#AFORISMO 235/OH, GRAÇA II# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Ersejará de estrofes métricas e rimadas, lúdicas ser tudo nada senão o
efêmero, ah, que devaneio esplendido, habitado de sentimentos efusivos,
profusivos, quiçá uma a-nunciação imagística de emoções inusitadas, exóticas,
escalafobéticas de sonhos a per-seguir, a entrega de verdade excede as
planícies, picos, colinas, serras ao caminhar adiante, con-templando os
momentos se mostram, acontecem, vão-se as inspirações, ficam o lote vago de
solércias, nada resta, então tudo ser nada a não ser o vazio...
Quanta dor e sofrimento, diante de todas as perdas, frustrações,
decepções, até a consumação do vazio, há-de haverem lágrimas pujantes, qual a
vergonha em vertê-las? Quanta angústia e tristezas, frente aos sonhos, as
esperanças, as utopias, até a consumação do vazio, o olhar aberto a todos os
horizontes, a presença de outras estradas a percorrer, perseguir, desejando e
querendo a luz que numine os subterrâneos da alma, ser mister cunhar moedas de
pingos de água na poça, o som que lumine as utopias de ritmos da doação ao
ritmo do amar e ser livre de amar inda mais, os caminhos são eternos de
longitude - deixar-se-á tão pouco, pouco diante do olhar ao in-finito,
reconhecendo-lhe o in-fin-itivo do Verbo Ser, mas aquela compensação tão
mínima, ao menos busquei mostrar quem me faço, quem me re-faço, quem me
in-vento, quem me re-invento, o testamento ajumentado da verdade no quotidiano
das coisas, dos objetos, dos homens, luzes de mistérios e enigmas, e o prazer
inestimável de tudo ser nada senão o efêmero, por sempre de um lado para outro
no trapézio, a querença do equilíbrio, mas é preciso a entrega para atingir o
outro lado...
Ers-ejará de ritmos musicais de versos, consciência de ser efêmero o
nada senão o tudo, por mais imaginável seja isto, afigura-se seja uma correção
de estilo e linguagem, contudo a consciência de que tudo é efêmero senão o
nada, loucura, desvario, devaneio, estupidez, ridículo, como conceituar estes
pensamentos?, estes estados d´alma e psíquico, a visão e o sentimento
inestimável de alegria, bailar, dançar, arrastar pés, nas sinuosidades dos
ventos e dos silvos do abismo, uma jornada interessantíssima, a luz da
liberdade brilhando por todos os horizonte, cumpre-se-me escolher por onde
trilhar os passos, há de haver o porto onde descansar, repousar, continuar as
buscas e querenças de outras luzes de pensamentos, idéias, utopias, onde
refletir, viver um grande amor, amar eterno e perene, mãos entrelaçadas por
sempre, assim o andar entre as coisas, objetos, homens, aquele érito do
pretérito, musicalizado e contingenciado, antes tudo era sonho, agora, neste
instante é uma realidade, verdade presente em todos os instantes vivenciais e
vivenciários, a cada passado o fundamento do ser-com...
Horizontes e janelas escancarados para os vales e montanhas, aquela
sensação gostosa, deliciosa, de mãos dadas, entrelaçadas com a VIDA, vamos
ambos construindo nossas trilhas; uni-versos e bosques abertos para todos os
portos, isto daria uma canção, uma balada, mas inevitável a melodia da viagem
de músicas agradáveis, primeiras palavras, a cada instante sensações,
sentimentos, emoções desconhecidos, inauditos, interditos se revelando e se
ocultando, o olhar na estrada, seguindo, seguindo, jamais terá fim na vida
quotidiana, sonhos, esperanças, a companheira sonhada, a mulher tão desejada...
Ersejará de melodias a graça de ser tudo efêmero senão a liberdade, o
sonho do verbo amar plena e por sempre, a estrada jamais terá o seu término, é
infinda, como infindos são o sonho, a utopia, a esperança da Verdade, mas
presente a consciência de que a Verdade é efêmera, delonga-se por sempre à
busca de seu Eidos, tudo há de ser criado, re-criado, re-inventado, mas a graça
do sonho e do amor pres-ent-ificando-se a cada passo...
(**RIO DE JANEIRO**, 05 DE OUTUBRO DE 2017)
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