MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO ANALISA O TEXTO /**E A EXISTÊNCIA...**/, DA ESCRITORA, POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Ana Júlia Machado




Instantes há em que o sumo desejo é colocarmo-nos frente a frente, sabermo-nos. São as nossas in-vestigações, os vestígios que se foram acumulando ao longo de nossa existência. Dores, sofrimentos, dificuldades, frustrações, fracassos, as alegrias, satisfações, ditas, realizações, conquistas, desejos, vontades, tudo isso são objetos de nossa investigação. Tramóias, trafulhas, jogos não contribuem em nada para tecer as veredas de nossa existência em todos os âmbitos, carece fundamentalmente da verdade, termos cor-agem, dignidade, honra da verdade. A máxima deste empreendimento é: "In-vestigue-se com a sua verdade em mãos".


A escritora, poetisa, crítica literária Ana Júlia Machado nessa obra específica "E A EXISTÊNCIA..." põe a mão na massa, envereda-se pelos vestígios da existência cuja intenção primordial é responder a diversos questionamentos que fora tecendo, as suas consequências, tristezas, desolações, angústias... Não uma investigação de quem não tem consciência de seu histórico existencial, antes o contrário, cônscia está de todos os caminhos por onde caminhou.


Conforme o Existencialistas, especialmente Jean-Paul Sartre, é o homem o único responsável por si próprio. E, tomando esta máxima de seu pensamento, a escritora envereda-se em sua investigação tendo em mãos um questionamento: Sou a responsável por todo o histórico de minha existência? Isto para resolver ou mesmo concluir com tudo o que desgasta, aniquila, causa sofrimento intenso. Tantos participaram deste sofrimento, desgaste, família, íntimos, amigos. Apesar das participações, de que tem lídima consciência, e por esta razão não tem qualquer intenção de atribuir culpas, responsabilidade, falta de amor e reconhecimento por parte delas. Atribuir-lhes tais coisas em nada vai concluir. Onde ela se desperdiçou? Onde desordenou a sua rotina? Onde pungiu o paraíso para o érebo do espírito? A investigação não é exterior, sim interior. Trata-se de um mergulho abissal, abismal em si mesma. Olha-se ao espelho fixamente sem querer perder a mínima coisa que se lhe apresenta. O seu desejo é a Iluminação. A cada palavra deste testemunho existencial sente-se com clareza e evidência toda a existência passando-lhe frente aos olhos, acontecimentos, emoções, sentimentos, insatisfação com os acontecimentos, sente-se a verdade que lhe habita. A verdade existe, está cônscia. Sabe de si. Mas, diante de todo o seu conhecimento, saber, não seria uma investigação eideticamente sincera e honesta, se não compreendesse e entendesse, convivesse com outra verdade: estar no mundo significa estar sujeito a todas as coisas, sem exceção, a vida é um des-afio contínuo, saber isto é já um princípio de transformação, mudança, ser outro. E para consumar esta consciência mister ser presente na existência, enfrentá-la lucidamente na roda-viva que ela é. Mas é deste modo que ela vai achar do lugar de além a Luminosidade de que carece.


Quaisquer verdades são fáceis de aceitá-las, admiti-las, consenti-las, mas a verdade íntima, particular carece de coragem, dignidade, honra para não haver fugas, omissões, sublimações. A verdade íntima carece do Verbo do Ser. E a escritora, poetisa e crítica literária revela magnanimamente este Verbo de seu Ser, o Desejo da Verdade.


Tenho eu ciência de que com este Testemunho Existencial Ana Júlia Machado sentiu a Luminosidade de sua Existência, agora cumprindo-lhe a responsabilidade de construí-la passo a passo.


Manoel Ferreira Neto


#E a existência…#


E a Existência se frui ostentando-me assim... Anseios sem concretizar.


Quimeras fraturadas...opressões com temores, inquietações, obcecações, mágoas... E que sofrimentos do espírito, do reentrante do meu ente, e permaneço assim sofrendo, desde que possuo reminiscência de ser pessoa


Como um querubim prostrado, ela me mimoseou assim, e tantas, tantas ocasiões, avalio-me, sempre, sem eleições, rotas, ou resoluções saudáveis, sem pujanças, bravura, para resolver, ou mesmo concluir com tudo aquilo que me desgasta, aniquila-me, que causa sofrimento internamente.


Nostalgia de criaturas que foram minha gente, e já são, foi-me repentina, extirpada de mim, despedaçando meu espírito, no ser, e gente que é, minha gente, mas que me causa amargar, desvanecer e remorso...


Manifesta, manifestamente, cuido que haveria de ser assim, desde catraia, sofrer assim, porque se exibe-me que cada vereda minha somente eu o edifico, só eu o circunscrevo, e se sou inocente prostrado, interrogo-me, constantemente, onde desperdicei-me, onde desordenei a minha rotina, onde pungi o paraíso para o érebo do espírito.
Porque elegi este curso preto, azul-escuro, pardacento, porque as pigmentações pitorescas no exterior de mim, não me esquentam, não me facultam confiança, não me amparam?


E porque analiso-me, sem raias, sem admissões para atravessar, para desfechar e achar do lugar de além a Luminosidade de que tanto careço. e que tanto hei diligenciado !


E porque a Existência exibe-se assim... Diariamente, instante a instante, vou, como ela pretende, girando-a como que impelida para mais uma data.


Porfio na demanda ininterrupta, eternamente, de descobrir a Luminosidade de que tanto careço, no âmago careço para ser outra vez, um querubim de Luminosidade!


Ana Júlia Machado


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