O RIO BEBIA A FLORESTA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ***
Epígrafes:
Húmus de terços dispersados de compadecidos
De sorrisos passageiros, tristezas contínuas,
Retalhos de seda envelam o anoitecer,
Na alforje o que silencia o resto das cogitações,
Para me sentir inteiro, alfim mister sê-lo,
Reverso as razões de afogar mistérios, temores, tremores.
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No refúgio d'alma
Para que sôfregas perscrutações
Disfarcem o desgarro da voragem longa de pesadelos
E novos semblantes ergam-se no sossego
De outros caminhos até a eternidade
Antes que seus passos arrastem
Repulsões e ascos desse mundo... (Graça Fonti, in: AZ-VIANDO CAMINHOS)
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Sou homem imperfeito na vida, existo às in-versas das falácias e etiquetas, no caminhar por entre o picadeiro da vida e a vida de todos os picadeiros, florestas das esperanças e as esperanças de realizá-las, bosques dos temores, tremores, desesperos do tal-aqui-agora, a empáfia da cor-agem em romper as verborréias das hipocrisias e falsidades...
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E o rio bebia a floresta!...
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A aparição do anticristo, a notícia de que o fim do mundo se aproxima a passos largos, conflitos asiáticos, orientais e ocidentais, guerras biológicas mundiais podem assumir significado simbólico válido para a razão e esse fim do mundo, representado como
um acontecimento imprevisível.
A razão é ilógica,
Refazer os seus encalços aos rogos de consentimento
Por aceitar a sua glória, o símbolo máximo dos sucessos,
Ser quem, criando a razão in-versa,
Reverte as sendas do intelecto,
Suplementando os litteris dos sonhos e projetos,
Ver-lhes-emos dos sentimentos
Presentes em todas as instâncias e estâncias do mundo,
A lírica da canção do re-começo
Re-começo de “poesons”,:
Do inverso, as vias dos versos verdadeiros,
Do reverso, os caminhos-roça dos prazeres de sentir
A amplitude de sentimentos comungados originando
Intuições e percepções de outras dimensões da sensibilidade.
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E o rio bebia a floresta!...
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Como se um flamboyant me acenasse,
a-balançando as folhas, as galhas,
brotos de folhas, flamboyant de ampla,
múltipla folhagem e rijo desejo,
vontade, volo, servindo de encosto
E, ainda, sombra para o vagabundo
tirar uma soneca,
peregrino
só letrando aventuras,
só sarrabiscando ritmos de pensares-sentires,
o boêmio
de violão no colo ressonar entre a morte antecipada,
prévia, avant-prémier,
e a eternidade retrógrada: assim está o mundo
frente aos promotores, juízes e advogados,
cientistas des-conectados, intelectuais de plantão,
filósofos estrangeiros nestas instâncias do caos sagrado,
“A comunicação com as coisas é impossível
Por não lhes haverem sido legadas a subjetividade;
A comunicação com as pessoas é impossível,
Porque só lhes fora doada a subjetividade”,
diante de cujos olhares
o homem rasteja, arrasta-se e se abaixa e se rebaixa e se torna
mais vil que cobra ou porco, gambá ou tatu de sepultura.
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E a palavra glorificou a sabedoria que floresce na escuridão, nas trevas, nas mediáveis e mediavélicas dimensões da a-lumiação, sabedoria de brumas noctívagas, proscreveu para longe, distante, de si tudo que é desprezível, mesquinho, medíocre, o que vive disperso suspirando, lamentando-se, e aquele que persevera até as menores vantagens, o obsequiador apressado, que se deita de costas, acomodado e submisso.
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E o rio bebia a floresta!...
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Desejo, insolente e meigo, segurar a balança sobre o mar
de ondas bravas, ondas furiosas;
e escolho, veloso e lisonjeador,
também, um álibi, testemunha, para que a tudo assista, esteja
presente a tudo - tu, jabuticabeira, entre o abacateiro e o jardim
de orquídeas, rosas, a que amo de paixão e delírio, com o seu
tronco áspero, creio ser a idade que vai avançada, e galhas de
folhas verdes e viçosas. Por que travessia vai o hoje a caminho
do vir-a-ser, das coisas futurais, do futuro? Que força descomunal
obriga o alto a descer até o baixo? E o que requer com irreverência
o mais alto - crescer ainda mais, ainda mais, ainda mais...
até sentir que podem representar a metáfora da travessia de
sonhos dentro de perspectivas
Que perspectivam frinchas de passagens ao destino,
Pássaro de fogo passando por entre as estrelas e a lua,
Alumiando inda mais as escuridões de ruas, avenidas,
Assegurando inspirações para os insones, solitários...
