**INFERNO METAFÍSICO DE MEFISTÓFELES** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Mefistófeles, ouvindo líricas,
De-clamadas, re-cicladas de declamações
Létricas trans-bordarem de palavras-sentimentos
Pecados e pecadilhos ad-jacentes às frinchas
Das galhas da Árvore Proibida,
Ao longínquo do esplendor e beleza
Do Paraíso Celestial,
Ri, sorri, gargalha, abanando a cauda
Estendida às pre-fundidades dos abismos e vazios,
Cavernas e nadas, montanhas e nonadas,
De olhos chamejantes, ardentes de chamas,
Visualizando os instintos pré-luzentes,



A alma do mal pre-nunciada de tramoias e hipocrisias,
Pre-figurando de emoções dia-bólicas, dia-lógicas
As linguísticas de chamas ascendendo a lareira
Do não-ser às lenhas das florestas que regam
De sementes enterradas de a-núncios do proscrito,
Herege, nihil,
Rogando à penada alma dizer-lhe a graça
Do autor de tão-nadificados versos e estrofes,
Concebeu no instinto demoníaco horizontes crepitantes
A luzirem a Sonata de Hades dedilhada na harpa
Das in-versas razões, pontilhadas de nonsenses
À contra-luz das bíblicas palavras de cânticos,
Iluminaria os dons e talentos do poeta,
Inteligência e perspicácias do homem
De modo que a natureza paradisíaca das metáforas
Cremando as cinzas milenares da hipocrisia e falsidade
Alimentaria as sementes das almas pre-destinadas
Ao gozo, prazer, clímax des-eterno, des-imortal
A tragarem das chamas infernais o lótus crepuscular
De sombras, escuridões, subterrâneos en-si-mesmados
De nadas, vazios, vácuos, abismos, cavernas
Onde a razão in-versa-re-versa re-veste
O sem-sentido de posturas e condutas
Na seda de malhas mortais e plenamente esquecíveis
De faustos verbos a fecundarem, conceberem
No útero pre-figurado, con-figurado, des-figurado
De luz, promíscuas de raios con-tingências de nonadas
Des-trinçadas de essências, compartilhando o nada-vazio
De silêncios à imagem sem-espelho das pectivas-pers
Dialéticas da metafísica do inferno,
Das pectivas-res metafísicas
Do inferno dialético do ser não-ser
Que se metamorfoseia no ente-ser,
Princípios das des-bíblica de palavras
Que regam de cócitos as águas turvas,
Margeando os rios, córregos, lagos e lagoas
De in-vertidas místicas à luz de nadas mitológicos,
Nonsenses que per-vagam os baldios de almas
Terrenas sem itinerários-sendas, estradas-veredas
Por onde trilhar os becos sem saídas da imanência
Re-fletida de espectros insolentes,
Meiguices pre-figurando vergonhas seculares.



(**RIO DE JANEIRO**, 11 DE MARÇO DE 2017)


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