Ana Júlia Machado ESCRITORA E POETISA COMENTA E ANALISA O AFORISMO 227 /**NADA DE CHOCANTE NO ERRO GRAMATICAL**/

Ao aforismo do autor Manoel Ferreira Neto, nada de chocante no erro gramatical… pois, o que é chocante… nada… as pessoas conseguem a reputação seja de que modo for… com tanta besteira que se lê e vê…o erro gramatical até passa a ser divertido e até real… uma coisa repetida converte-se em verdadeiro para muitos e dá fama pelo grotesco… pois o politicamente correto apenas já é somente para os anormais, para mim os inteligentes que não alcançam a fama é porque não caem no ridículo… os que pensam ser gente e bons não sabem o que é o sofrimento, solidão, o belo… enfim nada sabem. Mas é bom que alguém surja aqui e aponte o dedo na ferida…. a porcaria que anda por aqui já fede..

E para este aforismo vou cair igualmente no ridículo e verbalizo-lhe que:

Desejo um escrito… que goteje verbos sem sentido

Um escrito que enuncie a indelicadeza

Do Desguarnecido

Um escrito escassamente que oponha à lógica e razão

Que declare toda carência de significação

Desejo um escrito que falseie

A Imortalidade

Que pressagie a Precisão

Sem Redenção

Quero um escrito superior ao planeta

Que entoe a escuridão – rincão das trevas

Que apregoe a existência

Prenha do fenecimento!

Que entoe o bem-querer – culto dos cândidos

Desejo um escrito que silencie

No sofrimento

E como verbaliza e muito bem o escritor, o Futuro não existe, existiu o agora de depois, depois ninharia é, agora é a estância habitada pelos protagonistas e pelos íntegros depois da extinção, da imensidão que fantasia a beira-mar de beatas limpando o diferente adejo para o indeterminado das minudências da parte de lá. Mas uma afirmação destas é somente coisa de doutos….

Ana Júlia Machado

Por mais inconsciente que a pessoa seja de suas gafes gramaticais, de seus absurdos com a Língua, creio que, lendo o escrito por ela, sente-se incomodada, intui os disparates, mas ela tem sempre os seus cúmplices, álibis que aplaudem, vangloriam. Aristóteles estava coberto de razão quando afirmara "os iguais se conhecem": quem vangloria os despautérios é porque também comete os seus.

A coisa gramatical, sintática, linguística aqui está preta. Mas há uma verdade: os despautérios passam, mesmo que delonguem, o senso fica.

Beijos, amiga

Manoel Ferreira Neto

#AFORISMO 227/NADA DE CHOCANTE NO ERRO GRAMATICAL#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: AFORISMO

Cosmos de pretéritos. Forclusions de subjuntivos inspirados no gerúndio, participando com abstratos do porvir. Cenário. Performance. Teatro do alvorecer de amanhã à luz de hoje, hoje de cobrir de amor e paixão as poeiras do uni-verso.

Ter a possibilidade de escolher o que seria, quiçá a liberdade de uma incredulidade tranquila, chegar a tomar consciência misturada à altivez de uma solidão já quase perfeita. Não quero formar a vida porque a existência já existe. Existe como um chão onde avançaste tu, onde avança você, onde todos avançaremos. A veracidade da consciência não é verossímil. Se descobrirem, podem obrigá-la a se tornar obtusa. O perigo não é para a consciência, ela não se tornaria obtusa. A vantagem é que a consciência se refaz a cada instante. Quantos há que, depois de haver tomado parte da corrida ofegante e desenfreada da ciência atual, chegarão a conservar o olhar tranquilo e corajoso do homem civilizado que luta, esse olhar que condena essa corrida como um fator de barbárie?

Mosaico de palavras sem alma regulamentadas por uma sintaxe; isso para não dizer nada a respeito do português de quintal - nada de chocante no erro gramatical, ao contrário, ele o saúda como um oásis repleto de encantos no deserto ácido do português quotidiano. Quando tudo o que é monótono, gasto, sem força, vulgar é aceite como regra, o que é mau e corrompido é aceito como exceção encantadora, então tudo o que é vigoroso, nobre e belo cai em descrédito

Amanhã não houve, houve o hoje de amanhã, amanhã nada é, hoje é o elísio do mar que sonha a praia de gaivotas ciscando o novo voo para o in-fin-itivo das miudezas do além.

(**RIO DE JANEIRO**, 02 DE OUTUBRO DE 2017)