#NÃO NASCI PARA HABITAR ESTE MUNDO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO SATÍRICO $$$
Epígrafe:
Cavalgo o meu corcel mais selvagem, o que sempre “melhor me ajuda a montá-lo é o meu dardo: são o estribeiro sempre pronto para o meu pé, as esporas para lhe cutucar, incentivá-lo a correr mais rápido"
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Sem a inteligência,
Não se vê o re-verso
Ziguezagueando nos contra-sensos do verso,
A ilusão de ótica
Do in-verso aberto às contra-luzes do silêncio e algazarra,
Sem a intuição, não se con-templa o in-verso,
Delineando os traços da imagem além das retinas e linces;
Não se olha de banda o avesso
Contracenando com o tempo na ampulheta de ponta-cabeça;
Sem a percepção,
Não se visualiza a contramão de vazios,
Antemão de carências, ausências,
A mão única de di-versos, a mão dupla de ad-versos
Símbolos, signos, metáforas da moral e virtudes,
Na rodovia, avenida da integração corvellana
De preceitos e princípios conservadores, preservação
Das estórias da carochinha, discriminações, farsas do poder,
Aparências de conhecimentos e cultura;
Sem a audição aguçada não se ouve as onze badaladas
Do sino da Igreja Matriz furando a cinza assombrada do dia,
As chaminés
Sem a sensibilidade, não se inspiram os verbos do sonho
Interditados nos recônditos do nada e do silêncio;
Sem os sentimentos, não se cria o belo
Que reside nas profundezas psíquicas e almáticas,
Apesar das moléstias e doenças crônicas que as habitam,
Sem o Amor não se constrói o Espírito do Ser,
Entrega, Cáritas;
Sem as emoções, não se artificia a estesia dos ideais
A projectarem luzes e perspectivas da compaixão,
Solidariedade entre etnias e raças, entre éticas e crendices;
Sem as dúvidas, não se vivem as lições da con-tingência,
Não se degusta o sabor da reflexão,
Não se desfrutam os desejos multíplices
Do Ser
E do
Espírito;
Sem as incertezas, a alma se exila nas grutas inóspitas e íngremes,
Dizendo a si mesma que a vida é maravilhosa por ser imprevisível,
O mundo é mágico, mas os rituais ensombram as visões do eterno;
Sem os questionamentos, a cintilância das utopias
Das verdades não foi concebida, gerada, dada a luz;
Sem as náuseas do absoluto, do divino,
A liberdade não se identifica, não se re-vela;
Sem as dialécticas da solidão e do medo, silêncio e cor-agem,
Nada há que consolide o pensamento e o mundo,
Sem as contravenções das leis e regras de condutas, posturas,
Obediência pia às etiquetas do servo,
Nada há que explicite fazer o destino,
Sem o nada, a vida é perfeita,
São puros os seus princípios, valores, virtudes,
Por que o Ser e não o Nada?;
Sem o desejo de sabedoria, a vontade de conhecimento, existir é arrastar-se na sarjeta..., muito embora arraste-se na lama das estradas quem professe a sabedoria, o conhecimento, é o digníssimo “nada obtuso” aos olhos do sistema e ideologias, ajuizado louco, desvairado, condenado à miséria e à míngua por toda a sua permanência na terra, sentado na porta da igreja com o pratinho em mão, esperando a compaixão de uma cédula ou moeda para a sobrevivência.
***
Mas o que são a inteligência, a intuição, a percepção, a sensibilidade,
Se os homens se enchafurdaram inteiros na miséria das Religiões, Ciências, Artes obtusas, Políticas avessas à Justiça?
Mas o que são os sentimentos, as emoções, se o coração não sente os Reflexos da espiritualidade que a-nunciam eles?
Mas o que são as dúvidas, incertezas, questionamentos, se não se Discerne o não-ser e o ser, a verdade e a in-verdade?
O que são as náuseas, nada,
Se as razões explicam absurdos e despautérios,
Se as culturas justificam as angústias, tristezas, desolações?
O que são o desejo de sabedoria, a vontade de conhecimento, se a Semente da vida são a alienação, ignorância?
***
Enfastiei-me das línguas modernas, em cujos interstícios habitam, residem, correm todos os discursos lentos, lerdos, verborréias e falácias em-si mesmadas;
Cansei-me das velhas línguas em que "o tempo funde-se na metafísica como cúmplice".
Enojei-me dos retrógrados pensamentos de o Ser se revelar na continuidade das imperfeições, sandices, despautérios, disparates, alienações;
Nauseei-me dos versos e estrofes de Amor que cantam,
Declamam, recitam carências,
Solidões, ausências, forclusions,
As paixões não podem subsistir desde que
Seja eliminado o objeto que as suscita,
Enfeitam-lhe com arrebiques e ornamentos de fantasias, quimeras, Ilusões, sorrelfas,
Ainda mais com aqueles que roubam das flores o néctar para sensibilizar as dores e sofrimentos por sua procura incessante
E nenhum resultado obtêm, zeros à esquerda per siempre;
Entediei-me dos ideais da felicidade, alegria, prazer,
Fundamentados e fundados nas in-vestigações
Medíocres da condição humana;
Exaustei-me de ouvir que a hipocrisia é própria
Das épocas, eras, tempos de fé robusta,
Quando, mesmo havendo a coação para exibir outra fé,
Não se abandona a fé que se tinha;
De sonhar que alguém se dis-põe a ser destino e inexorável,
Seriam o modo e o estilo de comigo vencer,
Da dureza que não quer cintilar, cortar e retalhar,
Seria como um dia comigo criar;
Estafei-me de culpas e arrependimentos por
Responder à categoria o não saber
O porquê dos caminhos tergiversados,
Por não haver compreendido veemente na juventude
Os primitivos imploram à relíquia, saúde e chuva,
Era o ensinamento de a água destruir e criar,
Nesta ambivalência mostra a antítese da vida & morte
Num só elemento;
Subi-me nas tamancas com os sonhos da verdade
Inspirados na insônia da gnose;
Arranquei tufos de cabelo com a fé na ressurreição
- Ressurreição, com a eternidade pura no paraíso celestial;
Cofiei o bigode com a esperança na redenção,
Se o que a fundamenta são os dogmas do bem e do mal;
Proscrevi o mundo, a terra com a hipocrisia, falsidade, farsa,
Condutas de má-fé, algemas e correntes aos princípios, dogmas, Preceitos e leis da sociedade, dos sistemas políticos,
Sociais, individuais, familiares;
Larguei mão de pensar se o “zero à esquerda” não fosse olhado,
Visto de esguelha pela belinda do olho direito,
A atitude de excelência é ver o zero zerado,
E não pensar o pensamento que o pensa,
Nada há nele que a-nuncie qualquer valor.
***
Cavalgo o meu corcel mais selvagem, o que sempre “melhor me ajuda a montá-lo é o meu dardo: é o estribeiro sempre pronto para o meu pé, as esporas para lhe cutucar, inventivar-lhe a correr mais rápido. "
#RIO DE JANEIRO(RJ), 25
DE SETEMBRO DE 2020, 04:51 a.m.#
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