PENSANDO A LOUCURA DO PENSAMENTO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@
Que penso eu do mundo?
Penso alguma coisa
Que valeria a pena escrever, dizer?
Penso algo de suma importância
Dizê-lo chamaria a atenção,
Daria rédeas à reflexão?
Não me é sabido o que penso,
Não me fora dada a dádiva de sabê-lo,
Tanto melhor:
Não tenho de espremer os miolos
Para tecer o pensamento;
Aliás, se tivesse um enfarto,
Após ficar no CTI por alguns dias,
Restabelecer-me,
Aí sim iria pensar nisso:
Saber o que penso do mundo.
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Que idéia tenho eu das coisas?
Não me refiro às do mundo,
Simplesmente as coisas,
O caixote de lixo, o cadeado da janela...
Que ponto de vista tenho
Das paixões da alma, da liberdade,
Da inveja, do ciúme, do prazer?
E sobre a criação da natureza,
Se criar a raça humana
Delongou mais tempo
Que criar os animais, os mares...?
Digo num só termo para não restarem dúvidas:
Não sei de nada.
Para mim, pensar nestas coisas
É simplesmente nada ter para fazer,
Nada ter para fazer é abrir
A porta da tenda para o diabo divertir-se,
Pintar o sete,
E abrir a veneziana da janela,
Minha janela tem a penas cortinas,
As penas não as movem.
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O enigma da verdade...
Irra, o que é isto – enigma?
Urra, existe a verdade?
O único enigma da verdade
É haver quem pense na verdade do enigma;
Quem está sentindo calor de quarenta graus
Não sabe que a sombra é paliativo,
Não pensa em nada
Porque a luz do sol que cria o calor
Tem mais valor que os pensamentos
De todos os filósofos, de todos os poetas,
De todos os teólogos e cientistas.
@@@
O único sentido
De não saber o que penso do mundo
É não ter metafísica
Que teça o mundo depois do pensamento,
Que pinte o mundo
Com as cores do pensamento;
É como pensar as razões do mundo
Sem razões para pensar,
As razões do pensamento
Sem haver o pensamento que pensa...
@@@
Não posso compreender quem pensa
Pensar o pensamento do mundo,
Quem pensa o mundo
Ter pensamento para pensar,
Não posso entender
Isso de eu querer saber
O que penso do mundo.
RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE JANEIRO DE 2021, 14:13 p.m.
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