O VAZIO - PREFÁCIO DE MÁRIO DOS SANTOS
Não
me lembrava de haver deixado em mãos do Amigo e Poeta Paulo Ursine Krettli
43(quarenta e três páginas) de meu romance O VAZIO, o original. Recebi-o hoje
inda sem revisar, a revisão será feita por mim e por ele.
Lembrava-me
vez por outra haver alguém escrito o prefácio, seminarista e estudante de
Filosofia, cursávamos Filosofia juntos, Mário dos Santos, mas pensava tê-lo
perdido. Lendo-o de princípio pensei houvera sido eu próprio que o escrevi.
Relendo-o, por essa exposição "vigiando de perto um realismo social e
psicológico, o que nos possibilita a questionar sobre a tonalidade dos
fenômenos oníricos e inerentes, que se apresentam acirrados, sensível e
emotivamente, no entrelace da vida e da morte, da satisfação e da angústia, da
esperança e do desespero, da criação e da natureza...", não o fora, não
atinava com esta visão do romance à época.
Prefácio
de Mário dos Santos.
Prefácio
“O Vazio”
Como
o homem, ser indefinível, em si mesmo e nos seus impulsos cotidianos, pode
situar-se na existência e conviver com o que é mutável? Enquanto sujeitos das
contradições sociais e das relações afetivas, vivemos o nosso “mundo” pensante,
racional, emotivo, sexual... Velamos pelos nossos conflitos, achamos fantástico
e sutileza do perigo no contexto extensivo do termo!
Curiosamente,
navego minhas reflexões, a respeito desse romance, em um sítio do interior
mineiro, cercado por uma natureza calma e viva – retrato oposto do contingente
vivido por Romualdo Lacerda, principal personagem de “O vazio”. Nele, o
questionamento é fundamentalmente uma síntese do homem moderno, que se explica
e explica a complexidade dos seus sentimentos através da tese fenomenológica da
existência.
Mas
afinal, o que significa existência? Existir é o que é essencialmente? Dentro
dos seus parâmetros e princípios filosóficos, dos seus valores éticos e morais,
o autor configura “O vazio” em respostas múltiplas às interrogações acima,
transpassando o natural ao surreal, vigiando de perto um realismo social e psicológico,
o que nos possibilita a questionar sobre a tonalidade dos fenômenos oníricos e
inerentes, que se apresentam acirrados, sensível e emotivamente, no entrelace
da vida e da morte, da satisfação e da angústia, da esperança e do desespero,
da criação e da natureza... E, como ápice, revelando o contraste essencial
desses dualismos, através de um suicídio imaginário, mas duplamente
fundamentado, o autor enfatiza a existência do vazio e a expõe – vazio por quê?
Aí reside todo o processo problemático do romance, particularmente de Romualdo
Lacerda, seus deslizes e conflitos.
Mário
dos Santos
(Estudante
de Filosofia na UCMG, 1982)
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