#NAVALHA DO CÉU E DO NADA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA ***
Dever
Liga o homem acima de si,
A um sistema, ordem de coisas
Só o intelecto pode pensar, meditar, refletir,
Ao mesmo tempo submete o mundo sensível
E com ele a existência, o existir empiricamente determinável
Do homem no tempo, no mundo
Em todos os fins.
A liberdade, a independência do mecanismo
De toda natureza.
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Perdeu-se tudo nas curvas
Que não foram achatadas no tempo,
Mar, montanha e ilha
Cor de limão prelibado no cádmio
Sereno de tudo são a paisagem vista.
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Hei-de passar o tempo à procura de uma flor de cactos, hei-de me fazer feliz como se fosse raiz: dar frutos, ser sombra, colher a última folha que a primavera deixou; hei-de ser a arte, ser vida, ser ponto e partida.
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Toda a ardente ebriedade de meus reais pensamentos, verdadeiras idéias, férteis imaginações, tudo gozei nas noites de amor, nas noites de sorrelfas, nas noites de sofrimentos, noites insones, nas letras de incólume vazio, nos vernáculos de efusivas esperanças, de insegurança e medo.
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Ao invés da luz, do aroma, ou do alento ou da voz, encontro a fonte de todo o ser, e fonte de toda verdade, verdade que vivo e experiencio ao longo dos dias de existência, no percurso das contingências de contrassensos e utopias, verdade que há-de vir, resultado e conseqüências de outras que apenas delineei na alma e espírito, deixando-as ao léu.
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Vaga nas linhas curvas, nas entre-linhas sinuosas, de letras e frases curtas, de pensamentos e idéias profundos, que não tenho medo de identificar, inquietas letras, espalhando-se pelo papel esbranquiçado, liso, como um peito que deseja abrigo com o coração em êxtase, num só pulsar que troveja, e me traspassa os nervos de flor, de vidrilho... e amor na límpida transparência das águas, nas asas cristalinas das emoções, as vezes que o amor é apenas reflexo da dor, é um sentimento que esmaga o peito, devorando o corpo e a carne, como enchente num leito de rio, tragando vagarosamente a vida, arrastando consigo o homem à procura do mar que o universo atinge.
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Tenho de considerar, reconhecer
O meu próprio ser
Em relação com meu segundo
E mais elevado destino,
De outra forma do que com júbilo,
Devendo também considerar com respeito
As leis desse destino.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 13 DE OUTUBRO DE 2020, 06:55 a.m.#
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