**OU... OU... - ODE A KIERKEGAARD** - PINTURA: Graça Fontis/PROSA POÉTICA: Manoel Ferreira Neto
Ou as verdades da alma, angustiando, deprimindo, ocasionando desejos
incólumes da morte como salvação ou as in-verdades das atitudes, ações,
proporcionando alegrias, contentamentos superficiais, insossos, nonsenses como
modo, estilo de sentir a presença no mundo. Ou as hipocrisias, dando aquele
arzinho suave e sereno de glórias, importâncias, aquelas sensações e
sentimentos de prazeres inomináveis, climaces indescritíveis ou a dignidade da
id-entidade, tendo de ser re-criada, re-inventada, re-novada, in-ovada, tendo
de ser conquistada a cada átimo de segundo através das nuanças dos sonhos e
esperanças. Ou o silêncio em cujo seio as dimensões do belo e da beleza se
re-velam, as con-tingências do eterno e efêmero se re-vezam à busca da luz do
ser ou a algazarra altissonante das in-decências, imoralidades, ausências de
princípios, falta de sensibilidade e visão-{de}-mundo. Ou a escravidão aos
dogmas e preceitos que amenizam as dúvidas e incertezas, as inseguranças e
medos ou a liberdade que a passos comedidos esclarece e fundamenta o destino a
ser per-seguido, per-corrido, palmilhado. Ou as mentiras da ressurreição,
redenção dos pecados e pecadilhos que dão aquela força, aquela cor-agem de
con-sentir com todas as dores e sofrimentos, obstáculos, dificuldades ou a
determinação de projetar sonhos, esperanças, de lançar ao in-finito os desejos
da plen-itude, saber que é a labuta contínua que satisfaz, mostra o homem por
inteiro, mesmo que as res-postas sejam ínfimas, não hajam quaisquer. Ou o
retros-pecto das origens, in-vestigando os cofres da in-consciência, os
equívocos da razão, os ângulos obtusos da consciência, manifestando outras
veredas através de que a visão das coisas longínquas e distantes são a
possibilidade de superar e suprassumir os limites ou o presente da alienação, o
aqui-e-agora da angústia, tristeza, da perdição. Ou as trevas insofismáveis por
onde andar sem definições do passo seguinte ou criar a luz que ilumine as
estradas por onde caminhar rumo a algum objetivo, luz que necessita ser eivada
de sensibilidade e verdade. Ou o não-ser que re-colhe e a-colhe as
facticidades, ipseidades, as arbitrariedades, gratuidades, e a ec-sistência
insufla-se de mauvaises-foi ou o ser que é sempre busca, desejo, vontade,
esperança, sonho, criação in-interrupta. Ou a cegueira como estilo e linguagem
de perscrutar os abismos da condição ec-sistencial ou a visão pura como
comportamento de ajuizar as mazelas e pitis da humanidade, de julgar as coisas
exteriores. Ou o eros de-turpado, dis-torcido, de-pravado, des-equilibrado,
proporcionando só prazeres, gozos, clímaces, alegrias, contentamentos ou o
conúbio de tesão e entrega de toques sensíveis, suaves, após aquele soninho
profundo, tranquilo, sereno. Ou o in-ferno com as labaredas de fogo
incandescendo as libertinagens e libidinagens que não foram vividas e
vivenciadas no quotidiano da ec-sistência ou o in-verno do mundo, da terra, do
planeta aliciando os desejos e esperanças do outro que habita a alma.
Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: "Qual é a sua preferência?"
(**RIO DE JANEIRO**, 09 DE MARÇO DE 2017)
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