#AFORISMO 225/METAFÍSICAS DE JANEIRO PARA A ORLA MARÍTIMA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Nada de ab-soluto, nada de eterno, seivando de pectivas do ser ou
não-ser as pers re-versas in-versas, ad-versas de abismos e vazios. Nada
adianta fazer as palavras bailarem ao ritmo das buscas e desejos da
compreensão, cumpre con-sentir com a liberdade da id-ent-idade alicerçada,
construída com as contradições do desejo e realização, a leveza do ser se
a-nuncia. Permitir angústias e tristezas, nostalgias e melancolias naufragando
nos ab-surdos do tempo, aceitar a morte sem haver alcançado o eidos das plen-itudes.
Pretéritos de nada. Sonhos molhados de imperfeitas sensações.
Particípios do efêmero. Magia de vida, ontem do caminho adiante. Gerúndio de
vazios. Subjuntivos da liberdade de des-fiar a linha sem limites no uni-verso
das coisinhas vivenciárias e vivenciais. Letras que inscrevem sinais do
vir-a-ser.
Há um velho equívoco sobre o in-fin-itivo do in-finito, e se muitas
conjugações dos verbos nascem desse equívoco, tantos outros perderam o único
instante de nascer apenas por causa de uma susceptibilidade que exige que seja
de mim!, de mim, que se goste, e não dos abismos do tempo. Efusivos sentimentos
transbordam-se, quê esplendor este de conceber o in-fin-itivo do in-finito, de
poucas palavras articuladas, signos, símbolos, metáforas, e o impulso do
nascimento, da luz concentrar-se todo na pequenez da própria coisa rara. O riso
bestial ser tão delicado como é delicada a alegria.
Presente de nonadas e travessias.
Estou que estou com os devaneios - nem sei se diga ser um esplendor ou
miséria. Nada de absoluto. Nada de eterno. Eis a válvula de escape. Cumpre
saber a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem
sentido. Ah, é assim? Pois então guardarei segredo. Quem sabe o mundo também é
sem palavras, e eu pensando estar pronto para dizê-las, expressá-las, dar
sentido aos verbos, dar-lhes vida, conjugar-lhe o in-fin-itivo do in-finito.
Deus é um malandro gozador, adora mangofas, trouxera-me as metafísicas
de janeiro para a orla marítima.
(**RIO DE JANEIRO**, 02 DE JANEIRO DE 2017)
Comentários
Postar um comentário