CONTRATEMPOS DO NADA ACHEGADO AO SILÊNCIO VAZIO DA NOITE# GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ####
Se hoje o vento de nordeste lufa,
O mais querido entre os ventos,
Toques e sensações nos pelos dos braços,
Na pele do corpo prazeirosos
para mim, porque, com espírito fogoso,
promete-me boa viagem pelo vale de orquídeas,
Além, onde na margem estreita há um pontão,
E o ribeiro se afunda na corrente
De elos espichados se unindo;
Mas lá do cimo um nobre par de castanheiros
E álamos brancos observa o mundo;
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Se vazio o mito, quiçá legenda,
Sonhara engastanhar-se ao nada,
Gerando o silêncio das pétalas secas
De flores de brilho cintilante, o orvalho e a luz
Do sol alvorecendo de por trás da montanha,
Dera origem,
Então por que não sarapalhar o mito
Pelos campos e vales da terra-mãe,
Bosques e florestas à beira das lagoas,
Engastanhado à legendária natureza
Que frinchas de visão além abre,
Entre as galhas e folhas
De lado e outro da estrada
De cáctus às margens,
E multiplicando os linces de olhares
Às visões do espaço perdendo-se no universo,
Sarrabiscar as palavras que se olham
No espelho, vislumbram
A face dos sentidos, signos,
Símbolos, metáforas,
Criando silêncios de sons comungados
Ao ritmo e melodia da fé, esperança, sonho
Ao arranjo e acorde das utopias da liberdade
Musicaliza vazios originais do pecado venial,
“Mas dragam a soberba da razão ou jaz em paz”
Nada como auscultar os contratempos da alma
Achegada no silêncio da noite à luz
Da chama de abajur.
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Se hoje, nos abrigos onde se aninham os enxames,
As abelhas nutrem maribondos que por toda parte seguem,
Obras do mal,
Armazeno em meu ventre o fruto das penas aleatórias.
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Nada
Mais sonhador que meu coração.
Sonha amar, a verdade amor que lhe habita,
Entregar e receber sentimentos, emoções,
Doar ternura, dedicação, carinho, afeto,
Correspondência sensível, reciprocidades do espírito.
Amar é sensível, amor é sensibilizar a sensibilidade,
Viver o abraço terno, carinhoso, afetuoso.
Amor não é sentir o desejo, a vontade da entrega,
Amor é a entrega, e o meu coração é entrega,
Está se entregando às volúpias e êxtases de meu ser,
Às observâncias do cosmos mundano,
Sinto-o, não o verbalizo, não o analiso,
Não o interpreto, não o critico,
Sinto-o em mim, sinto-o presente
No mais profundo de meu íntimo.
O peito arfa convulsivamente,
Idéias e pensamentos neste instante
São puros sonhos, esperanças,
Aquele sonho da felicidade,
Felicidade de sentir a verdade mais pura de minh´alma,
Aquela esperança de comunhão,
Aderência ao ser amado, o verso-uno,
Sermos um só ser em nós.
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Se hoje é a inspiração do belo
Que reduz o horizonte de límpidos raios do Ser,
Que consome os espectros do sublime,
A vida metaforiza,
Literaliza o momento de divin-itudes,
Intertextualiza o instante
O nada e o ser eterizando-se,
O verso e o poema esfumaçando-se,
A prosa e as estruturas prosaicas dissidindo-se;
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Nada
Mais intenso que o amor paixão
Nada
Mais inspirador que a graça-amor
Nada
Mais esplendente que a cintilância do espírito
- verbo-de-ser -
Nada
Mais revelador que a dimensão do divino
Iluminando o baldio das sinagogas do eterno
- verbo de ser nada –
Nada mais glorificante que a luz
Incidindo nas linhas hermenêuticas de papiros
Pósteros que a história gira,
Sonhos e esperanças rodam no vazio
Dos tempos, da continuidade do ser
Refazendo a liberdade.
Nada
Mais amável que as sensações
Do espírito subterrâneo emergindo das grutas
Inconscientes descumpridas de penitências.
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Se hoje é a verdade do amor paixão
Que seduz o celeste de nítidos nulos do absoluto,
Prazeres, alegrias entrelaçam-se nas rodas-vivas
De sabedorias e sapiências, atingindo o supremo
Silêncio..., essência-eidos do espírito sereno e suave
Que vislumbra, visualiza o inconsciente de sinagogas
À luz brilhante de genesis dedilhada nas cordas
Do violino, recitando o cântico dos cânticos,
Poetizando o amor paulino.
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Se hoje é o templo imperfeito de mim
Que recebe a iluminação do verbo e fonte de águas,
O abismo que anuncia o perene
Alvorece na soleira da montanha,
Amanhece no limite dos pampas,
Desperta no limiar do sertão,
Acorda na soleira do deserto,
E sou o absoluto do nada à luz
De todos os sonhos, esperanças que em mim trago;
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Nada
Mais po-ético que o sentimento da cáritas
Vers-ificando de sensibilidade o in-finito do Ser
Nada
Mais nada que o nada nadificando as verdades
Da ressurreição, redenção, da morte ser
O princípio e virtude celestiais,
Estar do lado direito de Deus,
Nada
Mais revelador do que a própria vida significa
Ao lembrar-me da floresta de ulmeiros dobrando
O extenso cume, por sobre os moinhos.
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Se hoje é a inspiração do amor paixão
Que reside na fronteira da lembrança e esquecimento
Alimento nos interstícios de minh´alma
Da seiva da estética dos desejos, vontades
E plenifico a querência da omnisabedoria
Nos braços abertos da volúpia lúdica do ser verbo.
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Nada
Mais sublime que o espírito da po-iésis
Concebendo de orvalhos a verdade da entrega
Nada
Mais perfeito que a imperfeição contingente da felicidade
Delineando de cores vivas as buscas do paráclito
De prazeres, êxtases, volúpias, estesias
Nada
Mais estético que o amor à verdade do verbo
Uno e Verso que se projetam no outro de carências e solidão
Nada
Mais trans-cendente que a con-tingência de dores, sofrimentos
Pro-jetando-se no limiar espelho dos desejos absolutos,
Nada
Mais mais que con-versar-se e dizer-se o que
Vai no coração e ouvir muitas coisas
Sobre o dia do amor
E dos feitos que aconteceram
Nas linhas póstumas que a pena
Tece melancolias e nostalgias no papiro,
Cheiro mágico das almas envelhecidas
No contínuo histórico mundano.
RIO DE JANEIRO(RJ), 23 DE MARÇO DE 2021, 23:17 p.m.
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