#FACE PERENE DO ABSTRATO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ===
Arroubo alevanta-me,
Vertiginoso ergue-me e o espaço abre-se
Da comunidade de mim com o espaço sideral,
O alarme e o augúrio, o sufocante mistério,
O laço mortal dos erros e crimes,
O entrelace das moléstias psíquicas,
A profundidade da noite
Lavado de grande lua cheia,
Raios imóveis de uma oração mutilada,
Silenciosa imagem do arrepio dos séculos.
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Sou tristeza
Perspectiva pujante sinônimo
Do etéreo.
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Querer brincar com estrelas, devastar matagais, velejar, comer a fome dos becos, queimar a luz do luar, lavrar o corpo no grito. A Cultura, num esforço de fênix, tantalicamente, recomeça, do zero, em baldada luta, seu novo ataque à natureza, que não aceita ser vencida, apesar de, aparentemente, parecer ser prisioneira da Cultura.
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Sou dor
Anestesia eidética, estética,
Êxtase da arte!
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Por que mistério o sonho se banha na arte, a arte se refestela no verbo sem sombra e fugidio, "o fado de alumbrar desejos" comunga o eu e o mundo, estado de espírito que é desabafo íntimo?
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Luz uma luz
Em forma de imagem resplandecente
Através de que con-templo
A face perene do verso verbo do tempo.
Pureza irreal,
Anterior à minha humanidade
E onde, no entanto,
Sinto presente uma parte de mim.
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Não me restam fatos
Como objetos do irrevogável
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Desejo, busco
- Uma desejança -
A expressão da face perene
Embora abstrata, metafísica.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 25 DE OUTUBRO DE 2020, 07:59 a.m.#
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