Paulo Ursine Krettli ESCRITOR E POETA COMENTA A OBRA REUNIDA A PARTIR DO TEXTO "ANJOS DO SENHOR"
Todo escritor tem uma característica própria marcante; a do Manoel
Ferreira Neto é a utilização do - para separar, mesmo fora do padrão
convencional, ou agrupar palavras de acordo com o momento
espaço-tempo-psíquico-emocional na confecção dos seus textos. Linguística e
epistemologicamente esses - têm significados, abrindo novas perspectivas de
análise literária.
Paulo Ursine Krettli
Putz!... Logo de imediato a acordar pela manhã, receber
"comentário" de um texto, primeiro comentário nesta dimensão, após
longos e longos anos com a pena na mão, isto não só alegra sobremodo, deixa-me
contente e realizado. Ninguém jamais comentou sobre a Separação das Sílabas nas
palavras, transgredindo as normas gramaticais, que sem dúvida são para abrir
novas perspectivas de análise literária. Disse-o de minha alegria, de meu
contentamento. E da minha felicidade? Seria que não me sentisse feliz? A
felicidade, a minha grande, imensa felicidade é este comentário, esta análise
vir de meu amigo, companheiro e parceiro das letras, há quase quarenta anos. Só
mesmo o Poeta Paulo Ursine Krettli, nossa convivência literária e poética,
poderia realizar esta análise com tanta sapiência, percuciência, sabedoria.
Digo a pleno pulmões: "Minha obra esperava esta análise de Paulo Ursine; e
como tudo tem o seu momento, seu tempo de acontecer, está acontecendo nos
momentos iniciais de nosso reencontro após vinte anos de afastamento."
Caríssimo e queridíssimo amigo, obrigado de coração por sua amizade sempre
carinhosa, terna, leal, fiel. Obrigado por esta felicidade tão grande que ora
sinto no peito. Abraços!!!
Manoel Ferreira Neto
**ANJOS DO SENHOR**
PINTURA: Graça Fontis
PROSA POÉTICA: Manoel Ferreira Neto
Anjos do Senhor,
Sendas de melancolias, projetando édens de re-cord-ações enoveladas de
perspectivas da inocência que con-templa, no eidos do tempo, a felicidade plena
de verbos tecendo de versos as metáforas do amor e do bem, metáforas moventes
de semânticas do eterno, nas linhas horizontais do além, a ingenuidade do ser
perpétuo de iimagens que bailam nos re-cônditos da alma a sinfonia sin-crônica,
harmônica das con-tingências que se esvaecem, sobrevoando o silvestre de campos
idílicos habitados de estesias do alvorecer sob a esperança do Ser.
Anjos do Senhor,
Veredas de nostalgias, trans-elevando nas asas leves do verbo de
proscênios ampliando a visão da cortina que se abrirá e no palco das
linguísticas diáfanas do sonho a performance do uni-verso sob a luz das poiésis
do divino tecendo de espíritos a essência das fontes de águas cristalinas, em
cujos itinerários de travessias lua e estrelas são guias para o in-finitivo
infinito e inaudível do silêncio que a-nuncia as vozes do tempo, vozes de
rogos, vozes de clamores, vozes antigas de verbos do prazer da paz e liberdade,
vozes de desejos e vontades do ad-vir revelado de lembranças in-transitivas do
genesis e apocalipse...
Anjos do Senhor,
Alamedas de saudades, do que fora a plen-itude perpassando nas bordas da
pureza sensível, tecendo estrofes sin-estéticas do ser atrás do espelho dos
cosmos, re-n-"ov"-ando de pectivas as éresis do absoluto perfeito, as
iríadas efêmeras do nada obtuso que origina o caos do vazio esplendido de
vácuos, res-plendido de abismos da solidão de cem anos perpétuos, cem anos em
cujos tempos efígies do tempo eivadas de saudades, ausência do sentimento
presente que se nutre do vir-a-ser da vontade do encontro, re-encontro para o
re-nascimento de outras esperanças além dos instantes-limites, aquis-e-agoras,
além do que trans-cende quaisquer trans-cendências, e outros inter-ditos de
inauditos mistérios pres-"ent"-ificando o espírito que jorra a alma
na fonte da vida em estado de concepção da carne e do verbo, das dimensões
trans-subjetivas do corpo que figura o movimento de gestos e passos à luz diáfana
e trans-lúdica do puro.
Anjos do Senhor,
Res-pondam-me, o que habita no amor além das luzes da paz, das
realizações, da felicidade, do prazer.
Sucederia que, ao final deste dia,
O há-de afluir procrastina o sossego,
Preterindo quimeras de ser – da – eloquência,
Hipoteticamente brotando
As pétalas do devir em rosáceas,
Cujos odores extasiam
As crenças solares do ultra,
Cuja pulcritude da alma,
Guarnecida de espírito,
Arrebata as intuições,
Sobrepujados de argueiros e fantasmagorias
Às azémolas do perene,
E o rigor do limitado
De literaturas "exaram"
O póstumo título do "Ente",
Preceitua a lápide da origem
Entrada ao anteriormente era a eloquência,
Após a carnação,
Carnação dos temores,
Carnação dos despojados,
Carnação das ansiedades,
Carnação das melancolias e taciturnidades,
Carnação dos piáculos, escapadelas,
Carnação das inculpas, constrições,
Só os amásios das favelas
Engravidariam as ociosidades da veras?
(**RIO DE JANEIRO**, 27 DE FEVEREIRO DE 2017)
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