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Para os corações sedentos de amor,
Ternura, afeição,
Corações carentes:
A magia e dádiva dos sentimentos
Que só florescem se entregues,
O canteiro de enamoramentos,
Encantamentos e deslumbramentos,
Os prazeres de existir;
Para os corações livres,
A inocência e a liberdade,
o jardim dos deleites na terra.
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E o rio bebia a floresta!...
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Silente surge à beira da floresta uma presa sombria. Céu de estrelas pela noite espiritual. #Rua vazia, escuridão, silêncio#, “Rodovia de nadas a postos para as circunstâncias de itinerários e trajetos, tecendo nas sinuosidades dos caminhos de espectativas de horizontes diferentes, inéditos.
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Se me en-veredo pelas cositas, desemboco-me nas "tais",
e nas tais cositas vou-me fazendo, re-fazendo, tornando
a fazer, vou seguindo a estrada das tais, que não
trans-formam a linguagem e o estilo de estar-no-mundo,
mas trans-literalizaram as experiências e vivências,
tornam-lhes espírito de sonhar a verdade, tornam-lhes alma
de desejar, não o absoluto, isto é quimera, o viver aberto aos
horizontes re-versos da lareira da contingência, das achas
crepitando-se nas chamas do fogo, esse picadeiro mais lindo
e esplendoroso, onde os risos e alegrias permanecem por sempre
- objeto de risadas e gargalhadas dos homens, e admirador da obra
de Gogol, aprendi a representar no picadeiro as graças
de estar-no-mundo, nasci sem razão, prolongo-me à busca do sorriso
nos horizontes de lareira re-versa, clareiras in-versas, abtusas,
fogueiras ad-versas aos fogões de lenhas,
obtusas,
rio de mim mesmo, e morro de alegrias in-versas e trans-versas,
olhando e con-templando o uni-verso de in-finitudes sob a
luz fosforescente das sensações de ser, não-ser...
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Emergir como aparência para os olhos e expor à luz , quer-se de algum modo tornar-se corpóreo. Duplo caminho. Que vai de um mundo da audição ao mundo enigmaticamente aparentado ao drama visual e in-versamente: continuamente levado - e o observador com ele - a re-traduzir em termos da alma e de vida a movimentação do visível e a considerar, noutro ponto de vista, como fenômeno a mais oculta teia da interioridade e a re-vesti-la de aparência corpórea. Toda essa mania estética de escrever e prosar irrompe como uma febre,
dor psicossomática, enxaqueca, avalia-se e remexe-se como se houvesse sido criada para serem desfeitas, nova confusão, novo alvoroço, perquire-se e estremelica-se como se quisesse com empáfia livrar-se dos equívocos e forasteirices.
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E o rio bebia a floresta!...
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Buscava através do aparente o que aparecia, através do disperso o que dispersava, e recolhê-lo no silêncio que dizia a unidade, que vociferava as benesses conquistadas pelo intercâmbio entre si e a solidão. O devir haver-se-ia de constituir-se, como a ponte entre não-ser e ser, o mata-burro de toras de madeira entre o nada de antes de quaisquer nadas e o vazio do existir à frente haver-se-iam de ser outros “passares” rumo às curvas à diante, pássaro de fogo rasgando espaços, asas que esvoaçam a amplitude de visão da língua perquirições e indagações das origens e a continuidade após o final inevitável, acendendo faíscas de pensares- sentires, que posturas e condutas professar com sinceridade e seriedade, só letrando as penas para que o vôo vá além das instâncias do existir no mundo, a estória que alenta a criança para o seu sono.
