GRAÇA FONTIS POETISA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 1000 /**A ILHA** - PROJECTO #OS VINTE E DOIS QUE ANTECEDEM O MILÉSIMO# ***
Sensacional,
de uma fruta fizestes um pomar, quero dizer meu caríssimo Escritor, reflorestou
"A Ilha" com pinceladas tão coloridas quanto de um pomar, só que de
lindas palavras colhidas e acolhidas com extrema sensibilidade, como quem colhe
frutas, tudo num piscar de olhos para não perder os instantes de deslumbramento
frente essa ilha pois perdê-los-ia com a chegada da noite, já que a noite
esconde ilhas! Parabéns e grata por esta maravilhosa intertextualização, mais
uma dentre tantas e tantos escritos inebriantes! Beijos....
Graça
Fontis
***
#AFORISMO
1000/
A ILHA# -
PROJECTO #OS 22 QUE ANTECEDEM O MILÉSIMO#
GRAÇA
FONTIS: POEMA E PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA INTERTEXTUALIZADA
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Ocaso, se
visto, con-templado, enxergado sob outros prismas e perspectivas, aquele olhar
denso, em cujos fictícios cais da memória reside o lince que re-colhe e a-colhe
neve prata sobre as ondas, revelará sobre a língua do tempo o que vibra em
segredo, isto o que se me a-nunciou num átimo de instante, com evidência
deixando-me surpreso e admirado, tanto que me perpassara um calafrio na espinha
dorsal tendo lhe sentido profundo, e esvaeceu-se.
***
Não tenho
certeza, se alguma vez já experimentei um sentimento tão presente e forte, mas
o que vibrava em segredo - sei o que desejo dizer, mister encontrar as palavras
certas - podia ser investigado em todos os níveis, sobretudo o inconsciente,
solstício de inverno a vista da vidraça da janela, cheiro, paz, espalhando
sentidos ininteligíveis, podendo isto explicar no instante do mover de
párpados, não havendo quem não confesse serem as palavras certas, nos seus
ínfimos átimos de instante, não tenho polícia na minha captura, a minha ilha
não tem porto, o padrão de mitos por que vivera muito tempo... desmoronaram de
repente.
***
Posso dar
voltas no jardim pelos seus caminhos sinuosos por alguns minutos, desejando
traçar as idéias e pensamentos, sentimentos, emoções, o ziguezague, o mar
trans-lúcido a tocar-me, perdendo-me, distanciando-me, dispersando-me, estando
inda lúcido, estando inda racional, confissão completa, desabafo rasgado de
verbos, diria muito pouco daquele instante de calafrio na espinha dorsal,
pensando que poderia enviar para Freud e a alguns de seus colegas dogmáticos
sobre isto de não me ser dado dizer o sentimento que me perpassara o íntimo,
mas algo dizia-me "... a noite esconde ilhas a quem não sabe
pescar...", a resposta a este dizer levarem-me longos anos e inda pouco
seria para sentir e contemplar o que é pescar numa ilha em que a noite não
esconde, remessando-me para o vazio, solidão, murmúrios nesta tépida noite, e a
mesma voz dissera-me em Latim "Nemo me lacessit impune", imaginando
eu que assim seja escrito, mas habitando os mistérios do calafrio na espinha
dorsal, tendo compreendido seria um prisma de re-velação deste sentimento
neste/nesse ocaso que o senti, aportando-me, dando-me ao cântico das águas.
Embora não soubesse o que a máxima latina significa, para mim significava, se
assim posso asseverar com lucidez, um suporte psíquico para o entendimento de "...
a noite esconde ilhas a quem não sabe pescar...", assim descobriria o
acaso de passar alguns dias numa ilha, hospedado em casa de uns amigos, indo ao
topo de um morro para assistir ao ocaso, tendo a vista do mar à frente, de
longe, ilha pequena, esquecida, onde ninguém sabe de ninguém, tocada pelos
ventos do norte. Em quaisquer outros pores-do-sol não me seria re-velado este
sentimento. Inconscientemente estou espalhando pistas de minha identidade, como
diz Hamlet, os sonhos podem se converter em qualquer coisa, o investigar com
percuciência, platinando exibições no crepúsculo, revelar-me-á a dádiva, a
graça de estar realizando esperanças antigas, o pôr-do-sol à luz de sentimentos
reais e verdadeiros, lânguidos e precisos passos ao se diluírem na areia inocente,
nós dos nossos sais, em quaisquer sóis das quatro estações, em êxtase. A língua
do tempo interpreta no chão desta caminhada há cores, brilhos estelares, tudo
vibra em segredo.
***
O casal
de amigos e eu ficamos conversando até altas madrugadas sobre suas
experiências, o que sentem no crepúsculo, na orla do mar, instantes mágicos e
"claro, de mãos entrelaçadas, curtindo nossas "cositas" ideais e
íntimas...", disseram-me rindo, e a pintora gentilmente, sorrindo,
dissera: "Deixe comigo, enviar-lhe-ei um quadro de um porto... Alguém
observando-lhe de longe num crepúsculo", era o seu modo de dizer que
representaria na tela o que sentira eu naquele ocaso do alto de um morro, o mar
visto ao longe. Despedindo-nos, dissera-me o escritor: "Não se esqueça do
que ouvira, a voz que lhe dizia sobre a noite esconde ilhas a quem não sabe
pescar... Nemo me impune lacessit... Certeza de que desvendará mistérios
inestimáveis de sua existência...
(#RIO DE
JANEIRO#, 01 DE AGOSTO DE 2018#)
***
#A ILHA#
GRAÇA
FONTIS: POEMA E PINTURA
***
Ilha
pequena, esquecida
Onde
ninguém sabe de ti
Tudo
vibra em segredo
Cheiro,
paz, vida
Rompem
seus domínios inacessíveis
Há nos
céus um solstício
de
inverno florindo
No chão
há cores, brilhos estrelares
Tocadas
por ventos do norte
Neve-prata
sobre as ondas
Platinando
exibições no crepúsculo
Só,
solidão, murmúrios
Marítimos
surdos
Acolhidos
na tépida noite insinuada
Que
circunda um rastejar
Lânguido
e preciso
Ao se
diluir na areia inocente
Trêmulas
de virgem feminez
Um volver
e revertem-se a conjugarem
Porto,
vento e tempestade
Minha
ilha não tem porto
Somente,
ele, meu mar
Fantástico,
translúcido a tocar-me
Sedento e
claro como cristal rebelado
Da minha
carne, corpo
Eu do teu
sal
Em
quaisquer sóis
Sóis das
quatro estações
Incontida
em comunhão
Onde a
noite esconde ilhas
A quem
não sabe pescar
E
No
fictício cais da memória
Não
aportou
Nem
deu-se ao cântico das águas
Em êxtase
Onde a
idade não pese
Mais que
pétalas
Sobre a
língua do tempo
Aqui e
agora, hora
Interpretando
solidão.
(#RIODEJANEIRO#,
01 DE AGOSTO DE 2018)
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