*TABERNA CONTÍGUA A BORDEL* - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


No mundo que se diz civilizado,
O homem ora se empenha
No achatamento da eternidade,
Quer dizer, no aniquilamento,
Ora no acesso a esse ou aquele Olimpo,
Acabando sempre numa taberna contígua
A um bordel, em companhia
Dos deuses briguentos e de deusas fornicadoras!...


A humanidade ama a narração direita e nutrida,
O estilo regular e fluente, e este memorial
E o meu estilo são como os ébrios,
Guinam à direita e à esquerda,
Andam e param, resmungam, urram,
Ameaçam o céu, escorregam e caem...


Carlos Drummond de Andrade,
Perdoe-me a insolência,
Mas aqui só cabe paráfrase:
"Vá, Manoel, vá ser pária
No mundo dos civilizados..."


(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE MARÇO DE 2017)


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