**CAMBIOCOZANDO DES-CAXIMBOS DE ALGAZARRAS* PINTURA: GRAÇA FONTIS POEMA SATÍRICO: Manoel Ferreira Neto ***
Tergi-versado
de percuciente
sentido e
perspectivas,
Di-versado
de intuitivas
anunciações
do saber e expectativas,
persigna-se
o nada,
ininteligível,
inconcebível
a fé
que em
seu alforje traz dentro,
sem
quaisquer intenções de forjar
em
benefício de si mesmo,
que em
sua algibeira traz guardada,
frente ao
uni-verso
que se
lhe apresenta
cara a
cara com o prisma lúdico
que
re-presenta aos olhos do tempo,
sem
arribas e confins,
vazio de
linha à entrelinha do espaço,
às
recalcadas dores psíquicas,
às
zagaias ânsias pela perfeição espiritual,
pingos de
palavras gotejando no crepúsculo invernoso.
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Persigna-se,
não
debulha as contas do terço,
não
trafilha com os naipes das idéias de rebanho,
em
verdade não conhece terço,
não tem
qualquer noção de cartas de baralho,
nem reza,
não sabe
única palavra de alguma oração,
quem lhe
segue não carrega terço,
não reza,
estas
"cositas" não lhes serviram de nada,
não lhes
deram qualquer resultado,
nas suas
trilhas seguem a jornada ao Infinito,
nos jogos
da mente vestem-se e revestem-se
de outras
significações, sentidos,
professam
ao longo dos tempos, solitários,
a
liberdade de cambiocozar as coisas
do
pensamento e do mundo.
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Persigna-se,
cambiocozando
des-caximbos de verborréias
das
mazelas, pitis,
dos
tremeliques, chiliques,
de
falácias das hipocrisias e farsas
ao sabor
das loucuras e nonsenses,
desvanecida
a treva espessa
sob o
profundo instinto de existir,
sob a luz
da tarde que confrange,
os
primeiros indícios da manhã que intimidam,
sob
particular demência,
sob o
desígnio das contingências ambíguas,
contraditórias,
dialécticas,
apenas um
eco no bosque decifra a mensagem.
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Persignou-se
diante do
uni-verso sem alhures, nenhures, algures
sem quês
ou porquês,
por
muitos lhe estarem seguindo,
convictos
e cônscios
de que
chegarão ao destino In-finito,
precisa
das arribas e confins para a viagem,
são eles
a sua bússola.
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Persignou-se,
nadificando
medos e tremores
de
desvirtuar seus seguidores,
tornarem-se
eles Perdidos no Espaço,
confusos
no Túnel do Tempo,
é enorme,
imensa a
sua responsabilidade.
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Persignou-se
com
aquele olhar edulcorante de viés
dirigido
ao vazio, olhar de sedução,
convite
para entrelaçarem o que lhes habita,
reconhecendo-lhe
o companheiro de náuseas e sonhos,
Virtuando
decisões sob a luz de "sei onde desejo chegar",
Permutando
contradicções, paradoxos, antinomias,
Permeando
todas as esferas da realidade humana,
Cumbucas
de outras visões, concepções, aspirações,
O tempo
nas mãos criando as vias,
Troca
confidências com o vazio
A vida
ter de construir a essência
Fazer os
homens redimidos e libertados.
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"Quê
estupidez a minha!" Nada que sou, nada que re-presento, não dependo do
uni-verso, sou livre, confins e arribas crio-lhes, invento-lhes, mesmo que as
veredas sejam outras, o In-finito seja mais distante, chego lá com os meus
seguidores, cumpro a minha missão com categoria e excelência. Ademais, os
seguidores se sentirão mais alegres e felizes por vislumbrarem outras
paisagens, paisagens mais fascinantes, mais deslumbrantes, inclusive
re-colhendo-as e a-colhendo-as, re-fazendo as esperanças e os sonhos, re-novando
sentimentos e emoções. Chegando ao In-finito, após o banquete de recepção e
confraternização, carne de ovelha assada, regada a Absinto, segue cada um o seu
próprio rumo, a etern-idade é de cada um. A etern-idade jamais foi para
rebanhos, cada um cria a sua conforme suas esperanças, utopias, sorrelfas,
idílios, fantasias, quimeras.
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Engraçado:
por que o uni-verso se me apresentou sem arribas e confins? Pergunta imbecil.
Sei perfeitamente a resposta. Deus e Mefistófeles estão rasgando verbos contra
mim, alfim estou desvirtuando os seguidores do paraíso e do inferno, estou lhes
encaminhando em vida, nas chamas de todas as con-ting-ências, ao In-finito,
paraíso e inferno estão se esvaziando, no futuro serão apenas museus
metafísicos. Quem ama de paixão museus e patrimônios são os insofismável e
incolumemente destituídos de alma e espírito. Deus e Mefistófeles estão
equivocados, não preciso deles para nada, sou livre, faço o que quero e quero o
que faço. Castigo de deuses é do tempo do Zagaia. O vazio e o efêmero não
pensam e sentem assim: tremelicam de medo de algum castigo de Deus e
Mefistófeles. Não eu. Sigo em frente.
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Persigna-se
e cambiocoza-se
Voltando
aos lobos da estepe. A etern-idade é de cada um. Sempre que posso, nalgum
a-núncio de curva do espaço, digo-lhes para memorizarem as paisagens que se
lhes re-velam, serão grãos da íntima e individual etern-idade. Ouvem-me com
percuciência. O mais triste para mim é deixar os seguidores no banquete,
aprendi a amá-los, nutrir imenso carinho e ternura por eles, a viagem ao
In-finito não é simples, tem as suas intempéries, alguns seguidores tem sérias
crises de angústia, tendo de retornar ao mundo das contingências, esperar
outros seguidores, perambulando, vadiando por becos, terrenos baldios, presenciando
boêmios e bêbados, poderosos e fracassados vociferando contra dogmas e
preceitos, leis e cláusulas, a vida para eles é a morte nua e crua, despida de
quaisquer ornamentos ou arrebiques.
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Perseguindo
As
colunas estruturadas,
Revisitadas
de eternas inclusões e absorções,
Trituram-se
nas próteses legítimas que não modificaram
Os
caracteres faciais, despertando outras visões deles,
As
intenções fundamentais de realizar o desejo de comer,
Deixar
passar na garganta livremente,
O prazer
do estômago satisfeito,
Permeiam-se
nas incontingências da alegria, felicidade,
Sonos e
sonhos do verbo ardente de ser
Pectivas
de faíscas de fogos que ardem as inspirações,
De serem
câmbios
De sonhos
e utopias
Das
quimeras do Ser à luz das Madrugadas
Que pedem
com humildade e simplicidade
Outros
linces de visões do alvorecer
À mercê
da essência da natureza.
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Vendo-me
a vadiar, pedem-me abrigo e afago, ofereço-lhes a viagem ao In-finito. Alguns
fazem a mochila: "Bora ao In-finito".
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Sou eterno,
a minha etern-idade é muito trabalho, labuta árdua: levar os carentes do
Cambiocozo ao Bosque das Quimeras", sem verborreias, as falácias sendo
poésis das contingências por revelar o mundo e o pensamento, quê modo mais
estranho e estrangeiro de satirizar a Mímese!
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 31 DE JULHO DE 2020, 11:58 a.m.#
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