DEIXE CORES. SONS E LETRAS SOLTOS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ***
Artífice da Imagem num entardecer à beira-mar iguabana perguntou-me o que era preciso para expressar em palavras o Imagem/Retrato dos Sonhos. Assim respondi-lhe:
Deixe a ausência do ser,
Ausência nítida, nula,
Azul celeste nas bordas de seus jogos da mente,
Onde a sombra de si nas calçadas, alamedas?
Onde? Por que é ausência? Poderia ser presença!
Preencher as lacunas do desejo,
Vazios do nada a perpassarem as frestas, frinchas
Das moléstias psíquicas,
Numinando de luzes os interstícios da inspiração,
Inspiração de outras instâncias de visões,
O olhar olhando os olhos que olham as coisas,
Linces e retinas colhendo o que lhes alimentam as carências,
Luminando de ideais os inter-ditos da percepção,
Alumiando de utopias os segredos da intuição,
Alumbrando de esperanças as cintilâncias
Dos verbos in-fin-itivos que a-nunciam porvires,
Dos verbos defectivos que subjetivam o perene,
Dos verbos in-trans-itivos que dimensionam
As divin-itudes sob os brilhos das cores vivas do arco-íris!
Das regências de ideais que lançam a flecha ao espaço
As perquirições sob o sentido re-colhido e acolhido,
Os dados estão lançados...
***
Deixe a segunda lâmina do machado
Ser afiada com as primeiras luzes do amanhecer
Para tocar o tronco da árvore com singeleza
Cortar as achas de madeira para crepitarem na lareira
Sob as ardências das chamas de fogo!
Deixe o amor esquentar o inverno!
Deixe as chamas da lareira iluminarem
As inquietudes soltas no in-finito!
Deixe-se adejar por sobre as ondas do mar,
Rumo à praia das constelações,
Orla das celebridades.
***
Deixe os sonhos de amor e poesia
Inter-ditarem as sin-estesias linguísticas,
Semânticas, estilísticas do pleno
Entrelaçado de etern-itudes e efemer-itudes!
Deixe o Príncipe Encantado a ver navios
Rapunzel a pentear os cabelos sob a luminância
Da Lua Nova,
A Bruxa sem a vassoura perambular pelos bosques,
Precisam espairecer suas lendas e causos,
Quê sonho de excelência, hein!
***
Deixe as gotículas de orvalho respingarem
Nas folhas livres ao sopro do vento!
Deixe o cântico dos cânticos contingenciar
Ritmos, acordes, melodias
Musicalizando de silêncios o in-trans-itivo verbo
Do tempo, do ser!
***
Deixe os raios de sol tocarem as asas do condor
Que sobrevoa livre abismos, vales e montanhas!
Deixe os mistérios, enquanto segue os próprios passos,
Brincarem com as sombras, sentir-lhes o aconchego,
Deixe os enigmas, enquanto sentada no tronco de árvore,
À porta da residências, num entardecer de temperatura amena,
Se divertirem pelas redondezas,
Andam sorumbáticos, se não lhes der o que querem,
Correntes e algemas também são vencidas,
Se entender de pintar o sete pelas ruas e avenidas,
Não se esqueça de fazê-lo e muito bem,
A performance deve ser dos deuses, des-lumbrar os olhos,
A dança performada de estilos diferentes, adversos, diversos,
A ad-versidade sob a cintilância da diversidade faz a diferença.
***
Deixe o deserto si-mesmo conceber oásis
Que serão trilhas de paisagens desenhadas
De tentações fortes para o limite
Luzes, contra-luzes re-fletidas no espelho da imagem!
***
Deixe a terceira margem do rio
Ser a travessia para o genesis da fonte,
Que inspira as ondas do mar, deslizando na superfície
Das docas, sendo a visão plena da imagem dentro
Do espelho incidindo o uni-verso das perspectivas do eterno,
Da imagem, refletida na superfície lisa,
Trás de si, o retrato representado das quimeras da alma,
Esquecidas nos flocos de inverno da terra-mãe,
Do pensamento, do mundo,
A des-velarem e des-vendarem o cristalino das águas
Que se espalhará na extensão da praia!
***
Deixe as ondas do mar tocar
Seus pés, enquanto caminha livremente na areia,
Sentindo a leveza do tempo, da flor, do vento,
Extasiando-se de sonhos, esperanças, utopias
Cores, luzes, contra-luzes, à moda e estilo poemas
Sonetizando o amor em notas de entrega e dedicação,
Sonematizando a sensibilidade em ritmos e ideais e volos,
Colorindo os traços das imagens inter-ditas,
No recôndito mais íntimo das cores em uníssono,
A face límpida da luz e contra-luz das esperanças,
Pintando os espaços do in-audito, inaudível!
A poesia do invisível, a visão,
Retrato sui generis de liberdade de fazer o destino,
De desenhar as trilhas de dimensões tão íntimas da alma
Que enlevarão indagações, perquirições, perguntas
A "Basta apenas saber para aquando as utopias são quimeras
De outras idéias e visões."
***
Deixe a neblina do alvorecer que cobre as montanhas
Esvaecer a distância entre o incognoscível e os mistérios,
Efemerizar a longitude entre o in-audito e o místico!
Deixe a chuva fininha e lenta cair nos bosques
Fecundando a terra, molhando a vegetação!
***
Deixe a lírica do pleno e do sublime,
Do vento... e da flor...,
Poetizar o som dos poemas,
Soniatizar as estesias e ex-tases da leveza do ser,
Êxtases da excelência das cores nas sendas do amor!
***
Deixe as inquietudes soltas no in-fin-ito
Serem a Arte
Serem o Belo
Serem o Desenho e a Pintura,
Serem a Desejância, Querença
Do Sono de Sonhos, Magia!...
A estrada é longa, a magia da imagem às palavras é deixar a pena à mercê das utopias dos sentidos, percepção, intuição, inspiração das cores e metáforas...
#RIO DE JANEIRO(RJ), 21 DE AGOSTO DE 2020, 12:27 p.m.#
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