DECURSO CÉLERE DO TEMPO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@

A minha liberdade constelada

De madrugadas universais

À luz das estrelas, lua,

Efêmeras emoções saltitando

Nos sons da língua a musicalizarem

As travessias dos sonhos

Às nonadas de paixões subliminares,

Às passagens dos sentimentos,

Aos ases do nada de ilusões subjacentes,

Eternas idéias pulando

As falhas, faltas, ausências do sublime,

Náuseas exprimindo qualquer coisa

Na ânsia do nada superior a si-própria...

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Agora que vejo tudo claro

Quero dizer qualquer coisa

Metafísica e real,

Coisa passando por dentro,

Feitios de todos os pensamentos

Num cortejo de mim

Intercalado de primeiras quimeras

E sensações verbais,

De carências e instintos infinitivos

Que desfraldam os objetos

Imagino possam

- A cega-rega das impossibilidades,

Paradeiro indeciso do meu destino –

Formilhar os modos de todas as idéias

Nos êmbolos da alma

Com os mistérios das coisas

De por baixo das pontes,

Nos entre ferros do mata-burro,

Dentro das cavernas, grutas, abismos,

Fora das margens da estrada

Sem porteira, sem cancela,

Poeira cobrindo os pés,

Com o destino a conduzir

A caravana dos idílios, desvarios,

Devaneios do eterno e do simplesmente plausível

Pelos caminhos vazios de nada...

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Que sei eu do alvorecer,

Canto dos pássaros,

Nascer do sol?

Que sei eu do que irei sentir,

Sentado à mesa, tomando o café da manhã,

Pão fresco com presunto, vitamina de aveia com banana,

Olhando através da porta o quintal

Cães deitados na grama?

Que sei eu do que serei,

Aquando no crepúsculo deste domingo

Estiver passeando na orla marítima

Espairecendo a mente das labutas da semana,

Pensando-sentindo nos desvarios, devaneios tantos,

Vivenciando os vazios quantos

A perpassarem-me nas veias rumo ao coração,

Instigando-lhe, eriçando-lhe

A pulsar inda mais,

Inda mais viver sonhos, aspirações sublimes, divinas...

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Consagro a mim próprio

Lisonja inócua,

Orgulho inóspito,

Vaidade íngreme

Por ser vazio de nada

Na metafísica do mundo

No decurso célere do tempo.

RIO DE JANEIRO(RJ), 29 DE JANEIRO DE 2020, 16:16 p.m.