#AFORISMO 450/PRET-ÉRITOS DE... RETROS DO OLHAR # - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Pret-éritos de vazios ensimesmando de sombras o
in-audito da alma, in-cognoscível das dimensões sensíveis, ondas de carinho
fenecido, frio de mares de sonho, brisas de paisagens presumíveis para a
angústia excessiva, fluxo e re-fluxo de bruma, quando a lua bafeja.
Pret-éritos de nonadas envelando de perspectivas as
paisagens, panoramas, o crepúsculo sereno, suave de sensações, o entardecer
enigmático, misterioso das a-nunciações que se concebem nos inter-ditos da
in-consciência da travessia da noite ao alvorecer, passagem do onírico à
vigília, quando a razão de ser da vida realiza em si toda a humanidade de todos
os momentos.
Pret-éritos de nada obscurecendo de angústias e
náuseas as visões trans-cendentes e abstratas das idéias e ideais que formam no
espírito e no coração miríades de liberdade, lâminas de criatividade, gumes de
saber e consciência, série de contas-entes ligadas por um fio memória, onde
artificio estradas e atalhos as ilusões e fantasias à soleira final da alma
menos minhas.
Pret-éritos de tempo que o tempo não olvida
ponteando as dialécticas e contradições de in-vestigações e perquirições da
verdade nas trilhas sinuosas, tortas, compondo de utopias a liberdade de
re-fazer a única esperança que se patenteou, o derradeiro sido que a metafísica
sem ideal e esperança fundou a aventura difusa de falso céu desfeito.
Pret-éritos de náuseas que, sentidas nos
interstícios recônditos da alma desvairada, enlouquecida, em efusivo devaneio,
contundente perdição, revelam mistérios místicos e míticos da querença do
silêncio e da solidão, quando no fundo do espírito o "ser" se supõe,
quando nas bordas da in-consciência o vento sibila os desejos da existência
ec-sistida de percalços, as procelas no seu furor.
Pret-éritos de medos da entrega ao verbo do que é,
e nada conceitua, define, esclarece, o incognoscível do ser atravessa os
tempos, nas dimensões milenares, seculares, o in-audito pervaga as cavernas e
grutas, o inter-dito perambula pelos lotes vagos, becos sem saída, o in-visível
perscruta pelo vento e pelo veneno querendo o sim e o não, pelo fogo dos
vertentes desafiando a poesia das chamas que iluminam a cor-agem de velar a
visões da eternidade que é oca por fora e por dentro.
Pret-éritos de palavras lácias que ligam os olhos,
os ouvidos, que comungam a alma, o espírito, a fonte do desejo, o útero da
vida, o cerne daqueles momentos e instantes em que a inspiração se mostra, o
eidos das trilhas que ficam para trás, que se projectam ao futuro, suspiro e
respiração dos caminhos que mudam com o tempo...
Pret-éritos que perturbam e motivam sempre a
tentativa de descobrir o que é o Tempo, o Ser, o Vento, quem somos e quem é o
outro.
(**RIO DE JANEIRO**, 08 DE DEZEMBRO DE 2017)
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