**MISTÉRIOS... - IN "PARTITURAS DO ESPÍRITO" - 01 DE MARÇO DE 2017** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto
Mistérios
da voz
Que
em palavras
Mostra
o âmago
Das
dores e sofrimentos,
A
superfície serena e suave
Das
alegrias e felicidade,
As
bordas do tempo e ventos
Das
desejâncias e querenças...
Mistérios
do olhar
Que
nos linces inquietos de visões
Observa,
perscruta
As
instâncias do ser e não-ser...
Se
na alcova silenciosa,
solitária,
pres-ent-ificada
de minha insônia,
brilhassem
em todos os cantos idéias,
reluzissem
utopias
e
eu as re-colhesse, a-colhesse,
com
elas criasse um tapete longo,
tapete
que conduzisse os carentes da verdade
ao
cimo da montanha
de
onde vislumbrar,
con-templar
o vale de orquídeas brancas,
o
uni-verso,
o
sol,
a
lua,
as
estrelas,
a
natureza,
a
terra,
seguindo
o trajeto
possuídos
de ideais os mais abissais.
Ah,
trans-parente,
visível,
em
verdejante adolescência
onde
tudo era puro sonhar,
a
vida futural
seriam
alegrias,
prazeres,
êxtases,
não
perdia o sono alta madrugada,
punha-me
a pensar
nas
intempéries da con-ting-ência,
nas
dores e sofrimentos,
nas
tristezas,
angústias,
na
insatisfação,
no
mundo não haver qualquer verdade,
dormia
tranquilo,
sereno
a noite inteira,
e,
pela
manhã,
alvorecendo-me,
abria
as janelas do quarto,
deixava
os raios de sol adentrarem,
colocava
um disco de vinil na eletrola,
alto
volume,
ia
tomar o banho matutino,
cantando
desafinado com o cantor,
o
café da manhã,
tudo
era tão simples, tão mágico.
A
vida dava pé,
não
corria qualquer perigo,
ameaça
de afogar-me nela.
Mistérios
da
luz que cintila nas trevas,
da
coruja que devaneia cânticos
na
madrugada de apocalipses,
da
ovelha perdida do rebanho
que
deambula nos prados,
da
meia-noite de pirilampos, vagalumes...
(**RIO
DE JANEIRO**, 03 DE MARÇO DE 2017)
Comentários
Postar um comentário