ao amor que fecunda e gera a compaixão
e misericórdia, e por que só atitudes de não, hipocrisia, falsidade, farsa,
trafulhas, tramóias? Patrimônios Históricos e Culturais, das Artes só
frutificam por intermédio das transformações e mudanças ao longo das
perspectivas do tempo e história, in-vestigando-lhes as idéias que se
conciliam, comungam, aderem, embora as ad-versidades.
As coisas,
sejam de que nível e elevação, origem e decadência, podem chegar ao ponto em
que não é dada a dádiva ou unicamente privilégio em não poder mais entregar-se
à tendência contemplativa,
(Sic), ir
passear com os pensamentos, divertir com as idéias,
aprazer nas
quimeras de companheiros de mesa, de conversas elevadas, sem sensação de culpa
e uma consciência pesada.
Em mim
sentindo íntimo, a alegria conjuga versos
A felicidade
recita de rimas as fantasias do amor Correspondido,
Do amor
Sentido
profundo,
Do amor
Saboreado,
Do amor
Entre-laçado
de corpos
À procura do
clímax absoluto e pleno
No que em
mim deseja de Verdades
As regências
verbais tecem de erudição
A estética
do estilo sensível, espiritual,
As
dialécticas da contingência e psique,
As metáforas
conjugam de imagens
A
linguística do eterno,
As regências
nominais desenham
No horizonte
as perspectivas
Da linguagem
do Ser e Tempo,
Não se pensa
o Ser e Tempo sem
Os verbos
que lhes habitam,
Mesmo que os
verbos se localizem
Além do
Tempo e do Ser,
Não se sente
profundo o Ser e o Nada,
Sem conjugar
a liberdade e as consequências,
Gerenciar as
escolhas e as utopias da consciência-estética,
Seco
fotográfico, paisagens e personagens,
Semblante,
drama e tragédias,
Fisionomia,
algozes e vítimas,
O Diabo e o
Bom Deus,
Dentro de
uma mesma perspectiva existencial,
Os dados d´A
Náusea lançados, projectados,
D´O Vazio
solapado nas bordas da palavra e língua,
E nos
interstícios da alma de verbos alucinados,
Esperanças
delineiam de perspectivas
Cânticos
solenes em uni-versos líricos
Plen-itude
de êxtases compõem de estesias
Alhures de
sentimentos à busca
De
subjetivas verdades
Algures de
desejos de felicidade à busca
Do espírito
de con-templar o absoluto
Sentido
efêmero,
Sentido
volátil,
Sentido
nítido nulo,
Sentido
estrela cadente,
Sentido
vazio
Sonhos do
belo, beleza de re-fazendas conjugam
Imagens e
intuições,
Perspectivas
e inspirações,
Criatividade
e percepções,
Re-criando
da memória o movimento,
Literalizando
da recordação os instantes,
No poema do
espírito a presença viva
Do eterno
feito amor,
Do efêmero
feito desejo,
Das
Serpentes de Zinco, o presente do Espírito nas
Línguas
divididas, não se reúnam, o veneno não
Será
injectado....
Alguém que
permaneceu demasiado tempo no seu canto e foi levado ao desespero por ela, e
contrariamente a essa permanência, agora desfruta entusiasmado do ilimitado, da
"liberdade em si."
A síntese
faz o veneno da tese e da antítese, compreendam ou não, entendam ou não o que
ad-vém de por trás destas palavras e metáforas, eis
O mais
profundo que tenho que viver
E
investigar.
A palavra é
o espírito da vida. Deus, Iluminação, Amor, Misericórdia, Ágape, Nous, Theos,
Inner, Numinoso, Assunção. Creio que diante de tantas dimensões divinas e
humanas, o homem está cheio do Amor de Deus, entupigaitado de utopias nascidas
e re-nascidas sob o ângulo inverso, e por isso mesmo é um povo humano,
hospitaleiro, gentil, em demasia cínico, irônico e sarcástico, mas isto devido
ao fato de que é um povo que busca, que deseja, tem vontade do Sublime e do
Sagrado.
Há procissão
de águas na moldura da vidraça. Encontro o sentido do Silêncio e da Humanidade
do Ser. Numa refração de ouro claro, de cristal inda nos sacos a ser
trabalhado, surge o momento em que palpitam as asas de uma águia, recolhendo a
sin-fonia de águas revestidas de silêncio, ópera de ventos sibilando as
solidões do mundo e do homem. Surpreendo a sombra e o deserto sob a
ambigüidade. Pré-sinto outras alamedas e becos por onde traçar os passos e
marcas.
Do há-de ser
feito querência
Do simples
feito grandeza
Do nada
feito travessia para o além...
Sentimentos
leves perpassando o íntimo,
Carinho,
Ternura,
Afeição,
A face dos
ventos arrasta e dispersa as nuvens, agora tudo se amassa em encantamento ou em
indiferença ou em absurdo, e faz sair um brilho nos olhos, que experimenta a
vereda, que evoca com as asas ensopadas, o horizonte em que me encontro é a distância
verdadeira, sigo-o como cumpre fazê-lo. A idéia de presença se confunde com o
presente, enquanto a idéia de distância indica passado. Mais longe, mais
profundo sinto um quadro de menino à janela de guilhotina, a lua
resplandecendo. Impossível re-conhecer o meu rosto, mas sei quem sou nestes
devaneios e metafísicas do tempo e do espaço verbal entre os sentidos e as
perquirições.
Poucochito
escuto música romântica,
Re-cordações
de, às seis da tarde,
Passava na
praça do fórum,
Ouvia a
música italiana Silenzio,
Sereno,
tranquilo, parecia flutuar,
Alguns
estudantes sentados revendo as lições,
Escrevendo,
quiçá terminando redação,
Escrever o
Som - como poderia alguém realizar isto?
Fantasias
perpassavam,
Retornava
aos pensamentos normais,
Aproximando-me
de casa, esvaeciam-se,
Silêncio.
O que há
comigo para ninguém nem mesmo
Acreditar
nos meus maus argumentos?
O sol
deita-se e as nuvens azuis colorem os terraços brancos. Afigura-se-me haver
distendido uma mola no interior. Parece-me, em princípio, haver sentido uma
eclosão, por haver dito com o mais singular, manifestando-me para além do
inteligível, larvas daquele vulcão lá na Itália em plena manifestação, fase de
erupção, lenhas da fogueira a cremarem as lenhas das razões, intelectos,
ideias, utopias de todas as coisas, apenas deixe as cinzas que se esplenderão
pelos ventos e sibilos, outros sentires e pensares.
Ouço o
pulsar do coração, extasiado de emoção,
No que em
mim trago dentro, as volúpias da alma
Transcendem
as elegias do instante de sonho,
No que fora
de mim, trago sob investigações
Avaliações,
considerações,
Ad-moestam
as perspectivas das bem-aventuranças,
Momentos de
justificativas e explicações
Do reverso
destino das in-versas utopias do Ser.
Na límpida
transparência das águas, a luz segue o itinerário sem limites, sem pressa, sou
eu quem aspira e ins-pira a vida, à procura da fonte originária que a busca do
mar alcança, as ondas sonoras, linguísticas, metafísicas bebem e saciam a sede
da longitude e proximidade do Verbo e do Ser.
#RIODEJANEIRO#
17 DE DEZEMBRO DE 2018)
Comentários
Postar um comentário