#EXISTÊNCIA CATILINÁRIA# GRAÇA FONTIS: PROSA Manoel Ferreira Neto: POEMA ----
Centelhas
Raízes profundas entre-laçadas
Ventos sopram folhas secas
Enxurradas levam os dejectos das ruas,
Princípios, preâmbulos, o mundo e os ecos,
O pensamento e os rogos, ruminâncias do Ser.
Dilúvios, tempestades nos recônditos da alma.
Que ser há-de anunciar sons sublimes?
Que ser há-de re-velar visões transparentes?
Que saber há-de consolidar tais contingências,
Se não há olhares e visões para elencá-las
Se os homens rastejam nas sarjetas de suas hipocrisias?
Que conhecimentos há-de estabelecer,
Se não há inteligências, sensibilidades
Para compreender o homem é vocacionado a afazeres,
Doenças do subterrâneo que lhe residem
Tornam-lhe servidor das gratuidades,
Capacho da viperinidade
Da educação e do ensino de pedras que rolam criam limo.
---
Nada, vazio, absurdo
A face, refletida no tempo, circunstâncias
Vistas sob uma sombra de fogueiras no anoitecer,
Olvidadas, negligenciadas,
Não se lhes reconhecem os traços,
Não se lhes sabem as marcas do tempo,
As cicatrizes da alma ao longo das dores.
---
Elos indecifráveis eclipsados nas tristezas,
Apocalipsiados nas náuseas e angústias,
Indizíveis, talvez não verbalizadas, con-sentidas,
Aceites, vividas como sina, saga, destino,
Deixadas aos ventos, aos silêncios
Que vagueiam, vagabundam, perambulam selvas.
Que atordoamento vazio me esfalfa na mente
À janela de uma sala de aula de terceiro ano de grupo,
Olhando prédio de dois andares sendo construído,
As trevas de longos anos de Ditadura iniciando,
A professora indicando o aluno que vai ler, de pé,
A estória de Rapunzel à sacada de seu lar
Penteando os longos cabelos?
---
Chamejantes artitícios de idéias
Perquirem-me dentro:
"Que intenções perpassam-lhes?",
Estilhaços de possibilidades de resposta,
Ilusões por demais insondáveis,
Mistério que toca os Mistérios do Mundo,
Inefável chama do inaudito na alma,
Inovadores do espírito, coisas íntimas da alma
Tem na fronte,
Por átimo de tempo, a nítida e nula,
Fatídica marca da chândala,
Não por desejar mostrarem-se assim,
Sentem sabiamente o abismo terrível, o vazio inestimável
Separa-os de tudo o que é tradicional e venerado,
Isola-os de todas as coisas que constroem o Existir,
Exila-os de todas as inspirações e desejos de sentir a Vida,
Mas as algemas e correntes ao Poder prendem-lhes,
Custe o que custar, há-de defender-lhes,
Garantem-lhes a sobrevivência,
Saciam-lhes a fome e a sede.
---
O gênio, genialmente, conhece
Como residência, estágio no seu desenvolvimento,
A "Existência Catilinária",
Sentimento de vingança, insolência, rebeldia,
Irreverência, lâmina que ceifa as ervas daninhas,
Revolta contra tudo que já é, o famosíssimo
Poste de cimento armado, o Em-si categórico,
Que não mais se torna,
As trevas da morte...
----
A sabedoria ilumina os passos nesta treva,
Sabedoria artificiada com as experiências do Existir,
Não com os ensinamentos
Dos Mestres das Corvellanas Honras e Dignidades,
Adquirida, assimilada nas sendas do mundo,
Contingências,
Outro estilo e linguagem de sonhar, desejar
A sabedoria de tecer o crochet das Virtudes e Valores,
Tempestade há-de cair arduamente,
E noutras paragens do tempo, acha de lenha
Na lareira para aquecer os saberes, sabedorias
Que direcionaram as esperanças da Alma.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 14 DE SETEMBRO DE 2020, 08:57 a.m.#
Comentários
Postar um comentário