#NOVES FORA AS MULAS NO MATA BURRO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA ***
Ilusões perfazendo dimensões con-tingentes
Angústias e náuseas perpétuas,
Tristezas e fracassos,
Desconsolos e frustrações gerundiais do infinitivo,
Do partícipio, equivocos e erros inesquecíveis
Pelas consequências e traços deixados
Que sarapalham sombras e luzes
Ao longo do deserto sem ad-jacências e oásis,
Sem peregrinos, sendeiros a atravessá-lo
À mercê de bússola na corcova de um camelo
Que cenário de excelência, clima de reflexão, meditação,
Thich Nhat Hahn, Dalai Lama verteriam lágrimas
Assistindo a esta cena numa película cinematográfica,
De que é capaz um indivíduo que se entrega a um sonho!
A força da mente... A vida entregue a percorrer o deserto.
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Nos templos, o povo veste-se de branco. O sacerdote traja vestimenta de diversas cores, surpreendente pela sua forma e confecção, ainda que o tecido não seja em nada refinado. Não tem filetes de ouro e nem pedrarias, mas é composta de variadas cores com tanta arte e gosto que o mais rico paramento não se igualaria a esse maravilhoso trabalho. Penas e plumas, distribuídas em arranjos nas vestes sacerdotais, simbolizam mistério da religião... E assim caminham os mistérios e mais mistérios. Acúmulo de mistérios não é divinitude e nem sabedoria.
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Fica mal com Deus quem não alça vôo nas asas do condor de esperanças, real-izando os clímaces voláteis do gozo da estirpe, da ejaculação da raça. Quem não trans-eleva a fé no divino eterno aos auspícios da liberdade que exala suas nuanças de desejos de compl-etude com os termos acessórios do nada e efêmero, integrantes do absurdo e nonsense, como o pássaro de fogo que choca os ovos das chamas perenes a aquecerem o inverno das espécies susceptíveis às caliências do nunca antes de quais jamais, carências do sempre antes de quaisquer pretéritos perfeitos ou imperfeitos. Quem dá com a cara na porta do céu, pensou que iria enganar com as falácias dos dogmas e preceitos são para a salvação da alma, símbolo máximo da misericórdia de Deus, doou preceitos e dogmas para o homem atingir o reino do céu, nem era preciso o Juízo Final, aberta a porta, só entrar, então decide armar cabana à margem do céu... purgará por sua insolência e irreverência de enganar as pessoas, este crime é inafiançável... fica mal com Deus!
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Fica mal com a vida na sua vocação de ser o perpétuo perfeito, inda que tardio o perfeito, inda que in-ec-sistentes as ruminâncias de ouro e risos a satirizarem com veemência e re-verência o surrealismo das laias côncavas e convexas das viperinidades da natureza humana, quando o perfeito desde a eternidade encontra-se refestelando-se às margens sinuosas do cócito inaudito de vozes que permeiam a noite de lua cheia e centenas de estrelas cadentes, ninguém tem qualquer pedigree para dizer coisas acerca desta questão. Quem cala consente. Compreensível e inteligível.
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Pelo meu caminho vou, vou como quem pisa com toda delicadeza e acuidade os ovos da "garnisé", grávidos de réquiens para as ipseidades do pretérito iluminando as trevas e sombras da terra do bem-virá. Vou como quem saltita nas brasas de lenhas da lareira, do fogão, incandescendo a sola dos pés para sentir o prazer e volúpia das estradas na jornada sem limites, fronteiras, obstáculos, enfim sem o instante-limite do zero a prenunciar o "um" dos solilóquios e colóquios da aritmética dos "noves fora um". Aritmética de grandeza ininteligível. A linguagem é condenada pelos princípios, o estilo é indecente pelas lógicas, a metafísica retrógrada aos olhos da pós-modernidade, a metalinguística precoce para os homens compreenderem e viverem no quotidiano das coisas, mas antes sendo do que dar com as mulas no mata-burro, com os jegues no abismo. Não concretizar a intenção tida está fora de qualquer troca de dedos de prosa.
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Ruminâncias de ouro e riso. Gritos antigos de arco-iris e lágrimas. Vociferâncias de coriscos e lábios eminentemente fechados, por vezes olhos frios e apagados de qualquer visão turva e nula do beco sem saída, ladeado de terrenos baldios, cercados com cerca de arame farpado, separação de propriedades, por vezes olhares calientes e faiscantes de todas as visões cristalinas e tran-parentes das othon alamedas, em cujos canteiros brilham palmeiras, em cujas frinchas das alturas não cantam sabiás, que no longínquo e distante espaço ao longo desemboca no limite que inicia o
tao do ser que,
nas entre-linhas do vervo,
solsticia os sujeitos da alma,
nos inter-ditos dos temas e temáticas
crepusculam os crep-interstícios do vazio
nas eterminâncias ad-versas de re-versos e in-versos
às caval-itidades do abismo sonhando o vazio,
o vazio perscrutando a resenha do efêmero,
o efêmero evangelizando o anti-cristo das plen-itudes,
a dúvida sinopsiando
as controvérsias da razão e do sensível
de sagas e sinas
dos sonhos e frustrações ao longo do tempo.
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O pretérito há de ser, será o que jamais existiu, existe ou existirá no tempo sorrélfico das ilusões, o sino da igreja badalando às duas e meia da tarde. Talvez alguém de suma importância nas instâncias clérigas haja acenado adeus ao mundo, a comunidade precisa saber, render-lhe os tributos merecidos e imerecidos, é dever dos fiéis. Três dias de luto, muitas missas, rezas a deus-dará. Não se discernindo se se está numa missa de corpo presente do falecido bispo ou se num encontro da nata fina da sociedade, pela mostragem das vestes e seus acessórios.
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Fica mal com as memórias da contingência quem não re-colhe e a-colhe, acolhendo o re-colher, re-colhendo o a-colher o desvario da alma que se arrasta
nas linhas de luzes
antes da cortina do palco catártico dos idílios de óperas, sinfonias, tragédias opusculares do nonsense
se mostrarem com evidência e nitidez.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 02 DE SETEMBRO DE 2020, 09:35 a.m.#
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