FENOMENOLOGIA DA SOLIDÃO - ESBOÇO DE UMA LEITURA DO POEMA /**PULCRA ESCURIDÃO** DA POETISA E ESCRITORA Ana Júlia Machado GRAÇA FONTIS: PINTURA
"Portinha do contemplar re-côndito".
Bela, belíssima Fenomenologia da Solidão. Por vezes confunde-se a
"descrição literária" com a "descrição fenomenológica",
esta é a mais difícil descrição, pois o mergulho é nos recônditos da alma, sem
dar voltas nas bordas subjetivas. Neste poema, a poetisa Ana Júlia Machado
descreve fenomenologicamente a Solidão, con-templando os recônditos da alma,
buscando o Ser, desejando-lhe. Assim, nesta de excelência "Fenomenologia
da Solidão", é na Solidão, que significa "meditação",
"reflexão", que se re-vela o Ser, então des-velando o Silêncio,
quando a "angélia desponta". Que imagística para o delinear o
sentimento da solidão no âmago do ser, na passagem o desvelar o Silêncio, no
alvorecer dos verbos e dos sonhos!..., o que mostra e de-monstra os movimentos
da sensibilidade e da inspiração, da visão-de-mundo e da condição humana. Na
Literatura Portuguesa o grande mestre romancista da descrição fenomenológica da
Solidão é Virgílio Ferreira, em toda a sua obra, especialmente ALEGRIA BREVE. A
eidética fenomenológica da Solidão na obra de Virgílio é o Nada, e a eidética
fenomenológica da Solidão neste poema da poetisa Ana Júlia Machado é o
Espírito, que muito bem está re-presentado na "água", sendo a
"água" símbolo, signo, metáfora da Travessia da Solidão ao Espírito,
ao Ser.
Beijinhos, Amiga querida!!!
Manoel Ferreira Neto
Pulcra escuridão
À claridade de um dilúculo dubitativo
Tomba a escuridão a congeminar
Em seus esplendores
Afadigada e infeliz permanece solitária
Dubitativa expectativa que lhe lateja na alma
Será que o isolamento possui comiseração’
Que pulcra escuridão possui
Este satélite natural da terra
Que gera da escuridão parceria
Portinha do contemplar recôndito
Vigia a bela escuridão que possui o satélite
Na amenidade do ambiente, que na água
Se observa em idealizados deleites
Para onde foram seus ilegítimos namoros
Quando a angélia despontava….
Ana Júlia Machado
Comentários
Postar um comentário