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A vida é viver todas as coisas. Se não as vivemos, não se viveu, estivemos nas sombras do mundo. Por vezes, a maior angústia é a suprema e divina felicidade. E por vezes, se pensamos nas re-versas lareiras do trilhar-os-caminhos-do-prazer e felicidade, é a maior desgraça, infortúnio... E pensamos que somos os tais, se nos enveredarmos pelas cositas. Achamo-nos, pomos óculos escuros, usamos chapéus, estufamos o peito, olhamos de esguelha para a terra, e nada somos, sonos NINGUÉM.
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E enveredando-me pelas tais, desemboco-me nas cositas, e nos horizontes belos, na beleza dos horizontes, no esplendido de Belo Horizonte, e descubro entre emocionado e saudoso quanto a criar de modo que a vida valha a pena, tirando os óculos escuros do rosto, con-templando à distância, olhos, rumos, agradecidos por estarem no mundo, entre os homens, as coisas e os objetos, aprendendo sensibilizado a caminhada ora nos caminhos floridos de florestas, ora nas estradas de pura poeira, lama, após as chuvas, vendavais..., tragédias.
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E o rio bebia a floresta!...
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Não aguardei que a madura idade me convertesse em flor, essa beleza, em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. Por entre os estatutos da terra e a conjuntura esconjurada dos deuses, caminho. Ao sobrepujar o lugar, a audácia me leva a favorecer o não-ser contra o ser. Ao enaltecer sonhos e esperanças, a honra de esclarecer-lhes engastanhada à dignidade da consciência-estética, leva a repensar os trajetos percorridos a favor de ilusões. Ao dar as mãos aos amigos íntimos, aqueles que falam e professam a língua do vazio multiplicando as visões do que há-de estar escrito nas estrelas per siempre, o orgulho de demonstrar os sons dos fonemas da esperança. Não consentirei que o envelhecer con-verta-me dos pecados e pecadilhos da in-consciência, salve-me das juras e heresias...
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Aparição de sonho, similar e não similar`ao semblante circunspecto e introspectivo e de suas pretendentes, respostas e verdades, aproximam-se em suspenso, expandem-se no desenvolvimento de todo um querer, de delicioso declínio e de um não mais querer, a vida recebe sua mais preciosa sabedoria, prelúdio de nível supremo, em virtude do qual se sabem plenos de prazer, alegria, contentamento, muito além do tempo, tornando-se fecundos e portadores dessa alegria...
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Mostrar com uma boa vontade excelsa, e em todo caso, mais nobre do que antes; tudo o que aparece como sério e necessário, como caminhada rumo a um fim, se for comparada ao caminho que estou a pisar, mesmo que em sonho, se assemelha apenas a fragmentos isolados do todo de uma vivência do qual tornei-me consciente não sem temor, tremor...
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Vida, vida, vida... E Clarice Lispector, escritora das horas em que a vida mostra suas perspectivas de dor e sofrimento, ipsis litteris trans-literalizada de vida, seivada de intuição e percepção dos verbos que re-velam outras águas vivas da sensibilidade, diz que não a precisamos entender, sim vivê-la. E estou vivendo agora as cositas das tais, as tais de cositas, lero-lero de esquisitices e birutices ,
matraca de sarcasmos e indiferenças,
tagarelices de princípios, origens,
comungadas vão desembocar nos horizontes de lareira re-versa, quando sinto e vivo o amor que compreende, vivencia, vive, entende..., se, engastanhadas às quimeras da liberdade que concebe na consciência a orquídea da responsabilidade cumprida, a consciência de que a-colhi no mais recôndito da alma as mensagens do silêncio que assopra nos ouvidos os sons da imperfeição que originou a querença de ser perfeita, creio haver sarapalhado marcas e passos no chão, introspecções de outros sentires-letrares, pensares-palavreares...
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É a rosa da vida o amor, a orquídea de existir e a consciência-estética engastanhadas aos desejos do que é isto é existir são as línguas de todas as plagas ampliando as visões do ser e não-ser - dizendo assim, lugar-comum, mas sentir isso nas profundezas dos quês-da-vida, hum... rum... ou rum... hum..., cositas da vida, vida de cositas, vida de tais cositas...cositas de tais vidas...
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E o rio bebe a floresta...
#RIO DE JANEIRO, 26 DE ABRIL DE 2020, 09:07 a.m.#
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