#AFORISMO 246/TODAS AS TEMPLORÂNCIAS SERÃO TESTEMUNHAS DE VOSSAS ETERN-ITUDES E ETERN-IDADES# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Deixai viver o esquecimento!
Deixai florar na floração do espírito as ausências da solidão, do silêncio!
Deixai des-abrochar a rosa negra no lote vago das posturas e condutas éticas, no nada de baldio no terreno da alma, exalar seu perfume fúnebre!
Deixai pres-ent-ificarem-se a insônia, as á-gonias do etéreo, as fissuras do cinéreo!
Deixai re-velarem-se as bipolaridades, as depressões, as trevas mais obscuras da condição humana!
Deixai mostrarem-se as maledicências, as indecências, as imoralidades e amoralidades!
Deixai transparecerem-se as arbitrariedades, gratuidades, o inferno dos instintos!
Deixai, mesmo à vista de linces obtusos, as vergonhas das idéias e ideais, os pudicismos dos desejos e vontades do prazer!
Deixai flanarem no orvalho da madrugada as faltas de brio, o não-ser das etiquetas!
Deixai jornadear pelos bosques, orlas marítimas, florestas, oceanos, ilhas, as ignorâncias e analfas de castidade e probidade!
Deixai pere-{ne}-grinar no deserto inóspito as hipocrisias, simulações, fingimentos, nos chapadões fenecidos de natureza as in-verdades!
Deixai peregrinar nas sarjetas, bocas de lobo, lixões, as indignidades, des-honestidades!
Deixai de-correr, per-correr os caminhos da roça os pitis, mazelas, escândalos baratos e ridículos!
Deixai às glórias do tempo e do vento o sabor das derrotas, frustrações, fracassos, decepções!
Deixai as rimas mais que pobres, paupérrimas e hilárias de tanto, vers-ificarem, vers-ejarem as carências, desolações!
Deixai as breguices musicais serem ritmos e melodias da fuga do senso, escapadela da razão, subterfúgio da consciência e liberdade!
Deixai o caráter, personalidade corrupto e bandido serem a luz da animalidade con-tingencial, bestialidade ec-sistencial!
Deixai a alma entupigaitada de podridões resplandecer às luzes da ribalta, aos holofotes do picadeiro!


Assim, no templo da modernidade, da con-temporaneidade, vós sereis os protótipos de homens que vivenciaram até ao cabo o absoluto do tempo, a divin-idade do abismo, todas as templorâncias serão testemunhas de vossas etern-itudes, etern-idades, e por todas as praças públicas de todas as cidades mundiais haverá sempre o vosso busto de mármore e bronze, jamais sereis olvidados!


(**RIO DE JANEIRO**,09 DE OUTUBRO DE 2017)


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