RESPOSTA BIOGRÁFICA DE Paulo Ursine Krettli AO POEMA /**AMIGO... GRITO ANTIGO**/
Engraçado,
né? Grito Antigo, livro de poesia, lançado em 1989, ganhar essa repercussão
toda! Essa estupenda ilustração, tirando os anzóis e colocando pequenas ondas
das pedrinhas atiradas por mim no rio, relata um pouco desse segredo. Devo
confessar que a alma de Grito Antigo está constituída por Araçuaí, seu Rio, um
pouco da minha infância por lá, pelo Amor (amores - platônicos, possuídos,
amados) e por mais de cinco mil poemas feitos de 1971 ao início de setembro de
1987, menos de quinze após o falecimento do meu pai Laurindo, nos quais relatei
meus ganhos, perdas, loucuras, algum martírio... Como cinco mil poemas? Pois é,
eu não queria publicar qualquer coisa, qualquer rabiscado que viesse a ser
deboche. Eu lia muito (como li muito - e leio! - pela vida afora), escrevia
muito, diariamente, em especial sobre os amores (os não possuídos
principalmente) que me fizeram do Amor "com e para" realização plena,
não só o amor carnal, mas o amor pela humanidade! Assim, do início de setembro
de1987 a janeiro de 1988, cinco ml poemas foram relidos. Relidos e marcados (ou
não) seus versos, ou frases, ou palavras. Finda essa etapa, os poemas não
marcados (a maioria!) foram jogados a um canto. Relia alguns novamente, mas
nada encontrava que pudesse sem merecer destaque em alguma frase, algum verso.
Após onze dias da releitura definitiva dos poemas não marcados, tomei a decisão
de queimá-los. Depois de queimados esses, sem nenhum remorso ou pena, reli
novamente os que ficaram sumariamente marcados. Depois de outros meses de
intensa combinação de frases, versos, palavras - e a emoção dessa combinação
que me levavam de volta aos meus tempos de menino, adolescente e juventude,
cada qual com suas emoções e lembranças -, em outubro de 1988, Grito Antigo
estava esboçado. Daí até o seu lançamento, foram outros muitos dias de
pesquisas, de revisões, de aprovação da belíssima capa feita pelo amigo Paulo
Mendes Alves, de recolhimento do excelentíssimo prefácio do Professor Custódio
de Oliveira, assim como dos emocionantes comentários, entre eles o do nosso
Manoel Ferreira Neto.
Paulo
Ursine Krettli
**AMIGO...
GRITO ANTIGO**
PINTURA:
Graça Fontis
POEMA:
Manoel Ferreira Neto
Amigo,
Grito
Antigo é o silêncio
Habitando
a sensibilidade
Que
versa saudades, melancolias
Que
versa-com(con-versa) sonhos, esperanças,
Monologa
fantasias, dialoga a liberdade,
Que
tergi-versa a busca do Ser, da Verdade,
Não
sendo esta a luz que você projetou na obra,
Sinto
o Grito Antigo,
Con-templo-o
através deste sentimento,
Desta
emoção,
Do
que hoje vivemos,
Amanhã,
o que nos espera,
Onde
- nós?
Onde
nós?
Nossas
ilhas serão diferentes,
Distantes,
Nossos
desertos serão à luz de reflexões,
Miríades
de oásis no olhar que tergi-versa os linces,
Perscruta
a imensidão do universo, horizontes...
Em
que nível sentirmos o Grito Antigo,
Sempre
estarão presentes o sonho, a esperança,
Algo
a ser atingido,
Conquistado,
Realizado
O
Grito Antigo que me habita, é-me
Nos
abismos da alma, nos seus redutos,
O
verbo da entrega, o intransitivo da doação,
Mister
aflorá-los, fluí-los,
E
quando penso em Grito Antigo,
A
imagem de águas límpidas seguindo o rio,
Àguas
outras a todo átimo de instante,
À
margem con-templando-o(as),
Imagens
se a-nunciam de tempos outros.
Grito
Antigo...
(**RIO
DE JANEIRO**, 19 DE FEVEREIRO DE 2017)
Comentários
Postar um comentário